Os 5 clubes para o Purgatório: Quem tem de se redimir em 2025/26

O fim de uma época desportiva e o começo de uma nova, envolvendo o trabalho na pré-temporada, é um período de reflexão para vários clubes. Na vertente internacional, após a época 2024/25 ter ficado para trás, ficaram não só campeões e momentos absolutamente memoráveis, mas também projetos que fracassaram, promessas que ficam para o ano que vem e coletivos que estiveram bastante abaixo das expectativas. Em bastantes casos, tratou-se de planteis que falharam nos momentos decisivos ou na regularidade, apesar de terem talento à disposição. E em relação aos mesmos, não foram poucos.

Apesar das conquistas anteriores, o Manchester City andou entre a previsibilidade e o desnorte, além de ter sentido a ausência de Rodri (Bola de Ouro e um dos seus melhores jogadores). Assim, fica a exigência de uma renovação da equipa, nomeadamente do meio-campo e um Guardiola mais inspirado para retomar o domínio europeu.

Em Londres e apesar da evolução com Mikel Arteta, o Arsenal falha nos momentos decisivos e continua a precisar de maturidade futebolística e eficácia ofensiva para transformar a sua competitividade em títulos.  Ao lado, a vitória na Europa League escondeu uma das piores épocas domésticas do Tottenham, e apesar da vitória mítica de 21 de maio, a instabilidade técnica e a ausência de liderança que ainda persistem, acabam por deixar o futuro incerto. Já os blues, com Enzo Maresca a trazer alguma estabilidade e tendo conquistado a Conference League, o Chelsea pode finalmente voltar a ter um futuro mais positivo. Embora seja requisito obrigatório que o projeto se mantenha bem estruturado. 

Em Espanha, o Real Madrid tem novamente o desafio de regressar ao topo. A transição entre a velha geração e a nova ainda está por completar, e embora Xabi Alonso possa ser o homem certo, montar um coletivo de vedetas com eficácia nunca é pera doce em Madrid. Na Alemanha, a falta de rendimento apesar da profundidade do plantel, custou caro nas fases decisivas ao Bayer Leverkusen. Com Ten Hag sob suspeita de não ser o homem certo, o renascimento da equipa é um grande ponto de interrogação. Quanto a Itália e após quase conquistar tudo, o Inter de Milão terminou de mãos vazias e fica a Cristian Chivu o desafio de manter a solidez do projeto e a identidade vitoriosa herdada de Simone Inzaghi.

Em relação aos outros casos, o emblema que não chegou aos objetivos tratou-se de um colosso do futebol europeu e mundial que simplesmente não conseguiu encontrar um rumo ou chegar a bom porto.

Neste artigo, destaca-se cinco equipas de topo que, por diferentes razões (ainda que algumas semelhantes), acabaram por desiludir nesta temporada e terão de passar por um processo de reflexão e de trabalho para alterar o seu rumo para 2025/26. Seja por escolhas táticas, instabilidade no comando técnico, rendimento insuficiente ou escolhas no mercado, todas elas têm contas a ajustar com os seus adeptos e com a própria história.  Nomeadamente, os clubes que falharam os objetivos e precisam de trabalhar para reverter a situação. Podendo dizer-se que será necessário um purgatório para mudar a realidade de alguns dos emblemas.

 5.

Atlético Madrid Jogadores
Fonte: Club Atlético de Madrid

Atlético de Madrid – Um dos dossiês a analisar, no sentido de perceber se a continuidade faz mesmo sentido. Fará sentido manter Diego “Cholo” Simeone por muito mais tempo? A enorme regularidade de cumprir os mínimos, não está a chegar para satisfazer uma massa adepta que quer mais e por ter plantéis com capacidade fazer bem mais, apesar da concorrência fortíssima.

Embora tenha terminado em 3.º lugar, o Atlético teve uma temporada abaixo das expectativas. A equipa enfrentou desafios em jogos importantes e não conseguiu competir consistentemente com o Barcelona pelo título, além de ter terminado novamente atrás do vizinho blanco.

Os colchoneros vivem atualmente três problemas principais. O primeiro está relacionado com o seu estilo de jogo. Está difícil arranjar um modelo confortavelmente equilibrado, algo ausente desde 2013/14. A equipa de Simeone já teve épocas em que era uma equipa muito defensiva e virada para o combate, noutras apostava mais num ataque desmedido com muitos jogadores, mas exposta em termos defensivos. Está claro um problema na progressão do seu jogo, partido em três: Algumas dificuldades na construção, consecutivamente na sua progressão e com isto, conseguir uma estabilização do setor defensivo sem se expor demasiado. Um excesso de golos sofridos que contribuíram para muitas perdas de pontos no campeonato e eliminações de competições

O segundo está relacionado na dependência de jogadores específicos, nomeadamente os que têm um rasgo de talento particular. Seja para a construção de jogo aliada à contenção como Koke e Marcos Llorente e sobretudo para o ataque e finalização como Correa e Álvarez. Apesar de Griezmann ser um craque, a verdade é a maioria dos últimos grandes triunfos do Atlético foram sem a presença do francês.

E por fim, um ataque que se mostra pouco eficaz em momentos chave. Aqui e aliadas a alguma falta de sorte, a equipa rojiblanca teve dificuldades em converter oportunidades em golos, o que acabou por resultar em eliminações prematuras em competições como a Champions League com o Real Madrid e a Taça do Rei aos pés do Barcelona.

Para melhorar, o Atlético precisa diversificar suas opções na construção de jogo, aumentar a eficácia na finalização e reforçar o plantel com jogadores que tragam alternativas táticas e competitividade interna. Mas fica uma encruzilhada na continuidade e não será exagero dizer que poderá ser das últimas chances de “El Cholo” mostrar que pode voltar a colocar os colchoneros no topo, caso contrário, poderá começar-se a falar de uma putativa sucessão para breve.

4. 

Jogadores do Borussia Dortmund
Fonte: BVB Dortmund

Borussia Dortmund – Uma equipa que tem tudo para ser um dos clubes mais apreciados da Europa, mas que falha sempre algo fundamental, ou pela irregularidade ou pelo falhanço no momento decisivo. Potencial elevado, mas falta consistência.

Na época 2024/25, apesar de ter sido finalista da Liga dos Campeões na época anterior, o Borussia Dortmund enfrentou sérias dificuldades na Bundesliga até fevereiro. Até fevereiro, a equipa estava numa situação (11ºlugar) que o colocava em risco de perder a qualificação para a Champions League. A época começou sob a direção de Edin Terzic, mas depois de uma série de resultados negativos, foi substituído por Niko Kovac em fevereiro. Com o novo treinador, o Dortmund conseguiu recuperar alguma forma e garantiu o 4.º lugar, assegurando o apuramento para a principal competição europeia.

No entanto, a equipa evidenciou fragilidades relevantes ao longo do ano. Além da instabilidade na gestão técnica, refletiu-se nos aspetos técnicos dentro do campo. Essencialmente continuidade e segurança. Problemas defensivos foram recorrentes, com derrotas duras, incluindo um 0–4 para o Barcelona na Liga dos Campeões (além dos 1-5 com o Stuttgart ou os 2-5 com o Real Madrid), que tornaram evidente a necessidade de melhorar o setor defensivo. Outro fator decisivo foi a ausência de líderes experientes no balneário que tinham saído meses antes, como Marco Reus e Mats Hummels, o que afetou a coesão do grupo.

Para a temporada 2025/26, o Borussia Dortmund terá de apostar em estabilidade na gestão técnica, reforçar a defesa com jogadores de qualidade e desenvolver lideranças internas capazes de guiar a equipa rumo aos seus objetivos. Além de potenciar a sua capacidade de ataque, que sendo uma máquina bem oleada pode ser demolidora.

3. 

AC Milan
Fonte: AC Milan

AC Milan – Um dos grandes emblemas do futebol italiano que está numa encruzilhada, entre começar e continuar um projeto sólido ou voltar a tempos de enorme instabilidade e inconstância. Os rossoneri, começaram a época 2024/25 começou de forma dececionante em termos de resultados, levando à saída de Paulo Fonseca em dezembro. A chegada de Sérgio Conceição trouxe alguma esperança, mas o clube permaneceu atrás dos lugares cimeiros. A irregularidade exibicional foi uma constante, com dificuldades em permanecer num nível competitivo estável.

As falhas foram variadas, mas quase todas interligadas. Com ambos os treinadores, o Milan foi inconsistente sobretudo contra adversários teoricamente acessíveis, perdendo pontos fundamentais. O ambiente interno também não foi o melhor. Foram evidentes os conflitos entre Paulo Fonseca e jogadores influentes, como Rafael Leão, afetaram negativamente a coesão do grupo. Além disso, a escassa profundidade do plantel no meio-campo e o excesso dela noutros setores, dificultou a gestão de opções, lesões e suspensões, expondo as fragilidades da equipa em muitos momentos.

Para a temporada 2025/26, será essencial reforçar as posições mais carenciadas e criar um balneário mais forte. A estabilidade na liderança técnica e uma resposta coletiva mais coesa serão com certeza a chave para devolver o Milan ao estatuto que a sua história exige. O potencial existe, mas falta traduzi-lo em resultados concretos e mais regulares.

2. 

FC Porto ganha mais 3 milhões de euros
Fonte: Juventus

Juventus – O clube italiano que está a ser a maior sombra do que foi no seu passado recente em que foi campeão nove vezes consecutivas. Embora tenha conseguido terminar a temporada 2024/25 em 4.º lugar e garantir o apuramento para a Champions League, a campanha foi marcada por instabilidade e por um desempenho aquém das expectativas.

A primeira metade da época foi particularmente preocupante, com excesso de perda de pontos (17 empates e sete derrotas) o que levou à saída de Thiago Motta e à entrada de Igor Tudor em março. Apesar da mudança técnica, a equipa continuou a revelar pouca capacidade mudança, incapaz de manter um padrão competitivo estável. Os problemas da vecchia signora não se limitou ao relvado. As dificuldades económicas e financeiras continuam a limitar a capacidade dos responsáveis para reforçar o plantel da maneira desejada, o que acaba por diminuir a profundidade e a qualidade da equipa.

Para 2025/26, a Juve terá de encontrar soluções em várias frentes. Voltar a definir um estilo de jogo consistente, investir com critério para diminuir lacunas evidentes no plantel e, sobretudo, recuperar a solidez financeira para voltar a ser um emblema moderno, competitivo e sustentável. Sem estas bases bem assentes, o regresso à luta pelos títulos continuará a ser muito difícil.

1. 

Bruno Fernandes comenta saídas do Manchester United
Fonte: Manchester United

Manchester United – É o grande case-study do futebol inglês e um dos maiores do futebol europeu. Das cinco escolhas, está a ser a maior sombra do que foi no passado.

Os red devils são um dos clubes mais icónicos do mundo encontra-se agora numa espiral descendente, sendo, entre as cinco equipas analisadas, aquela que mais se distancia da grandeza que um dia representou. A temporada 2024/25 foi desastrosa: sob o comando de Rúben Amorim, os red devils chegaram às 17 derrotas na Premier League (14 foram com Amorim) e apenas nove vitórias (sete ao comando do português), igualando o pior registo de derrotas em casa da história do clube. A derrota por 1-3 com o Brighton, em janeiro, levou o treinador português a reconhecer que comandava “provavelmente a pior equipa da história do clube”.

A crise do clube também foi alimentada por muitos outros fatores estruturais. A falta de identidade tática foi notória. Rúben Amorim nunca conseguiu impor um modelo de jogo claro e coerente, o que se refletiu em exibições inconsistentes e com falta de competitividade. Uma situação que já existia com Erik Ten Hag, mas que Amorim não conseguiu segurar o colapso. Além da defesa (de longe o pior), o meio-campo foi um dos sectores mais frágeis.  A ausência de uma dupla centrocampista que seja um verdadeiro pilar de equilíbrio, o controlo do jogo escapa sempre àquela equipa. Juntamente com isso, a juventude do plantel que embora seja promissora, mostrou-se incapaz de suportar a pressão da Premier League. A linha defensiva é já o cancro para o United. Esteve frequentemente exposta e desorganizada, contribuindo para o elevado número de derrotas (83 golos sofridos).

Para 2025/26, o Manchester United precisa de uma reestruturação profunda. É essencial reforçar os diversos setores do campo com jogadores de criatividade e presença forte, definir uma identidade tática estável e implementar uma gestão mais eficaz. A aposta em jovens talentos deve ser complementada com jogadores experientes, ou seja, jogadores que tragam liderança e capacidade de resposta nos momentos críticos. Só com mudanças firmes e estratégicas será possível resgatar o prestígio de um clube que, por agora, vive mais do seu passado do que do seu presente. No fundo, um novo projeto e paciência.

A próxima época será, para estes clubes, uma verdadeira prova de carácter. Algumas estão em fim de ciclo, outras num momento de reinvenção, mas todas precisam de mudar o rumo com urgência. Porque, no futebol europeu, os resultados valem quase tudo e o tempo juntamente com a paciência valem cada vez menos. Já para não falar da exigência, pois essa só tem tendência para aumentar.

Jorge Afonso
Jorge Afonso
O Jorge apaixonou-se pelo futebol num dérbi em Alvalade e nunca mais largou. Licenciado em Comunicação Social e mestre em Ciência Política, vive entre estatísticas, memórias épicas e o encanto de equipas como o Barça de Guardiola ou a França de Zidane.

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