ATP Challenger Tour Braga Open: Estará aí mais um prodígio a “revelar-se” em Portugal?

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Foi nos courts do magnífico Clube de Ténis de Braga que teve lugar a sétima edição de uma competição já tradicional na cidade dos arcebispos, o ATP Challenger Tour Braga Open, que contara já com Pedro Sousa e João Domingues como campeões desta prova. A mesma resulta de uma organização conjunta entre a FPT, Federação Portuguesa de Ténis e a Câmara Municipal de Braga, que voltou a reunir um excelente leque de praticantes da modalidade da   bola amarela, isto se tivermos em conta que a mesma está inserida na categoria Challenger 75. Nos courts, muito bem tratados, do clube dirigido por João Mota passaram nomes grados do ténis mundial agora já afastados da alta roda, casos de: Thiago Monteiro e Thiago Seyboth Wild (ambos brasileiros), Marco Cecchinato de Itália ou Marco Trungelliti da Argentina.  Simultaneamente espaço a jovens tenistas que aí pretendem chegar: Vilius Gaubas da Lituânia, Luka Mikrut da Croácia ou Henri Squire Germânico que brilhou no circuito universitário norte-americano, uma porta de entrada para muitos que agora são estrela ao mais alto nível.

Num torneio que entregou ao vencedor um cheque na ordem dos 25.000 euros e em que foram sete os lusos a jogar o quadro principal: Jaime Faria, Henrique e Francisco Rocha, Tiago Pereira, Frederico Ferreira Silva, Pedro Araújo e Tiago Torres, este último oriundo da fase de qualificação a qual: Tiago Silva, Tiago Cação e Hugo Maia não conseguiram ultrapassar.

Aqui ficam os cinco destaques de uma semana marcada pelo espetáculo, a forte afluência de público, mas também o muito calor que se fez sentir na capital do Minho.

5– Henrique Rocha

Natural da cidade invicta, mas formado na escola de Ténis da Maia, à semelhança de Nuno Borges, melhor tenista nacional da atualidade, bem se pode dizer que tem carimbo do técnico João Franco, responsável por esse verdadeiro “viveiro” de talentos a Norte. Sempre muito intenso, revela igualmente uma garra incrível, sendo um batalhador nato levando muitas vezes os seus encontros para uma dimensão física, vertente na qual é muito forte. Finalista na semana anterior em Belém, apenas derrotado pelo lituano, Vilius Gaubas após mais de três horas de refrega, viu essa série de bons resultados terminar aqui, fruto de um encontro menos bem conseguido, algo que faz parte do percurso de um jovem tenista. Estas duas semanas de alto nível fá-lo-ão voltar ao Top 150 do ranking, algo que apenas não tem sido regular fruto da sua inconsistência exibicional ao longo de uma temporada, na qual alternou derrotas à primeira com finais e meias finais, sem esquecer a transposição da fase de qualificação em Roland Garros, parando somente no terceiro turno do torneio parisiense, travado pelo “renascido” Alexander Bublik. Com muito valor e tendo menos flutuações ao longo do ano, vejo perfeitamente o atleta de 22 anos e fã do SL Benfica com condições não só para jogar muitos mais GS ao longo dos anos, como acredito que tenha todas as capacidades e qualidades para furar os 100 melhores do mundo.

   4– Tiago Torres

Numa semana que não correu de feição ao contingente nacional, sendo que apenas Henrique Rocha e Jaime Faria lograram o apuramento para os oitavos de final do certame, foi o praticante natural da capital Portuguesa o maior destaque pela positiva para as nossas cores. Fora dos 1.000 primeiros do ranking no começo da época, ultrapassou, com esta, três fases de qualificação em provas alusivas ao segundo escalão do ténis mundial, todas em solo pátrio, coisa que nunca antes conseguira! Bem-sucedido no Porto, no CIF e agora em Braga, possuidor de pancadas bem penetrantes, profundas e muito rápidas. Agora com a entrada nos melhores oitocentos em ponto de mira, terá de compreender melhor os momentos de cada encontro, pois faz exibições bem desgarradas, sendo urgente uma melhor leitura dos diferentes momentos de cada encontro assim como se exige uma melhor seleção de pancadas. Quanto ao potencial do atleta de 24 anos, esse é inegável! Com uma boa base, necessita de saber “domar”, também e não só, o seu jogo como as suas emoções, visto mostrar em demasia o seu estado de espírito para o outro lado da rede. Acompanhado convenientemente e efetuando estas alterações, parece-me poder frequentar com maior regularidade este tipo de torneios, apresentando resultados cada vez mais interessantes e consistentes!

3- Alejandro Moro Canas

Um exímio jogador de terra batida, superfície na qual se disputou este torneio, foi sem grande surpresa que voltou a chegar longe em competições jogadas em terras de Cabral. Desde sempre bem-sucedido em provas jogadas no nosso país, quer em Lisboa, no Porto ou agora em Braga, este tenista tipicamente espanhol, visto ser bem duro e difícil de vergar, voltou a presentear-nos com um ténis de excelente qualidade, apenas derrotado e em três partidas pelo futuro campeão. Sem ser um praticante ultra talentoso e sem fazer nada de muita complexidade em court, é daqueles que com processos simples consegue molestar muito todo e qualquer oponente, sendo até estranho vê-lo fora dos duzentos melhores ATP, até porque na temporada anterior quando rubricou essas excelentes semanas no nosso país, era alguém que se encontrava bem perto e fadado, mais tarde ou mais cedo, a um lugar entre a elite tenística mundial, o Top 100 objetivo partilhado por todos os que jogam eventos desta categoria. Talvez por irregularidade, falta de consistência ou algo mais, facto é que o jogador de 25 anos ainda não cumpriu o que dele era esperado, contudo valor tem que sobre! Conseguirá ele transpor para os demais torneios o nível que apresenta sempre que se desloca a terras lusitanas?

2- Vilius Gaubas

Com apenas 20 anos, foi desde sempre bem conhecido dos fãs nacionais, até porque entre os nove e os quinze residiu no nosso país. Em Tavira orientado então pelo antigo tenista, Pedro Pereira, aos dias de hoje pai e treinador de Tiago Pereira, começaram a construir bases sólidas para um crescimento sustentado. Tal trabalho parece estar a dar frutos, pois o atleta que, entretanto, se mudou para Espanha, treinando e morando em Alicante, é já na atualidade o melhor tenista do seu país na tabela individual masculina sendo, na minha opinião, o melhor jogador da lituânia de há muito tempo a esta parte. Um legítimo herdeiro do grande amigo do nosso Gastão Elias, o também veteraníssimo Ricardas Berankis, Top 50 ATP já na década anterior. Vilius tem mais que armas para atingir resultados de monta, não só, mas principalmente em terra, onde o seu jogo parece fazer ainda mais sentido. Ultra consistente, devolvendo sempre outra e mais outra bola, forçando os adversários a vencer o ponto duas ou três vezes, noto apenas que pode dotar o seu serviço de uma qualidade ainda maior, ele que tem na direita o seu principal “ganha pão”!

Falhando o objetivo da dobradinha Lisboa/Braga, com Gastão Elias em 2022 a ter sido o último a conquistar duas taças em semanas consecutivas no nosso país, Gaubas apresentou sempre desempenhos de alta qualidade, muitos deles desembocando em autênticas “batalhas” que fascinaram os adeptos que o apoiaram bastante na final que pôs fim a uma série de nove triunfos seguidos. Assim não é difícil de imaginar que o jogador que ascenderá, na próxima atualização do ranking, ao seu melhor da carreira, 130 ATP, poderá estar brevemente a disputar torneios da divisão maior, bem como a figurar bem dentro dos 100 magníficos. Não deixem de seguir este nome, pois estou seguro, tanto quanto é possível no universo ténis de que será uma figura bastante relevante em palcos maiores.

  1. Luka Mikrut

   Um desconhecido da esmagadora maioria dos amantes da modalidade em solo português no início da semana, o jovem croata de 21 anos natural de Split foi passando, relativamente, despercebido ao cabo das primeiras rondas, só que a partir dos quartos mostrou a fibra e a qualidade que já o tinham levado ao êxito em cinco competições na presente temporada, quatro delas ITF, a terceira divisão da modalidade a nível mundial. A primeira Challenger surgiria em finais de agosto, na cidade italiana de Como. Muito completo, usa bastante o amorti de direita, pancada que tem uma potência assinalável, isto apesar de todo o seu jogo ser bastante franco, completíssimo e fiável. O serviço creio que trabalhado também pode ser uma arma e foi-o diversas vezes na final diante de Gaubas. Aspeto no qual me parece ainda ter algumas lacunas será na dificuldade que revela para fechar encontros, sendo que na antepenúltima fase da competição necessitou de mais de uma mão cheia de pontos de encontro, alguns no seu golpe de saída para bater o espanhol que surpreendera na véspera o primeiro pré-designado Carlos Taberner, Javier Barranco Cosano, outra das surpresas da competição. Na senda de vários croatas que vão dando cartas nos circuitos secundários como: Dino Prizmic, Borna Gojo ou o veterano e antigo top 5 Marim Cilic, será este um nome que á semelhança de tantos outros se deu a conhecer ao grande público em Portugal, partindo daqui embalado para uma carreira muito bem-sucedida?

Saído com o caneco de Braga garantiu não só pela primeira vez a entrada no ToP200 como irá estacionar no próximo dia treze perto do posto 180 mundial.

Diogo Rodrigues
Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.

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