Constatar que o Sporting foi a Tondela vencer é correto, mas não chega. Dizer que o Sporting foi a Tondela golear é igualmente correto e constitui já um passo adiante, mas continua a não chegar. Para não faltarmos, ainda que minimamente, à verdade há que locucionar o seguinte: o Sporting foi a Tondela massacrar.
O resultado não o contará, graças quase exclusivamente a Bernardo, guardião tondelense e maior figura do jogo, mas contamos nós. Os leões, motivados pelos resultados recentes e com fome pelo empate frente ao SC Braga, dominaram o jogo e o adversário de princípio a fim. Fizeram-no pelo dinamismo dos homens da frente, pelas superioridades criadas por João Simões, pela intensidade de toda a equipa. Acima de tudo fizeram-no pelas constantes conquistas das segundas bolas.


Raramente o Tondela conseguiu respirar. Quase nunca os beirões saíram do cerco. Os jogadores do Sporting, bem colocados, focados e intensos na recuperação de bola, continuamente recuperavam a bola com facilidade e nas redondezas da área dos pupilos de Ivo Vieira. A dado momento, tal parecia mesmo uma inevitabilidade.
Bernardo travava a primeira investida leonina, mas de pronto vinha uma segunda. Os alívios de cabeça, de pé direito, de pé esquerdo, que podiam permitir ao Tondela respirar, terminavam quase todos nos pés dos bicampeões nacionais. E assim continuava o massacre. O sufoco era tal que os beirões não conseguiam sequer pontapear para longe para subir linhas e obrigar os jogadores do Sporting a recolherem um pouco, a correrem mais do que queriam, a empenharem mais tempo e esforço na construção das jogadas de ataque.


O cerco leonino não permitiu virtualmente nada ao penúltimo classificado da Primeira Liga. Melhor ainda, do ponto de vista sportinguista, permitiu descansar com bola – e que importante é para o Sporting descansar nesta fase – e bater como água mole em pedra dura toda a partida. Foi um massacre e havia que dizê-lo, já que o marcador não o fez. Havia que contar a história do Cerco de Tondela.

