O Benfica regressou às vitórias na Primeira Liga no primeiro jogo de José Mourinho ao comando da equipa. Depois de um período conturbado, marcado pelo empate com o Santa Clara e a derrota caseira com o Qarabag, os encarnados voltaram a sorrir na Vila das Aves, frente ao AFS, com Sudakov (45+3), Pavlidis (56) e Ivanovic (64) a construírem um triunfo que, embora não tivesse sido deslumbrante, foi eficaz e seguro.
Vinte e um anos depois, José Mourinho voltou a Portugal para treinar o Benfica. A receção foi calorosa, com aplausos e entusiasmo das bancadas a acompanhar o caminho do treinador até ao banco, numa estreia que prometia definir o tom desta nova etapa. O primeiro onze teve apenas um toque direto do treinador: Ivanóvic ao lado de Pavlidis no ataque, deixando Schjelderup no banco. O sistema 4-4-2 parecia claro, mas o jogo inicial revelou nervosismo e alguma ansiedade.
Na primeira parte, o Benfica controlou a posse, mas teve dificuldade em transformar oportunidades em golos. Ivanovic foi o mais ativo e o AFS ainda assustou com um remate de Tomané ao poste (39). A diferença chegou nos minutos finais da primeira parte, Sudakov bateu Simão Bertelli, assinalando o seu primeiro golo e oferecendo um alívio ao Benfica, que finalmente podia respirar com alguma tranquilidade.

Na segunda parte, o AFS recuou e tornou-se previsível, deixando espaços que o Benfica soube explorar. Pavlidis converteu um penálti (59), resultado de uma falta sobre Otamendi, e pouco depois Ivanóvic concluiu um lance iniciado por Sudakov e Pavlidis, selando o 3-0 definitivo. A gestão de esforços de José Mourinho deu ainda espaço a João Rego para os primeiros minutos da temporada, enquanto os titulares mais desgastados puderam descansar.
Taticamente, o Benfica mostrou já sinais de organização e clareza de papéis. Ivanovic, ao abrir para a esquerda e participar em transições rápidas, mostrou-se uma peça móvel que pode redefinir a frente de ataque. Pavlidis, centralizado, ligou meio-campo e ataque com qualidade, enquanto Sudakov voltou a ser decisivo, tanto em golos como em passes decisivos. A equipa, mesmo sem deslumbre, controlou o jogo e garantiu a tranquilidade necessária para José Mourinho começar a pensar nos próximos desafios do campeonato e da liga dos campeões.
Mas o melhor da noite ficaria reservado para o pós-jogo. Na conferência de imprensa, José Mourinho foi direto: «Disse-lhes no fim do jogo: Foi bom, mas não foi nada de extraordinário. Despachem-se que amanhã temos treino».
Um discurso que, mais do que desmontar a vitória, expôs um olhar crítico que o futebol português tantas vezes carece.

No plano individual, Sudakov foi um dos rostos da vitória. O ucraniano respondeu ao pedido do treinador para atuar num posicionamento menos habitual e não só desbloqueou o marcador num momento-chave como mostrou qualidade no passe e leitura de jogo. O capitão Otamendi também deixou marca, somou 115 ações com bola, ganhou 12 dos 16 duelos em que esteve envolvido e ainda conquistou o penálti que permitiu ao Benfica respirar melhor.
Ivanovic, esteve sempre em jogo e coroou a exibição com um golo, enquanto Pavlidis, autor do segundo tento, voltou a provar eficácia. Na retaguarda, Trubin não foi muito testado, mas transmitiu segurança e evitou sobressaltos, num jogo em que até a sorte esteve do seu lado.