A temporada 2025/26 da Liga Portuguesa já arrancou e, como é habitual, os olhares começam a fixar-se não só nas equipas com ambições de alcançar o título de campeão nacional, apuramento europeu e manutenção no primeiro escalão, mas também nas individualidades que prometem fazer a diferença nos coletivos.
Numa Liga cada vez mais competitiva e exportadora de talento, existem jogadores que já são referência para os clubes (exemplos de Pedro Gonçalves no Sporting, Pavlidis no Benfica ou Zalazar no SC Braga) e outros que já mostram que farão a diferença nas equipas a que acabam de chegar (Borja Sainz e Victor Froholdt no FC Porto ou Ivanovic no Benfica). No entanto, há jogadores que se destacam pelo potencial, pela forma atual ou pelo contexto em que chegam. Importância particular para as expetativas que geram e se serão correspondidas.
Neste artigo, reúnem-se cinco nomes que merecem atenção especial na Primeira Liga 2025/26. Desde reforços sonantes com impacto imediato e que têm os olhos postos sobre si, a promessas que evoluíram de forma sustentada nos últimos anos, estes jogadores podem alcançar um protagonismo relevante nas respetivas equipas ao longo da época. De Braga a Alvalade, passando por Moreira de Cónegos ou pelo Dragão, estes são rostos que vale a pena seguir de perto na Primeira Liga Portuguesa.
5.

Ricardo Mangas (Sporting) – O defesa-esquerdo de 27 anos já conta com um percurso bastante recheado de experiências. A começar pela formação, onde passou por quatro emblemas (Nazarenos, Marítimo Olhanense, Ferreiras e CB Portimão) antes de chegar ao Benfica, onde fez o restante período (com uma ligeira passagem pelos júniores do CD Tondela em 2015/16) até se tornar sénior em 2017/18. Sem qualquer oportunidade nas águias, saiu para a Vila das Aves, de onde fora emprestado uma época para o Mirandela. Entre 2018 e 2020, jogou entre a equipa sub-23 e principal do Desportivo das Aves, até que em 2020/21 assina pelo Boavista.
No Bessa, alcançou um rendimento relevante (nove golos e duas assistências em 61 jogos) e que chamou a atenção do Vitória Sport Clube, com uma interessante passagem por Bordéus em 2021/22 (três golos e uma assistência em 31 jogos). Juntando ao que já tinha feito ao serviço dos axadrezados, em Guimarães sobe o seu nível e em pouco mais de uma época, os seus números permitem (cinco golos e oito assistências em 38 jogos) ao clube da Cidade Berço encaixar 2,5 milhões de euros para o Spartak de Moscovo. A passagem pelo clube russo acaba por não ser o ideal, tendo sido muitas vezes suplente não utilizado e que levou à sua desvalorização.
No entanto, Rui Borges que fora seu treinador em Guimarães e com quem realizou um início de época 2024/25 soberbo (quatro golos e duas assistências em só dez jogos, que levou à sua venda para Moscovo), acredita novamente no defesa-esquerdo para reforçar os leões em 2025/26 a troco de 300 mil euros.
A forte ligação com o técnico leonino, oriunda dos tempos que coincidiram na Cidade Berço, permitiram a Ricardo Mangas uma integração rápida no conjunto campeão nacional. Tendo já chegado a Lisboa com ritmo competitivo (jogou os dois primeiros jogos pelo Spartak de Moscovo na Liga Russa), tal permitiu a Mangas um início de Primeira Liga bastante relevante. O destaque evidente vai para a goleada em Alvalade, por 6-0 ao Arouca em que o defesa-esquerdo consegue fazer dois golos.
Ricardo Mangas destaca-se pela sua versatilidade, intensidade, ritmo que oferece ao jogo e pelo seu trabalho tanto ofensivo como defensivo. Juntando à sua forte conexão com Rui Borges, que faz sempre melhor ao processo e faz sempre renascer aquela ideia de o jogador “morrer em campo” pelo homem que o comanda. O começo foi prometedor (dois golos em três jogos) e será um jogador a acompanhar em 2025/26.
4.

Alberto Costa (FC Porto) – Oriundo de Santo Tirso, o novo defesa-direito do FC Porto fez toda a sua formação mais a norte. Após duas épocas no clube da sua terra natal (Tirsense) e em que chamou a atenção pela sua qualidade, Alberto Costa rumou a Guimarães em 2013/14, onde fez o restante percurso da sua formação. Em 2021 chega a sénior da equipa do Vitória Sport Clube e alternou entre os sub-23 e equipa B, até em janeiro de 2024 se ter estreado pela equipa principal vimaranense, num jogo da Taça de Portugal frente ao Penafiel (vitória por 1-0 no Estádio D. Afonso Henriques).
A época de 2024/25 é a do salto futebolístico para Alberto Costa. Na primeira metade da época foi titularíssimo da equipa vimaranense, com desempenho relevante (um golo e duas assistências em 21 jogos) e provocou a cobiça de vários clubes grandes a nível nacional e internacional. Acabou por ser a Juventus a pagar 13,8 milhões de euros ao Vitória Sport Clube e Alberto Costa rumou ao futebol italiano.
Apesar da forte concorrência para a posição (nomes como Weston McKennie e Timothy Weah), o defesa direito português acabou por ir ganhando o seu lugar e obteve números interessantes ao serviço da “vecchia signora” (três assistências em 14 jogos). A verdade é que Alberto Costa não era titular indiscutível na Juventus e a ambição de ter alguém mais completo para a posição, aliado ao natural desejo de jogar mais, desperta o interesse do FC Porto.
Num negócio envolvendo uma troca com João Mário (para a Juventus) e 15 milhões de euros, Alberto Costa ruma à cidade invicta. O início de 2025/26 está a ser prometedor para o lateral e pode muito bem ser o ano da sua consagração. Nas primeiras três jornadas da Liga Portuguesa, Alberto Costa participou ativamente nos três triunfos da equipa azul e branca (três assistências, uma frente ao Vitória Sport Clube e duas frente ao Casa Pia).
O novo defesa-direito portista chama claramente a atenção por ser um lateral moderno, que oferece à sua equipa um forte apoio ofensivo (dinâmica e assistências) e uma intensidade defensiva que é indispensável a um membro do setor mais recuado. Aliado a tais características, Alberto Costa revelou estar no seu “clube de coração” e mostra uma rápida adaptação ao clube, dois aspetos que só favorecem. A continuar assim, ver-se-á uma evolução (é um jogador de 21 anos) e uma futura venda por largos milhões.
3.

Guilherme Schettine (Moreirense) – Após um começo de carreira no Brasil por alguns emblemas (Atlético Paranaense, Guaratinguetá e Portuguesa), chegou a Portugal em 2016/17 para representar o Santa Clara. A partir daí, o avançado brasileiro teve várias experiências a nível nacional (Santa Clara por três épocas e meia, meia época no SC Braga e uma época de empréstimo no Vizela) e internacional (Al-Batin, Dibba Al Fujairah, Almería e Grasshoppers) até em 2023/24 ter sido adquirido por 400 mil euros pelo FK Ural.
Embora tenha tido uma época razoável ao serviço dos russos (quatro golos e duas assistências em 33 jogos), acaba por rumar ao Moreirense na época seguinte, a custo zero. No emblema de Moreira de Cónegos, acaba por marcar a sua posição na equipa em 2024/25 (seis golos e cinco assistências em 33 jogos) e é atualmente (para já) o melhor marcador em 2025/26, com quatro golos em apenas três jogos.
O avançado brasileiro tem um perfil mais posicional, mas com uma boa presença dentro da área e uma capacidade finalizadora interessante (que pode ser potenciada, como se vê). Além de contribuir com algumas assistências, como se viu na época passada (quatro passes para golo), sendo algo que mostra a sua razoável visão de jogo e a capacidade de apoio ofensivo que pode oferecer ao Moreirense, para lá dos golos. Com 29 anos, ainda pode chamar muito a atenção nesta edição da Liga, pois, por vezes, a fase da experiência é quando alguns jogadores se revelam.
2.

Leonardo Lelo (SC Braga) – O novo defesa-esquerdo arsenalista, algarvio de gema, dividiu maioritariamente o seu período de formação pelos clubes da sua região (Marítimo Olhanense, AA Sporting Faro, Vitória FC, Louletano e Olhanense) até se tornar sénior em 2018. Nos dois anos seguintes joga pelo Olhanense (59 jogos) e em 2020/21 é emprestado ao Portimonense, jogando pelos sub-23 (um golo em 23 jogos).
Em 2021/22 sai a custo zero para o Casa Pia, onde fica por quatro épocas e acumula números que são dignos de registo (dez golos e 16 assistências em 142 jogos). Chama a atenção do SC Braga e assina pelos bracarenses até 2029, novamente a custo zero. Olhando para este início de época do lateral algarvio, realmente é caso para dizer que a qualidade por si demonstrada “não tem preço” (quatro assistências em três jogos na Liga Portuguesa e mais uma em dois jogos na UEFA Europa League).
O lateral-esquerdo algarvio revela ser um jogador bastante regular, ter uma qualidade de passe muito interessante, mentalidade competitiva e uma adaptação rápida a um novo ambiente competitivo. Está a revelar-se importante para Carlos Vicens e será um jogador a ter debaixo de olho esta temporada da Primeira Liga. A continuar assim, será uma alternativa equacionada para quem precisar de alternativas para o lado esquerdo da defesa.
1.

Luis Suárez (Sporting) – Nomeado sucessor de Viktor Gyokeres no Sporting, o internacional colombiano saiu cedo do seu país e foi para Espanha fazer a maioria da sua formação como futebolista (no Granada) até se tornar sénior em 2016/17. Desde o seu começo de carreira até chegar a Alvalade, destacam-se as suas passagens por Zaragoza em 2019/20 (19 golos e quatro assistências em 39 jogos) e naturalmente, Almería entre 2022 e 2025 (41 golos e 13 assistências em 79 jogos). No começo de 2025/26, foi o eleito pelos responsáveis leoninos para refazer o estilo de ataque do Sporting e assim, manter a veia ganhadora. Chega a Alvalade a troco de 22,16 milhões de euros. O início de época está, para já, a dar-lhes razão. Luis Suárez bisou na segunda jornada da Liga, na goleada de 6-0 ao Arouca e bisou nas assistências na goleada de 1-4 ao Nacional, na Madeira (total de dois golos e três assistências em três jogos para a Liga Portuguesa).
O novo avançado leonino tem características particulares que em tudo lhe permitem triunfar em Alvalade. Além de ter um perfil atacante forte, ágil e com faro de golo, o colombiano também sabe coordenar o ataque, construir e contribui defensivamente quando é necessário. Um perfil completo e que na sua melhor forma, será muito frutífero para o conjunto de Rui Borges. Embora carregue consigo a carga (interior e exterior) de fazer esquecer Viktor Gyokeres e esse seja o seu grande desafio por agora, tem o que é necessário para o vencer. É um dos grandes fenómenos para ir observando esta época em Portugal, se será apenas um dos jogadores do ataque leonino ou será intitulado no futuro como o “Luis Suárez do Sporting”.