Durante décadas, a Serie A italiana foi o epicentro do futebol mundial, palco onde desfilavam algumas das maiores estrelas do jogo e onde se escreviam páginas douradas da história do desporto. Hoje, embora já não detenha o estatuto de outrora, continua a ser um campeonato fértil em talento, com jogadores capazes de decidir partidas num instante e de dar espetáculo em cada jornada. A herança de um passado glorioso mantém-se presente, mas o presente revela uma liga competitiva e cheia de histórias por contar.
Ainda que o brilho mediático esteja mais virado para outros campeonatos europeus, a Serie A resiste com a sua identidade própria: estádios carregados de tradição, rivalidades intensas e craques que unem experiência a irreverência. O futebol italiano transformou-se, reinventando-se em tática, intensidade e criatividade, oferecendo ao adepto uma mistura singular entre disciplina defensiva e a genialidade ofensiva de quem sabe desequilibrar.
É neste contexto que surge a necessidade de destacar aqueles que, atualmente, melhor personificam a qualidade da liga. São figuras que, com o seu talento, mantêm viva a chama do Calcio e elevam o espetáculo a cada fim de semana. Dos veteranos que ainda comandam dentro de campo aos jovens que prometem um futuro risonho, o campeonato italiano continua a oferecer protagonistas que merecem lugar de destaque num qualquer top de elite.
5.

Rafael Leão – O internacional português é, por direito próprio, um dos nomes mais fascinantes da Serie A.
O extremo luso conquistou a admiração dos adeptos do AC Milan graças à sua velocidade estonteante e capacidade de desequilibrar. Em 2021/22 foi eleito MVP da liga, prova clara da sua influência no campeonato. Quando embala com a bola, torna-se praticamente imparável, com uma arrancada que deixa qualquer defesa em dificuldades.
Para além da velocidade, Leão é um driblador nato, capaz de criar ocasiões de golo a partir de situações aparentemente inofensivas. A sua irreverência e confiança permitem-lhe arriscar constantemente, levando perigo aos adversários com movimentos inesperados. Soma a isso uma boa capacidade de finalização, especialmente quando tem espaço para enquadrar o remate. É um atacante que faz a diferença pela espontaneidade e talento natural.
Ainda assim, o seu jogo apresenta arestas por limar. A nível defensivo, por vezes mostra alguma falta de compromisso, algo que poderia torná-lo ainda mais completo caso melhorasse. Apesar disso, continua a ser um dos jogadores mais entusiasmantes de ver em ação na Serie A, um talento que mantém a chama do futebol português bem viva em Itália e que já é ídolo para muitos adeptos do Milan.
4.

Kevin De Bruyne – A chegada do internacional belga ao Nápoles, proveniente do Manchester City, causou enorme impacto no futebol italiano.
Considerado um dos médios mais talentosos da sua geração, trouxe ao Calcio a sua visão de jogo única, a criatividade e a precisão que o caracterizam. A sua simples presença transforma a forma como a equipa atua, oferecendo linhas de passe, soluções rápidas e a capacidade de desequilibrar em qualquer momento.
Especialista em passes longos e cruzamentos milimétricos, De Bruyne é capaz de desmontar defesas com um só gesto técnico. A sua leitura de jogo faz dele um maestro no meio-campo, sempre a ditar o ritmo e a explorar espaços onde ninguém mais os vê. Para além da assistência, tem também um remate poderoso, que faz dele uma ameaça constante na chegada à área. É raro encontrar um jogador tão completo e influente na criação ofensiva.
No Nápoles, rapidamente assumiu papel de referência, não apenas pela sua qualidade individual, mas pela forma como eleva o rendimento dos colegas. A sua experiência, aliada ao talento inegável, confere à equipa uma dimensão extra, tornando-a ainda mais competitiva nas competições internas e europeias. É um jogador que marca eras e que agora também se inscreve na história do futebol italiano.
3.
Alessandro Bastoni – O internacional transalpino representa a nova geração de defesas centrais italianos, mas já atua com a maturidade de um veterano.
Alto, imponente e com enorme presença física, sobressai no jogo aéreo, tanto a defender como em lances de bola parada ofensivos. A sua regularidade em duelos individuais dá enorme segurança ao setor recuado do Inter, mas é na qualidade de saída de bola que se diferencia de forma especial.
Com uma calma notável sob pressão, Bastoni tem a capacidade de iniciar jogadas a partir da defesa, com passes precisos que quebram linhas adversárias. Não se limita a cumprir funções defensivas: acrescenta critério e criatividade na construção. É este perfil moderno que o torna tão cobiçado, e ainda surpreende o facto de não ter dado o salto para campeonatos como a Premier League, onde seria certamente uma mais-valia.
A sua evolução constante e a confiança demonstrada nos grandes palcos provam que Bastoni tem todas as ferramentas para se manter entre os melhores centrais da atualidade. Forte fisicamente, inteligente taticamente e tecnicamente dotado, é hoje uma peça imprescindível no Inter e um nome de peso na seleção italiana.
2.

Nicolò Barella – No coração do meio-campo do Inter de Milão, Nicolò Barella é o verdadeiro motor da equipa.
Com uma intensidade inesgotável, cobre metros e metros de terreno ao longo de 90 minutos, mantendo sempre a lucidez para tomar as decisões certas. É um médio que combina energia, raça e inteligência, mostrando-se essencial tanto a defender como a atacar. A sua presença em campo garante equilíbrio e dinamismo, algo fundamental num clube que ambiciona títulos em todas as frentes.
Barella alia à sua capacidade física uma impressionante qualidade técnica. É exímio no passe, seja curto ou longo, sabendo variar o jogo e ditar o ritmo consoante a necessidade. A sua leitura tática é igualmente notável: antecipa movimentos, posiciona-se de forma exemplar e demonstra uma maturidade invulgar na forma como interpreta cada momento da partida. Tudo isto faz dele um dos médios mais completos e valorizados da Europa.
Além do impacto no jogo coletivo, destaca-se também pelo espírito de sacrifício. Não é raro vê-lo recuperar bolas em zonas recuadas para, logo de seguida, lançar a equipa em transição ofensiva. Essa versatilidade e capacidade de adaptação às várias fases do jogo tornam-no indispensável. Para os adeptos “nerazzurri”, Barella é sinónimo de consistência e paixão, um exemplo de entrega e talento a cada jornada.
1.

Lautaro Martínez – Chegado muito jovem do Racing Club, da Argentina, o atacante internacional argentino não tardou a conquistar o coração dos adeptos do Inter de Milão.
Lautaro foi crescendo temporada após temporada até se afirmar como um símbolo incontornável do clube. Hoje, é capitão de equipa e representa a garra, o empenho e a liderança de quem veste a camisola “nerazzurra” com orgulho, no verdadeiro sentido da palavra. A sua história no Inter tornou-se exemplo de dedicação e fidelidade, fazendo dele, apesar da juventude com que chegou, praticamente uma lenda viva em San Siro.
O que mais impressiona em Lautaro é a frieza e qualidade na finalização. Seja dentro da área ou em remates de média distância, o argentino apresenta uma eficácia notável, conseguindo transformar em golo as oportunidades mais improváveis. A sua inteligência posicional permite-lhe estar sempre no sítio certo, explorando os espaços entre defesas adversários com uma leitura de jogo que poucas vezes se encontra. Além disso, é um avançado que alia instinto goleador a uma capacidade técnica muito acima da média.
Outro dos aspetos que o distingue é a forma como se associa com os colegas, funcionando não apenas como um finalizador, mas também como um elo que une o ataque. O entendimento com os companheiros é natural, e o seu papel fora do campo é igualmente relevante, transmitindo confiança e união ao balneário. Lautaro é, assim, um jogador completo: goleador, criativo, líder e referência maior do futebol italiano da atualidade.
Posto isto, a Serie A vive do brilho das suas grandes figuras, mas também da consistência e do talento espalhado por tantos outros protagonistas. O campeonato italiano continua a ser um espaço onde se cruzam gerações, estilos e culturas distintas, fazendo emergir novos craques enquanto veteranos de enorme qualidade também prolongam carreiras de excelência. Este equilíbrio entre juventude e experiência garante que, jornada após jornada, o espetáculo esteja assegurado, mesmo para lá dos nomes que surgem nos principais destaques.
Prova disso são jogadores que poderiam muito bem figurar em qualquer lista de elite. Nomes como Nico Paz, Marcus Thuram, Kenan Yildiz, Scott McTominay, Luka Modric, Paulo Dybala, Ademola Lookman, Giorgio Scalvini ou Éderson dão corpo à riqueza da competição e merecem, naturalmente, menções honrosas.
Cada um, à sua maneira, acrescenta valor ao campeonato, seja pela irreverência, pela inteligência tática ou pela capacidade de decidir jogos. A dificuldade em deixá-los fora de um top restrito é sinal claro da vasta qualidade que ainda habita nos relvados italianos, tornando a Serie A num palco onde o futebol continua a ser vivido com intensidade, paixão e diversidade.