O amor que se sente por algo ou alguém tem de vir acompanhado de alguma paciência, porque é ela que vai revelar a verdadeira magnitude desse sentimento quando as coisas começarem a correr menos bem.
Uma mulher pode corresponder o amor que se sente por ela, mas se, a partir de certa altura, ela começar a manifestar intenções (assumidamente ou não [como tanto acontece hoje em dia!]) de privar algum do tempo que o namorado dela passa com os amigos, aí entra em jogo a paciência. O “fugir ou combater”, o acabar a relação ou aceitar a adversidade e lidar com ela como se de algo normal se tratasse, a “negociação”. Muitos não tolerarão, independentemente da coincidência no gosto musical, da integridade, da auto-estima que ela transmite e contagia ou da letra da copa do soutien dela, outros terão paciência para ver nesse obstáculo uma forma de fortalecer a relação, melhorando em conjunto. Mesmo sabendo que ela estará a fazer algo de errado, lidam com o problema, desculpam, e voltam a amar tanto ou mais como antes. Tudo depende da paixão e/ou do crescimento emocional do “desiludido”.
É possível encontrar um paralelo no que diz respeito a adeptos de futebol e o respectivo clube. Estas micro-interacções acontecem quando a equipa está longe de praticar o melhor futebol e de justificar o investimento emocional que nela é depositado. O jogo aproxima-se do fim e o resultado não agrada. Há adeptos que ficam frustrados com ela, os jogadores passam a ser uns desavergonhados que não merecem o dinheiro que ganham, sem honra nem gratidão para com a camisola que vestem e, supostamente, não suam. Há outros, mais apaixonados, que se mantém optimistas mesmo com um penalty falhado e a jogar em inferioridade numérica, porque não será com frustração que conseguirão aquilo que será melhor para eles – a vitória. Então apoiam, independentemente do resultado e das circunstâncias do jogo. Querem ver a outra parte da relação (equipa) bem, para que eles também estejam bem e possam celebrar juntos.
Em Portugal, são raros estes casos de inteligência emocional, mas quando se verificam, tornam o público como o autêntico 1º jogador em campo (e não 12.º). O protagonista, o autor do golo. Claro que ninguém vem da bancada encostar a bola para a baliza, mas a forma como os jogadores sentem a confiança do público tem uma influência tremenda na sua performance, mesmo que as coisas lhes não estejam a correr bem até então.