Sexta-feira 13? Ninguém diria | Arouca 0-3 Sporting

    Sporting

    Na Serra da Freita encontraram-se Sporting e Arouca, com montes e penhascos, de um lado, e uma planície suave, deslizante, do outro. Frente a frente, por outras palavras, os pináculos da continuidade e, por oposição, da reconstrução. Uma equipa que joga de olhos fechados, outra que ainda procura fazer o mesmo, mas de olhos abertos, o que, para já, parece ser apenas uma miragem.

    O fim da janela de mercado do Sporting trouxe Maxi Araújo e Conrad Harder e fechou a novela de Ioannidis, que acabou por ficar no Panathinaikos e não reforçou o ataque leonino. Ou seja, a equipa de Rúben Amorim manteve Gonçalo Inácio, Hjulmand e Gyokeres, os três titulares mais atraentes para o mercado estrangeiro, e agarrou o reinício da Primeira Liga na liderança isolada da classificação e com a certeza de que não tinha perdido nenhuma trave-mestra.

    A tudo isto, nos últimos dias, juntou-se o terceiro exercício financeiro positivo do Sporting, o reafirmar consecutivo da cláusula de Gyökeres e até a ideia de que a SAD leonina pode albergar um parceiro estratégico para alavancar outro nível de investimento. Tudo explicado por Frederico Varandas, no Thinking Football Summit da Liga Portugal, onde o presidente dos leões ainda acrescentou que o clube está atualmente num momento a que gostava de ter assistido quando era mais novo.

    Ora, era neste contexto que o Sporting visitava esta sexta-feira o Arouca, a dias do arranque da Liga dos Campeões em Alvalade contra o Arouca e com o objetivo de manter a liderança isolada do Campeonato. Comparativamente ao clássico com o FC Porto, Rúben Amorim não podia contar com Kovacevic por lesão e lançava Franco Israel na baliza e aproveitava para fazer mais poupanças, deixando Diomande, Quaresma, Morita no banco e apostando em Debast, Matheus Reis e Daniel Bragança, com Nuno Santos ao invés de Geny Catamo na ala esquerda. Do outro lado, num Arouca com apenas uma vitória em quatro jornadas, Gonzalo García lançava Morozov enquanto referência ofensiva.

    Assim, relativamente ao jogo, o Arouca x Sporting arrancou com a previsão mais ou menos segura de que o desequilíbrio evidente deixaria mossa bem cedo. Mas o futebol, profícuo em surpresas – encantadoras para uns, fatais para outros – mostra-nos sempre que mesmo quem percebe tanto dele, cedo se apercebe de que a exceção existe mesmo para infringir a regra. E a exceção vestiu-se de Jason, autêntico craque dos lobos, um dos poucos que ainda por ali habita, que, aos 20 segundos, teve a melhor oportunidade de golo do Arouca em toda a partida.

    Quiçá atordoado pela estranha oportunidade que transportava nos pés, o extremo espanhol rematou por cima da baliza de Franco Israel, escolha inicial de Amorim depois da lesão de Kovacevic.

    Indiferente à morte mal anunciada por Jason, Gyokeres rapidamente respondeu na área oposta com um remate. Fraco, à figura, mas um remate. E de Gyokeres, o que deixa sempre qualquer defesa em sentido. Mostrava o Sporting que não havia qualquer nervosismo e muito menos desconfiança da equipa na sua missão, mesmo com as várias alterações lançadas por Rúben Amorim, claramente preocupado com a fadiga acumulada dos internacionais.

    Sempre bastante recuado, não raras vezes com uma linha de cinco defesas, às vezes seis, sempre que os leões tinham a bola, o Arouca foi-se encostando às cordas perante a maior pressão do Sporting. E numa dessas entoadas, o rasgo de Trincão à direita ofereceu-lhe a possibilidade de colocar a bola suavemente bombeada na área, onde já se encontrava Pedro Gonçalves ao persentir o seu quinto golo esta época, quarto na Liga Este leão respira confiança, oh se respira!

    Francisco Trincão fora das escolhas de Roberto Martínez
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Até ao intervalo, só deu Sporting. À boleia da inquietude de Trincão, da esperteza da Pedro Gonçalves e da potência de Gyokeres – o mais apagado da frente até então (felicite-se o ex-FC Porto Mamadou Loum, que não duraria para sempre) – Rúben Amorim tinha motivos para sorrir. E até podia ter tido mais, se Mantl não tivesse brilhado com uma excelente intervenção após um remate de Daniel Bragança.

    A fechar, na sequência de uma bola parada, Gonçalo Inácio teve na cabeça o 2-0, mas uma vez mais o guardião do Arouca segurou o 1-0 como pôde. O Sporting dominava e os 70% de posse de bola eram elucidativos disso mesmo. Mas o marcador registava um frágil 0-1.

    Gonzalo García mexeu logo ao intervalo e fez duas substituições, trocando Ivo Rodrigues e Marozau por Sylla e Alfonso Trezza, tendo este último assumido, desde logo, o primeiro lance de perigo da segunda parte com um remate de fora de área que Franco Israel encaixou. Ainda assim, a lógica do jogo mantinha-se, com o Sporting a ter mais bola e a estar quase sempre inserido no meio-campo do Arouca, mas sem grande capacidade de criar situações de finalização.

    A equipa da casa foi arriscando mais, apostando em transições mais consistentes e formuladas com mais elementos que ainda acreditavam no empate. Contudo, em sentido oposto, o Sporting jogava de forma estratégica e lançava-se em passes longos e contra-ataques — e foi precisamente assim que até chegou ao golo, com Loum a desviar para a própria baliza, mas o lance foi anulado por fora de jogo de Nuno Santos num momento anterior da jogada.

    O segundo golo, porém, apareceu logo depois. Fukui intercetou um cabeceamento de Pedro Gonçalves com a mão na grande área, João Pinheiro foi chamado ao VAR e assinalou grande penalidade, com Gyökeres a converter o penálti para aumentar a vantagem e chegar ao oitavo golo no campeonato. Rúben Amorim mexeu logo depois, trocando Matheus Reis e Nuno Santos por Diomande e Geny Catamo, e voltou a mexer minutos depois para estrear Maxi Araújo e lançar Morita, colocando o reforço na esquerda e Catamo na direita.

    Mas Trincão queria mais. Trincão parece querer sempre mais, sobretudo esta época. Tem sido um dos melhores deste início de temporada, voltou a sê-lo esta noite, mas o seu golo, o terceiro, é uma recompensa por tudo o que faz jogar.

    A bola, essa, só parou quando abraçou as redes de Mantl, já sem rede para evitar o terceiro. Trincão é, assim como este Sporting, no geral, uma espécie de locomotiva elétrica. Silenciosa, rápida e com uma bateria que nunca acaba.

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    Raul Saraiva
    Raul Saraiva
    Jovem entusiasta e curioso, o Raúl tem 18 anos e está prestes a ingressar na Universidade. O seu objetivo é fazer jornalismo, de preferência desportivo, até porque a sua paixão pelo desporto é infindável e inigualável. Desde pequeno que o desporto faz parte da sua vida. Adora ver, falar e escrever sobre futebol, nunca fugindo às táticas envolvidas no mesmo. O desporto-rei é, assim, a sua grande paixão e o seu refúgio para escapulir nos momentos em que a sua grave doença se faz sentir. Ainda assim, também se interessa bastante por NBA, futsal, hóquei em patins, andebol, voleibol e ténis. Acredita que se aprende diariamente e que, por isso, o desporto pode ser diferente. Escreve com acordo ortográfico.