
Stamford Bridge recebeu José Mourinho de braços abertos, mas a noite terminou com o treinador português a sair em silêncio, de cabeça baixa. O Benfica perdeu por 1-0 frente ao Chelsea, continua sem qualquer ponto na Liga dos Campeões e vê a pressão aumentar numa fase de grupos que já parecia difícil à partida. A forma como o resultado surgiu, um autogolo de Richard Ríos, tornou a derrota ainda mais dura de engolir.
O ambiente era de gala. Londres apresentava-se fria, com 16 graus, mas as bancadas aqueceram a atmosfera. O estádio encheu, houve coreografia preparada pelos adeptos dos Blues e uma tarja gigante exibiu todos os títulos conquistados pelo clube. Mourinho regressava a uma casa onde fez história, mas a festa foi toda azul. Os adeptos do Benfica marcaram presença em força, nunca deixaram de puxar pela equipa, e foram mesmo eles quem mais se fez ouvir em vários momentos.
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— SL Benfica (@SLBenfica) September 30, 2025
No plano tático, tanto Chelsea como Benfica alinharam em 4-2-3-1. Maresca pediu aos laterais que jogassem por dentro e deixou os extremos bem colados à linha, alargando o campo. A ideia era clara: empurrar os encarnados para trás e sufocar a construção de jogo. Do outro lado, Mourinho tentou fechar em 4-3-3 sem bola, mantendo algum conservadorismo no meio-campo. Mas cedo ficou evidente que a pressão inglesa, logo após a perda, iria ser um problema para os encarnados.
Ainda assim, o primeiro aviso foi do Benfica. Sudakov apareceu cedo com bola controlada, mas não conseguiu servir Lukebakio da melhor forma. Pouco depois, o belga deixou a primeira marca da noite ao rematar ao poste, com Robert Sánchez a tocar o suficiente para desviar. Por instantes, pareceu que seria o Benfica a abrir o marcador em Stamford Bridge.
A resposta do Chelsea foi cruel. Aos 18 minutos, Pedro Neto meteu velocidade pela esquerda e encontrou Garnacho. O argentino rematou cruzado e, no meio da confusão, Ríos acabou por desviar para dentro da própria baliza. Um autogolo que mudou o rumo do encontro e castigou em dobro a equipa portuguesa, que tinha estado perto de se adiantar no marcador.
A partir desse momento, o Chelsea ganhou confiança. Caicedo aproximava-se dos centrais para organizar, os ingleses começaram a trocar a bola com calma e o Benfica teve cada vez mais dificuldade em sair do seu meio-campo. Badiashile, ainda assim, ofereceu duas bolas proibidas em zonas sensíveis, mas não houve aproveitamento. Já do outro lado, George, falhou um golo claro aos 43 minutos. Ao intervalo, Mourinho mostrava preocupação, enquanto os adeptos encarnados atiravam objetos a Enzo Fernández, alvo preferencial da contestação.

A segunda parte trouxe um Benfica mais arrojado. Mourinho mexeu nas dinâmicas, Aursnes abriu pelo flanco, Sudakov subiu para “10” e a equipa passou a desenhar-se em 4-4-2. Houve mais posse no meio-campo adversário, protestos por um penálti aos 57 minutos e maior ousadia. Mas, apesar da intenção, faltou objetividade. Sánchez manteve-se seguro e quase não foi chamado a intervir.
Maresca respondeu com o banco: Estêvão, Gittens e João Pedro deram novo fôlego ao ataque e permitiram à equipa recuperar o controlo. Mourinho ainda lançou Schjelderup e Ivanovic, mas a saída forçada de António Silva por lesão, aos 72 minutos, complicou ainda mais a missão. Tomás Araújo entrou, cumpriu, mas a equipa perdeu solidez.
Até final, o Benfica cresceu territorialmente e encostou o Chelsea à sua área, mas nunca encontrou o espaço decisivo para o golo. João Pedro acabou expulso já nos descontos, reduzindo os ingleses a dez, mas o jogo estava sentenciado.
O apito final deixou sentimentos contrastantes. O Chelsea venceu graças a um autogolo e pouco mais, mas somou os três pontos e reforçou a posição no grupo. O Benfica, pelo contrário, saiu de mãos vazias, com a sensação de que merecia mais. Mourinho reencontrou o estádio que tantas vezes o aplaudiu, mas saiu a perder, preso a uma equipa que não conseguiu transformar esforço em eficácia.
Depois da derrota com o Qarabag e agora com o Chelsea, o Benfica soma zero pontos e parte para Newcastle com a corda ao pescoço. Um regresso amargo para Mourinho, uma noite má para o Benfica e um futuro europeu que se complica cada vez mais.