O ouro da casa continua a dar cartas | Santa Clara 0-2 FC Porto

    FC Porto Cabeçalho

    Num terreno tradicionalmente difícil (venceram apenas dois dos últimos quatro jogos em São Miguel), o FC Porto consegui uma importante vitória com os golos de Iván Jaime e Galeno, com Vasco Sousa a rubricar uma excelente exibição. Santa Clara ainda conseguiu provocar calafrios no primeiro tempo, mas acabou por sucumbir com o cartão vermelho a Adriano aos 63 minutos.

    É uma das frases cunhadas neste consulado de Vítor Bruno. Referindo-se à posta nos elementos da formação, muito por vicissitude das questões financeiras, o novo treinador do FC Porto não quis falar em prata da casa, mas sim em ouro da casa. E encontrou mesmo ouro, não só na formação.

    Num onze sem reforços – e com apenas as entradas de Fran Navarro (titular pela segunda vez no FC Porto) e Vasco Sousa para os lugares de Gonçalo Borges e Stephen Eustáquio – os azuis e brancos mostram uma face diferente em relação à era Sérgio Conceição, em duas vertentes.

    Primeiro são ligeiramente mais dominadores, assumem o controlo da partida com posse de bola e procuram encontrar o perigo nas costas dos médios adversários através do posicionamento de Iván Jaime, Vasco Sousa e Danny Namaso, deixando as faixas para os laterais.

    Além disso, Vítor Bruno assume mesmo o cenário da meritocracia, algo não apenas momentâneo, mas que se pode dizer que, até agora, veio para ficar. Primeiro, na Supertaça, contra um Sporting campeão nacional deu prioridade a quem já havia feito a pré-época sob as suas orientações, tendo suprimido os internacionais, que eram, na maioria deles, titularíssimos no ano passado, por jogadores como Martim Fernandes, Marko Grujic, Iván Jaime, Gonçalo Borges ou Danny Namaso, dando a titularidade apenas a um dos internacionais: Diogo Costa.

    Depois, tendo em conta o nível exibicional dos mesmos na Supertaça, operou duas alterações no onze para o jogo com o Gil Vicente: João Mário e Grujic, que estiveram abaixo de todos os outros frente aos leões, foram rendidos por Stephen Eustáquio, que tinha entrado muito bem na Supertaça e até fez uma assistência, e Iván Jaime, que também tinha entrado bem nesse jogo, tendo mesmo feito o golo do título.

    Ora, no encontro frente aos gilistas, foi Eustáquio a estar algo abaixo, assim como Gonçalo Borges, mesmo tendo, este último, fornecido uma assistência. Por isso, para este jogo diante do Santa Clara, esses dois foram substituídos por Vasco Sousa e Fran Navarro, fazendo descair Namaso para a ala.

    Claro que, tal como o próprio Vítor Bruno disse na conferência de imprensa de antevisão a este jogo, não contabiliza apenas o que os jogadores fazem em campo para determinar se os mesmos são titulares. Isto porque também há que analisar o que o jogo pede (antes e durante a partida), a componente tático-estratégica, bem como aquilo que é o rendimento dos diversos jogadores nos treinos ao longo da semana de trabalho.

    Assim sendo, havia também o alerta para o imenso calor (alerta amarelo, inclusive) e a elevada humidade, antes, durante e após o apito inicial. Como seria de esperar, os dragões entraram dominadores, dispuseram de mais bola na fase inicial, mas a circulação lenta e previsível foi presa fácil para a defesa açoriana, que apostou num futebol rápido e vertical para tentar surpreender o adversário, com Gabriel Silva em destaque. Pela velocidade do extremo brasileiro nasceu a primeira grande oportunidade do encontro: condução pela direita, cruzamento para a confusão e Diogo Costa a ser salvador e a afastar a bola em cima da linha de golo. Na recarga, Vinícius cabeceou ao lado.

    No entanto, foi mesmo quando o Santa Clara arriscou um pouco mais e subiu a toada, que o FC Porto aproveitou para ferir. Aos 16 minutos, Nico González recuperou a bola a meio-campo, conduziu para a área, aguentou a carga de Sidney e deixou para Iván Jaime (terceiro golo em três jogos) que, já dentro da área, desferiu um remate forte e cruzado para inaugurar o marcador.

    O tento não mudou o rumo do jogo, com os azuis e brancos a continuarem a pressionar em busca do golo da tranquilidade, que apareceu ainda na primeira metade do primeiro tempo. Alysson cometeu grande penalidade sobre Fran Navarro e, na cobrança, Galeno enganou Gabriel Batista.

    FC Porto jogadores
    Fonte: Rafael Canejo / Bola na Rede

    Na outra baliza, o internacional brasileiro voltou a ser decisivo logo a seguir, ao cortar em cima da linha de golo um lance em que Diogo Costa saiu em falso. Com o 0-2 no marcador, os portistas baixaram um pouco a pressão e os bravos açorianos melhoraram, acercaram-se da área adversária, mas não conseguiram faturar, até porque não efetuaram nenhum remate de perigo.

    Na etapa complementar, os dragões voltaram a entrar melhor, mas a partida entrou numa fase com muitas faltas, com o jogo muito dividido a meio-campo, levando Fábio Veríssimo a distribuir vários cartões amarelos por protestos dos jogadores. À entrada para a última meia-hora, o árbitro de Leiria foi chamado pelo VAR para analisar um pisão de Adriano sobre Alan Varela e, após ver as imagens, expulsou mesmo o médio dos açorianos. Se as aspirações do Santa Clara ainda não estavam mortas, foi neste momento que ficaram.

    A jogar em superioridade numérica e, apesar de já estar a vencer por dois golos de diferença, pensava-se que os portistas fossem controlar o jogo de outra forma e, quiçá, marcar mais golos, mas não foi isso que aconteceu, muito por culpa das alterações na equipa da cidade Invicta.

    Saiu o nuclear Nico e os seus pés decisivos nos golos, além de Vasco Sousa, para Eustáquio e André Franco mostrarem igual intenção em aproximarem-se, ao centro, do raio de ação dos passes de Alan Varela, sempre ele a construir. Havendo receções nas costas dos médios adversários, o FC Porto continuava a ligar a jogada pelo centro.

    Foi bem visível a intenção de ferir por ali o Santa Clara, incapaz, até ao fim, de esticar a corda à equipa no ataque. Apenas Frederico Venâncio teve um remate, na área, após uma barafunda na ressaca de um canto.

    Quis o FC Porto, e parece querer esta época, aproveitar a valia dos que tem – e vão por certo ficar – pelo coração do campo enquanto o suposto recheio central da equipa é desguarnecido.

    O resultado estava, assim, sentenciado e permite ao FC Porto assumir a liderança isolada da Primeira Liga, à condição. O FC Porto descomplicou uma tarde que prometia ser difícil, saiu por cima e deu continuidade ao vitorioso voo.

    Otávio Ataíde Alisson Safira FC Porto Santa Clara
    Fonte: Rafael Canejo / Bola na Rede

    De notar que, esta versão dos dragões de Vítor Bruno mantém, também, a incessante reação à perda de bola do antigamente. O treinador, de 41 anos, quer todos ligados à corrente e a intenção coletiva de pressionar alto nota-se.

    Ainda assim, é preciso aguardar para se perceber como é que o mercado se vai desenrolar até dia 31 de agosto. É conhecida a contenção e a reconstrução a que os saldos das contas portistas obrigam e já se foi Evanilson, mas pode seguir-se Francisco Conceição. Pepê, por enquanto, apenas desempenha um papel começando no banco de suplentes, sobra Galeno, o único a conservar o seu relevo na equipa.

    Posto isto, parece-me necessário contratar um ponta-de-lança com mais provas dadas do que Namaso, Navarro e Toni Martínez, assim como um central destro e, talvez, um lateral esquerdo, uma vez que Zaidu está lesionado e Wendell acaba contrato no final da temporada.

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    Raul Saraiva
    Raul Saraiva
    Jovem entusiasta e curioso, o Raúl tem 18 anos e está prestes a ingressar na Universidade. O seu objetivo é fazer jornalismo, de preferência desportivo, até porque a sua paixão pelo desporto é infindável e inigualável. Desde pequeno que o desporto faz parte da sua vida. Adora ver, falar e escrever sobre futebol, nunca fugindo às táticas envolvidas no mesmo. O desporto-rei é, assim, a sua grande paixão e o seu refúgio para escapulir nos momentos em que a sua grave doença se faz sentir. Ainda assim, também se interessa bastante por NBA, futsal, hóquei em patins, andebol, voleibol e ténis. Acredita que se aprende diariamente e que, por isso, o desporto pode ser diferente. Escreve com acordo ortográfico.