Rui Borges analisou a partida entre o Sporting e o Vitória SC, que levou os leões à conquista da Primeira Liga 2024/25.
Rui Borges marcou presença na sala de imprensa do Estádio José de Alvalade, depois de levar o Sporting à conquista da Primeira Liga. O técnico admitiu que pensou no seu avô após a vitória frente ao Vitória SC:
«Vou ser honesto. Pensei no meu avô. Tenho-o tatuado no braço. Todos os meus avós faleceram e todos em cima orgulhosos do neto. O meu avô Zé Pedro é muito especial para mim. Pensei na minha família, pais, irmãs, mulher, filho. O caminho foi bonito. Nos últimos dias sofreram um bocadinho por tudo, mas mantiveram-se fiéis. Sabem o que é o Rui Borges. Pensei no meu avô e na minha família. O maior troféu é esse orgulho, mais que um troféu físico, dinheiro. É o orgulho e o reconhecimento. Deixo um abraço à minha cidade, vi muita gente não sportinguista a torcer pelo Sporting. Um beijinho para a minha cidade, tenho muito orgulho de ser de Mirandela, do interior. Sou apenas alguém que acreditou num sonho. É difícil parar quem nasceu para vencer na vida. Amanhã se deixasse de ser treinador de futebol era a pessoa mais feliz da vida».
O treinador falou sobre Viktor Gyokeres:
«O Viktor teve a equipa toda a trabalhar atrás dele. Ajudou a equipa. Vai ser dos melhores da história do futebol português, para lá do Sporting. Deu muito ao Sporting, tem dado muito à equipa. Ganhou a equipa Sporting, muito feliz».
Rui Borges assumiu que Ruben Amorim e João Pereira foram importantes:
«O Ruben e o João foram importantes, cada um à sua maneira. São bicampeões. Cheguei depois do João, entrou numa fase difícil e foi injusto para o João. Terá um futuro brilhante. Admiro o Ruben com toda a humildade. Acredito que gostavam de estar aqui a festejar connosco».
O técnico voltou a falar de Viktor Gyokeres:
«O Viktor tem contrato, não vou falar se vai ou não sair. É o melhor avançado da Europa, talvez do mundo. Fico a torcer para que ganhe a Bota de Ouro, trabalha muito, feliz nesse aspeto, o futuro logo se verá. Ainda temos um troféu para ganhar. Desfrutar hoje e focar na Taça. Estes quatro meses pareceram quatro anos. Deixem-me ganhar, desfrutar e aproveitar as férias».
O treinador disse que não houve nenhuma fase mais dura:
«Fase mais dura não existiu. Sou muito positivo, acreditei que seríamos campeões. Fomos capazes de ultrapassar as adversidades. Gosto de ouvir o vosso lado. O Zeno era um mau médio, agora é um grande médio. Os miúdos merecem ser campeões. Felicito aqui a equipa B, muito feliz que tenham voltado à Segunda Liga, por tudo o que fizeram pela B e pelo que ajudaram a A. Deram a resposta e ajudaram-nos a ser bicampeões. O melhor momento foi assinar pelo Sporting. Disse na Taça da Liga que acreditava muito e sou positivo. Algo melhor estava guardado para nós e estava. Mais que ninguém, melhor defesa, melhor ataque. Merecem todo o louvor e ficar marcados na história do Sporting. São inesquecíveis e o futebol é isso, são memórias. Oxalá o Sporting seja mais vezes bicampeão, tricampeão, mas que no futuro olhem para a equipa do Viktor Gyokeres, do rapaz de Mirandela e dos outros rapazes todos».
Rui Borges assumiu que foi o mais normal possível durante a passagem pelo Sporting:
«Fui normal. Entrei com a minha alegria do dia a dia, felicidade de treinar o Sporting e ambição. Com o meu orgulho em cada um deles. Olhava para eles e via grande qualidade individual e coletiva. Era fazê-los acreditar que eram bons. São muito especiais. A minha gratidão vai ser eterna. Sou o mesmo treinador no Sporting que era no Mirandela, caráter, valores, acreditar. Já falei do Esgaio, tem sido importantíssimo na caminhada pelo que dá à equipa, no banco, pelo que obriga. Essa malta é a mais valia do grupo. Tem sido incrível e os adeptos foram importantes, fizeram-nos acreditar que eram incríveis. Se eram campeões era porque tinham valor. Era seguir e acreditar no desejo de todos. Futebol não é só jogar bonito ou sermos os melhores na comunicação. Falaram muito na comunicação e fizeram-me um favor ao pôr o foco em mim e não nos jogadores. Foi muito importante tirar o foco nos jogadores, foram tranquilos para a Luz. Hoje a ansiedade era diferente. Foi só eu e eles acreditaram neles».
Rui Borges falou sobre Ousmane Diomande e Zeno Debast:
«Diomande? Não sei especificar. A festa é tanta que esquecemos. Estava a saltar, acredito que não seja nada grave e o consigamos recuperar para a final da Taça. Debast? Foi fácil, ele é um miúdo cheio de qualidades, gosta de ouvir e aprender. O que dá e acrescenta consegue abafar algumas coisas. Foi importante porque ficámos sem médios e foi muito importante nesse sentido, para dar equilíbrio, vou sempre enaltecer a qualidade e terá um futuro risonho a médio ou central».
O técnico confessou que nunca se esforçou muito nos discursos:
«Não precisei de falar nisso, só na final da Taça da Liga. São especiais e acreditam muito. Não tive de me preocupar no discurso, o espírito que se vive no Sporting é muito diferente. Família e diferenciado. Para já é desfrutar do bicampeonato, foi longo e difícil. Depois da folga pensamos na Taça. Merecem respirar. O Zeno estava morto, o Pote também. Ouvi na bancada para tirar o Pote, azar do caraças marcou o golo. É diferenciado, disse que ia ser importante e foi».
O treinador deixou um agradecimento a vários membros do seu staff:
«Tenho desfrutado o caminho todo. Esta foi a única semana em que estive mais ansioso. Queria que chegasse rápido. De resto desfrutei do caminho e disse isso há bocado. Vencer na vida é olhar para os meus e eles olharem de forma carinhosa. Vim de uma família com muito amor e respeito onde valorizamos tudo. Tenho uma equipa técnica fantástica, digo dois que começaram comigo do primeiro dia. O Zé Pedro, analista, pediu para estagiar para tirar o curso, não percebia de futebol quase nada, só punha cones e é o meu analista, tentou crescer nisso. O Fernando é o meu prof e o número 2, apareceu pela capacidade em termos físicos. Foi crescendo, aprendendo e é o melhor adjunto do mundo. Não tenho palavras pelo que dão ao treinador e fazem-me ser melhor».
Rui Borges indicou que nunca faltou atitude à equipa do Sporting:
««Que nunca falte atitude e isso nunca faltou. Agarraram-se a isso, os adeptos e transportaram de fora para dentro. O derrotas, perdemos só na Liga dos Campeões e na Taça da Liga nos penáltis. Não podia estar mais orgulhoso da minha equipa. O futebol está mais intenso e para quem mais compete. Fomos sempre muito competitivos. Não há nenhum treinador que ganhe sempre. Naquilo que foi o trajeto, não podia pedir mais. Penso que foi o Bruno Lage que disse que não são os troféus que decidem o treinador. Concordo com ele. Nasci para vencer na vida, não troféus e este grupo saiu para nascer na vida».