A Primeira Liga iniciou e com ela a expectativa nas estreias dos três crónicos candidatos ao título no futebol português. Dois deles convenceram e o outro acabou por decepcionar os seus adeptos.
Em Alvalade, o Sporting bateu o Rio Ave e, no mesmo sentido, os Dragões defrontaram o Gil Vicente e também amealharam os três pontos. Já o Benfica foi a Famalicão e foi surpreendido pelos comandados de Armando Envagelista.
Vamos então à análise aos duelos desta 1.ª jornada da Liga:
Sporting 3-1 Rio Ave – Entrada à campeão
O atual campeão nacional abriu as hostilidades da Liga Portuguesa com uma exibição à sua imagem. Autoritários, pressionantes e é por aí que saem os golos, contra um Rio Ave que não soube dar resposta. A equipa de Luís Freire foi errática e frente aos leões, todo o cuidado, é pouco. Aderllan Santos e Jhonatan tiveram uma noite para esquecer.
Foi incrível assistir ao trabalho de Morita e Hjulmand no meio-campo sportinguista. Sabiam sempre onde estar, principalmente na hora de pressionar, sem deixar que houvesse espaço entrelinhas para os vilacondenses, algo que facilitou o trabalho dos colegas e equilibrou a equipa fosse ao nível ofensivo e defensivo. Os centrais, neste requisito, também foram fundamentais, pois conseguiram ser coordenados em relação aos médios.
Por fim, fica a nota positiva para Pote que foi o autor de dois golos, Trincão que, principalmente na segunda parte, deu continuidade no que fez nos seis últimos meses da temporada e, logicamente, Quenda, o menino de apenas 17 está a ser um autêntico “espalha-brasas”. Em tão tenra idade, não esperava que se impusesse no Sporting como está a fazer e isso é de louvar, tanto o jogador que tem essa qualidade e personalidade como o treinador que coloca à disposição as ferramentas necessárias para que o jovem se desenvolva.
Este duelo serviu para deixar bem claro que Geny Catamo sente-se desconfortável como ala esquerdo e tanto a equipa, mas sobretudo o jogador sai a perder nesta alteração.
FC Porto 3-0 Gil Vicente – O primeiro golo desbloqueou o jogo
A “era” de Vítor Bruno começou no dragão frente ao Gil Vicente e de forma risonha para os azuis e brancos. Após a conquista histórica da Supertaça foi altura de focar na primeira jornada da Primeira Liga Portuguesa
À entrada para este jogo surpreendeu o onze lançado pelo novo treinador do FC Porto com Galeno a defesa esquerdo, algo que em Aveiro já tinha corrido bem e voltou a ser uma aposta bem sucedida e apesar de ser notória a falta de algumas bases, do jogador brasileiro, para jogar na posição foi percetível o “porquê” desta escolha. Com Ivan Jaime e Gonçalo Borges por dentro, Martim Fernandes e internacional canarinho ficavam com as alas ao seu dispor.
Ao longo do jogo faltou qualidade individual, em certos momentos, mas fica bem patente as ideias de Vítor Bruno nesta equipa. Foi uma vitória incontestável, onde os azuis e brancos tiveram muita posse de bola, conseguiram encontrar espaços para criar oportunidades e mesmo com o resultado avolumado, nunca desistiram de fazer mais golos e isso é um ponto a favor.
De relembrar que o Gil Vicente é, atualmente, um adversário bastante frágil, tendo em conta a semana conturbada que viveu com a saída, inesperada, de Tozé Marreco.
Famalicão 2-0 Benfica – A paciência com fim à vista
É verdade, um dos três candidatos teria que escorregar, algo que nos últimos anos tem sido recorrente na primeira jornada da Primeira Liga. Os encarnados foram a Famalicão e saíram derrotados de forma categórica por duas bolas a zero.
Faltou tudo ao Benfica. Desde o setor defensivo ao ofensivo, mas principalmente o meio-campo, houve várias falhas que justificam o resultado. Tendo por base um jogo pressionante, Roger Schmidt não pode entrar em campo com João Mário, Barreiro, Florentino e Aursnes, no mesmo onze. Todos eles jogadores de equilíbrio e não de desequilíbrio. O excesso de jogadores no corredor central foi evidente e não teve sucesso.
Ao longo dos 90 minutos foi visível, por diversos momentos, que as águias perfilaram-se num 4-2-4 pondo à prova os seus médios que não conseguiram acompanhar, logicamente, o ritmo do Famalicão que tinha sempre superioridade numérica. À semelhança da época transata, Schmidt não surpreendeu os adeptos e muito menos o adversário.
Do lado do Benfica, o único que aproveitou a oportunidade foi Tomás Araújo que fez uma exibição bastante interessante.
E claro, o mérito famalicense também tem que ser destacado. A estratégia montada por Armando Envagelista, deu frutos e contou com grandes performances individuais, à cabeça Zaydou (jogão), Gustavo Sá, De Haas e Mihaj. A ideia foi atrair a marcação benfiquista e ser objetivo na procura da baliza, fosse com passes em profundidade (o primeiro golo demonstra isso) ou entrelinhas para aproveitar o espaço que se abria atrás de Florentino e Barreiro. Por sinal, e surpreendentemente para os mais distraídos, o meio-campo do Famalicão joga mais que o do Benfica.
Uma primeira jornada onde ficou patente as debilidades que já existiam na temporada passada.