

Num ano cheio de eventos especiais para a WWE em 2025, o primeiro dia de novembro marcava mais um, com o Saturday Night’s Main Event em Salt Lake City. O cartaz tinha quatro combates com títulos em jogo, um deles sem campeão à entrada para o duelo, numa noite que prometia histórias e deixava água na boca para algum bom wrestling.
RHODES VENCE COM BATOTA
Para começar, Cody Rhodes defendia o título da WWE contra Drew McIntyre, sabendo que, se fosse desclassificado ou contado fora do ringue, perderia o título. O “Real American Dream” tentou jogar com essa estipulação nos instantes iniciais do combate, até que, mais para o final, usou o título para distrair o árbitro e acertar um Claymore, mas Cody evitou a derrota. Depois de ser lançado para cima da mesa de comentadores e de vender uma lesão no joelho depois de um erro de posicionamento do árbitro, o juiz foi ao chão após uma colisão num dos cantos do ringue. Rhodes aproveitou para efetuar um DDT em cima do título, vencendo o combate com um Cross Rhodes e mantendo o título.
Muitos podem pensar que este foi só mais um instante em que McIntyre foi prejudicado pelo booking, mas o Saturday Night’s Main Event era um palco demasiado pequeno para haver uma mudança de título aqui. Ainda não tenho a certeza se vai haver uma desforra (e, se não houver outro combate no Survivor Series, é um erro gigantesco), mas isto para mim foi uma forma de justificar uma desforra no Survivor Series, com Drew a ganhar o título aí. O combate em si foi bom, sem ser espetacular, e a batota do campeão não me provoca uma grande reação, uma vez que ainda me custa a acreditar que ele se vá tornar heel.
Nota do combate: 3.75/5
JADE É A NOVA RAINHA DO SMACKDOWN
O segundo título em jogo era o título feminino da WWE, com Tiffany Stratton, que vinha para o combate com uma lesão na perna, a defender contra Jade Cargill, agora heel. O combate foi muito mais desequilibrado do que eu pensei que ia ser, com Cargill a atacar o joelho e a dominar quase por completo, antes de vencer com o Jaded.
A WWE tinha duas hipóteses aqui. Ou fazia Cargill parecer dominante, ou fazia-a provar que era melhor do que uma pessoa que ainda só tinha uma derrota em 2025. Escolheu a primeira, eu preferia que fossem pela segunda via. Os dois combates anteriores que estas duas tiveram foram dois dos melhores combates que Jade Cargill teve na WWE e este foi apenas um squash. A lesão no joelho também me pareceu uma desculpa desnecessária para evitar um combate competitivo. A nova campeã é muito melhor como heel do que como face e os spots foram bem executados, mas um squash nunca vai ter uma nota muito alta. Resta saber o que Jade Cargill vai fazer daqui para a frente, uma vez que a divisão feminina do SmackDown não tem grandes babyfaces, tirando a própria Tiffany, Bianca Belair, que está lesionada, e as campeãs de tag team, Alexa Bliss e Charlotte Flair.
Nota do combate: 2.75/5
MYSTERIO VS. PENTA VS. RUSEV
Numa noite que só tinha combates com títulos em jogo, Dominik Mysterio defendia o título Intercontinental contra Penta e Rusev. Num duelo de boa qualidade, como se esperava, Mysterio ainda tentou usar um truque de Eddie Guerrero, “esquecendo-se” de que não havia desclassificações. De seguida, Rusev tinha Penta preso no Accolade, mas Dominik tocou a campainha, fazendo o búlgaro pensar que tinha vencido. No final, Penta queria atingir Dom com o martelo da campainha, acertou em Rusev, Mysterio atirou o mexicano contra o poste e venceu com um Frog Splash em Rusev.
Já sabíamos que Dominik ia escapar aqui, previsivelmente com batota, mas isto foi bem executado. É mais um combate que Dom vence sem ajuda dos Judgment Day, o que o ajuda em termos de credibilidade. Foi o melhor combate da noite, todos trabalharam bem e talvez Dominik possa ter um futuro combate contra John Cena no Survivor Series pelo título Intercontinental.
Nota do combate: 3.75/5
QUEM VAI DEFRONTAR JOHN CENA?
Antes do main event, foi anunciado através de uma promo package que John Cena vai defrontar o vencedor de um torneio no próximo Saturday Night’s Main Event, no dia 13 de dezembro, no que será o último combate da carreira do homem de West Newbury. O torneio começa a 10 de novembro, terá 16 lutadores do Raw, NXT, SmackDown e “possivelmente” outros lutadores que não trabalham na WWE.
Eu gostei deste conceito, sobretudo se tivermos em conta que ele só vai aparecer mais quatro vezes e não há muito tempo para criar uma grande história com alguém que fosse escolhido a dedo. Também gosto do facto de ser um torneio de 16 pessoas e de poder haver algumas surpresas. Em relação aos nomes de fora da WWE que vão entrar no torneio, nomes como Jeff Hardy e Dolph Ziggler fariam bastante sentido. Em relação ao vencedor, Gunther seria para mim a melhor hipótese, até porque daria o melhor combate possível. Outras hipóteses seriam Bron Breakker ou Oba Femi, se ele fosse chamado para o main roster em breve.
TERMINA A ESPERA PARA CM PUNK
Por fim, o título mundial estava em jogo, depois de Seth Rollins ter sido forçado a abdicar do mesmo devido a lesão. CM Punk e Jey Uso eram os candidatos. O combate foi disputado a um ritmo lento inicialmente, o que já se esperava, mas foi melhorando. Teve vários finishers, com Jey Uso a usar o GTS de Punk para um false finish e Punk a usar um Spear (pior do que os do seu adversário). Depois de contra-ataques a um Sleeper e a um Anaconda Vise, Punk venceu com dois GTS, o segundo depois de Jey ter vindo das cordas. O lutador de Chicago recupera assim o título que só tinha tido durante cerca de cinco minutos no SummerSlam.
O maior problema deste combate para mim foi não ter respeitado a história que o antecedia, com Jey a não ter nenhum momento em que procurasse fazer batota ou ser heel de alguma forma, como vinha a ser nas semanas mais recentes. De resto, os primeiros minutos foram lentos, mas, assim que terminou, este até foi o combate que mais excedeu as minhas expetativas, tendo em conta que um combate singles com o Jey Uso só vai chegar a um determinado nível. Punk fez os possíveis para obter o melhor combate possível. Gostava de ter visto mais moves em vez de tantos finishers, mas, num combate limpo, o homem certo ganhou. Mas eu estava à espera de algo mais controverso por parte de Jey Uso.
Nota do combate: 3.5/5
NOTA FINAL
No geral, diria que este evento deixou algo a desejar em relação às expetativas iniciais. O público estava algo apático desde o início, e isso é algo que nem sempre se pode controlar, mas houve alguns botches ao longo da noite (o momento com o árbitro no primeiro combate, alguns momentos no main event). O combate final podia ter tido alguém que proporcionasse um melhor combate do que Jey Uso proporcionou. O combate inicial desenvolveu a história daqui para a frente, ou pelo menos é essa a minha expetativa, mas ainda não sabemos. O duelo pelo título feminino tinha potencial para ser melhor, mas foi um squash, e a luta pelo título intercontinental foi entusiasmante, mas previsível e já sabíamos o que ia acontecer. Quando juntas tudo isto num evento especial, acabas com algo que podia ter sido mais satisfatório.
Nota final: 85/100

