José Mourinho fez a antevisão do encontro entre o Benfica e o Chaves. Jogo conta para a 3.ª eliminatória da Taça de Portugal.
José Mourinho fez a antevisão do Chaves x Benfica, duelo da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal. Águias entram em prova no Norte de Portugal e o técnico encarnado destacou importância da competição.
«Quem ficou trabalhou bem. Quem foi chegando progressivamente foi sendo integrado e deu nos últimos dois dias para trabalhar a especificidade do jogo. É o típico jogo de Taça de Portugal. Uma equipa de divisão inferior, mas não de divisão inferior no futebol. Uma das equipas mais fortes da Segunda Liga, não muito diferente das de segunda metade da tabela. Exige seriedade a começar por mim. É respeito pelo Benfica e pelos adeptos, pelo significado da Taça de Portugal na história, e pelo Chaves, treinador e jogadores. Queremos ir com seriedade. Se ganharmos será visto com naturalidade, senão não. Tem de ter um peso. Temos vindo a melhorar com os jogos, já que não podemos com o treino. Algum de vós perguntará se mudarei a equipa e darei oportunidades. Vou mudar muito pouco».
«Ficámos com um grupinho maior que esperávamos. O Enzo e o Dahl não foram à seleção, o Joshua voltou. O grupo cresceu e não tivemos a situação de estarmos sozinhos. Foi positivo para quem não foi. A não utilização de muitos jogadores nas seleções tem lado positivo e negativo. Não vêm carregados de minutos, mas na seleção o treino é tático. Quem não joga não treina muito. Tivemos condições. O risco é não jogarmos bem. O Chaves fazer um jogo fantástico, que é normal, e não o fazermos. Analisámos com muito tempo o Chaves e tentámos trabalhar à volta dos pontos fortes e fracos. Sem jogar bem teremos dificuldades».
«Regresso à Taça de Portugal? Ia dizer que não fui eliminado da Taça de Portugal e fui com a União de Leiria. Depois fui a duas finais, ganhei uma e perdi outra. Gostava de voltar. O Benfica tem uma história fantástica na Taça de Portugal e tem uma Taça a menos que deveria ter [época passada]. Cresci a ir ao Jamor ver o meu pai jogar e depois com ele como treinador e vi Benfica, Sporting, FC Porto, Vitória de Setúbal. É qualquer coisa que ainda mexe comigo. Nunca joguei uma final como treinador do Benfica e gostava muito. Hoje a Taça de Portugal é muito mais importante que a Champions, no sábado muda».
«Ambiente no futebol português? Não quero entrar nesse contexto. Limito-me a ser treinador e a olhar para os jogos com os olhos de treinador. Tenho sempre olhos de treinador. A final da Taça foi um trabalho infeliz da equipa de arbitragem, incluindo o VAR que é mais importante por vezes que o árbitro em campo. Problemas entre presidentes? Uma coisa histórica. Quando as emoções desvanecem vem o sentimento que têm de estar unidos em prol do desenvolvimento do futebol português. Para um português não é nada de novo nem alarmante. É bom para vocês [jornalistas] que ajuda. Às vezes os árbitros erram de maneira decisiva, mas o treinador erra e os jogadores erram. Quando os erros se traduzem em alterações à verdade do jogo é mais difícil de aceitar, mas tenho olhos de treinador, não de comentador ou dirigente».
«Amanhã joga o Samuel Soares. Não é pela competição. Espero ganhar e jogar com o Atlético ou com o Felgueiras. Não lhe posso garantir que é o Samuel nesse jogo. É um ótimo guarda-redes. Ainda não jogou nenhum minuto, fui na direção da estabilidade. Merece jogar, ficou aqui connosco. Total confiança nele. Vai jogar amanhã».
«Nos últimos jogos podíamos ter marcado, tivemos oportunidades suficientes em jogos desta dimensão [Chelsea e FC Porto]. Fizemos três ao AVS, dois ao Gil Vicente que nos permitiram ganhar jogos. Tem que ver com o trabalho que podemos fazer, novas ideias e níveis de confiança. A estabilidade também passa pelo ponto de vista defensiva, não nos sentirmos dominados. Podem dizer o que quiserem. Tenho 1.200 jogos. Ser criticado por alguém sem um minuto não é dramático. Nunca fomos dominados em jogo nenhum, fomos organizados, com consciência».
«Não falámos nesse jogo [final Taça de Portugal 2004]. Quando o Simão foi para o Barcelona, era eu quem o esperava no aeroporto. Não era importante na estrutura do Barcelona, mas era português e tinha dois anos de clube. Criei com ele uma boa relação, de irmão mais velho. Muito carinho. Não falámos desse jogo porque lembro-me muito mais dos momentos bons que dos maus. Nunca conversei com ele sobre essa situação. Recordo-me de descer as escadarias como vencido e de muito benfiquista dizer-me que ia ser campeão europeu. Não sei se era para serem simpáticos. Em vez de ser picado ou humilhado pelos adeptos, fui estimulado positivamente».
«Devia-nos ter tocado o Águias da Mosgueira, Oriental, CAC e tocou-nos o Chaves. É o único problema. O jogo tem de ser sexta. Vamos chegar a Lisboa madrugada fora no sábado, viajar segunda. Prefiro ganhar um dia na preparação para o outro jogo. A maioria dos jogadores que vai começar amanhã não é gente que acabou de chegar. O Ríos amanhã não joga, não tenho problema de dizer».
O Chaves x Benfica joga-se esta sexta-feira, 17 de outubro, a partir das 19h30.