O Bola na Rede está presente no Portugal Football Summit. Nani, antigo internacional português, falou da carreira.
Nani foi um dos oradores no Portugal Football Summit. O antigo internacional português terminou a carreira na última temporada e passou em revista um período coroado com a conquista do Euro 2016 e com passagens de sucesso por clubes como o Sporting e o Manhcester United.
«Mudou a forma como os clubes se adaptaram. Trabalha-se muito melhor nos clubes em Portugal, já não há tanta diferença do clube pequeno para o clube grande. Há muitos clubes sem as condições de Sporting, Benfica e FC Porto, mas já há conhecimento. A nível físico os atletas já estão no nível. Por isso temos melhores equipas na Liga, os jogos são mais difíceis, com mais velocidade, 90 minutos a nível elevado. A diferença foi esta. No meu tempo éramos mais virtuosos, havia mais espaço e o jogador podia potencializar a capacidade técnica», começou Nani sobre o futebol português, antes de falar da mudança do panorama da seleção.
«Depois de ganharmos o Euro 2016, a confiança e autoestima mudou completamente. Temos uma geração de muita qualidade e talento. Conseguimos mantê-la até hoje. Não é só talento, é trabalho de grupo. As pessoas dizem que Portugal vai ganhar o Mundial ou o Europeu. Antigamente não. Falava-se do Ronaldo, do Figo, mas não que a seleção ia ganhar. Até gozavam connosco. Agora diz-se que temos uma grande equipa e vamos ganhar o Mundial e o Euro. Estamos consistentes e fazemos frente a qualquer seleção», destacou Nani.
Nani falou ainda da sua competitividade na carreira como característica chave e destacou alguns treinadores que mais o marcaram na carreira.
«Tenho orgulho no modo como competia. Não havia ninguém melhor que eu ou mais forte? Havia, mas na minha cabeça não. Se um defesa não me deixasse passar estava lixado, era guerra a seguir. Esse espírito inspirava-me todos os dias. Tinha o talento, a habilidade, os dribles, os remates, mas sem essa atitude não poderia estar a jogar os jogos importantes. Antes de ser habilidosos e fazer golos, temos de ter uma boa atitude e confiança. Vencer o Euro é algo que não me vai sair da cabeça. O sonho de qualquer jogador é ganhar um título pelo seu país. Vês todos os teus amigos e pessoas a torcer por ti e a agradecer. Pelos clubes foi maravilhoso também. O Manchester United foi o clube que mais me marcou», salientou Nani.
«O Paulo Bento foi quem mais me marcou, temos muitas histórias, na formação e futebol profissional. Sempre acreditou, mesmo quando não era ninguém, só uma aposta da academia. Fazia muitas coisas que não era boa, aquela rebeldia de jovem. Foi muito importante. Mesmo com as duras e com a atenção, dizia que acreditava 200% em mim, mas tinha de parar o que tinha de fazer. Era ele quem me ia mandar para aquele sítio. Tinha ali um amigo e um treinador que acreditava em mim. Foi muito importante com os conselhos, ajudou-me taticamente. Joguei a varias posições com ele. No Sporting jogava no losango do meio-campo. Está aqui o mister Peseiro, lançou-me na equipa principal. Temos momentos bons, de debate de como jogar. Ajudou-me muito dentro de campo, tive a primeira oportunidade na Champions League, 15 minutos marcantes que mudaram tudo. Em Manchester, o Carlos Queiroz e o Ferguson, numa realidade diferente. Falava-se inglês e fiquei perdido. O Ferguson falava e não entendia nada, mas pelas expressões fáceis metia medo. Perguntava e diziam “Não queiras saber”. Ele estava sempre a dar-me duras, não era fácil. Tinha uma personalidade forte e uma fricção com alguns companheiros. Era da minha personalidade. Não me rebaixava por nada. Eu ouvia o chinelo do Ferguson e tinha medo. Dizia que não jogava mais e que me metia num avião para Portugal e eu ficava três dias a pensar naquilo, recuperava e metia-me a brincar com o Cristiano e o Anderson. Quando o Cristiano foi para o Real Madrid, percebi. O Ferguson dizia “Confio em ti. Tinhas de resolver o jogo”. O Evra dizia que com o Ferguson era eu e mais dez, que confiava em mim. Ganhei mais confiança, fiz a minha melhor época. Já nos sentamos a tomar um café à beira rio, já apresentei o meu filho. É bom ver os treinadores que me marcaram na carreira», confidenciou Nani.
Sobre os sítios que mais o marcaram, Nani destacou a passagem pelo Orlando City e garantiu ser um cidadão do mundo.
«Joguei três anos em Orlando e gostei muito. Estava bem maduro. Sítio bonito, familiar, agradável, responsabilidade enorme. Três épocas muito boas. Sou muito reconhecido e apreciado, enche-me de orgulho. Tenho 1001 amigos e contactos, sou do mundo. É devido ao futebol e ao que fiz dentro de campo. Só me pode encher de orgulho», concluiu Nani.
O Bola na Rede está na Cidade do Futebol para acompanhar o Portugal Football Summit. Acompanha tudo sobre o evento.