A 85ª edição da Volta a Portugal terminou e há algo que salta à vista. As lideranças nas categorias individuais foram todas para as ciclistas estrangeiros e só o prólogo foi ganho por um português, Rafael Reis, algo que faz pensar sobre a qualidade de ciclismo nacional e a capacidade de retenção do talento português no país.
No entanto, é preciso destacar que Afonso Eulálio, da ABTF Betão-Feirense, foi durante a maior parte da prova o camisola amarela, de forma algo inesperada, mas merecida depois do segundo lugar na chegada à Torre, na terceira etapa. De certa forma, por alguma inercia de alguns candidatos, como o anterior vencedor Colin Stussi, a camisola amarela manteve-se do lado do português até à penúltima tirada, na Senhora da Graça.
A maior desilusão foi mesmo Maurício Moreira. O uruguaio da Sabgal/Anicolor ainda fez o sexto lugar no prologo, mas acabou por desistir na quarta etapa, na sequência de problemas físicos.
O diretor da formação sediada em Águeda, Ruben Pereira, tinha a esquadra melhor apetrechada, tanto para a geral individual, como as jornadas de contrarrelógio. A partir da desistência do vencedor da Volta em 2022, o russo Artem Nych avançou como aposta principal.
As decisivas duas últimas tiradas mostraram que o ciclista era mesmo a aposta certa para vencer a Grandíssima, já depois de ter ganho de forma isolada na sexta etapa. No alto do Monte Farinha, só Abner Gonzalez foi mais forte, mas Nych tinha melhor tempo na geral e saltou para a liderança da geral individual. No contrarrelógio, nem Rafael Reis conseguiu bater o companheiro e o russo assegurou a segunda vitória na etapa e a camisola amarela final.
O vencedor em 2023, Colin Stussi ainda se mostrou na primeira etapa na chegada ao Observatório, em Miranda do Corvo. O suíço ainda vestiu a amarela até à terceira etapa, mas aí a Torre fez estragos e o melhor que conseguiu foi ficar pelo pódio e assegurar posteriormente o segundo lugar final.
Na montanha, o veterano Luís Angel Maté, da Euskatel-Euskadi, que já esteve em várias edições da Volta a França deu um sinal aos mais novos e conquistou a montanha. Já Tivani deu à Aviludo-Louletano-Concelho Loulé, algo para celebrar na Volta, além da vitória do corredor argentino, na segunda etapa, na chegada a Marvila. Já os bascos da Euskatel-Euskadi celebraram também a liderança final na geral por equipas.
Em 2025, há mais Volta e o diretor da prova, Joaquim Gomes, já anunciou alguns pormenores sobre a mesma, já depois do final da cerimónia de entregas de prémios finais da Volta:
“Viseu é talvez uma das mais representativas câmaras municipais do município na volta a Portugal desde 2013. A octogésima sexta edição da volta a Portugal vai ter início na cidade da Maia, o final em Lisboa e o dia de descanso com o final da etapa na cidade onde estamos hoje em Viseu.”
BnR na Conferência de Imprensa – 10ª Etapa – Contrarrelógio Viseu-Viseu
Bola na Rede (BnR): Há um novo dinamismo até para equipas estrangeiras para participarem na Volta?
Joaquim Gomes (Diretor da Volta): Não posso afirmar isso com uma certeza absoluta, porque o dinamismo que envolve a Volta e as suas diversas vertentes muitas vezes não contribuem para um final tão feliz como aquele que tivemos.
Felizmente que o percurso da volta deste ano, a entrega dos corredores, as opções táticas dos seus diretores produtivos tiveram contribuíram com um fantástico final de volta em Viseu em que até tínhamos 23 corredores com possibilidade de voltar a fazer uma troca de camisola amarela.
BnR: Que Balanço é que faz esta edição da volta a Portugal? Rúben Pereira(Diretor da equipa Sabgal/Anicolol): Foi a minha melhor dos últimos 15 anos.