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O apogeu do ‘tiki-taska’ | Sporting 4-0 Rio Ave

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A poucos dias de terminar 2025, um ano que marcou a conquista do (bi)campeonato e da Taça de Portugal por parte do Sporting, os leões fizeram de tudo para honrar e dignificar tempos que dificilmente os sportinguistas esquecerão. Foi pelos pés, pela cabeça e pelo peito de Luís Suárez, o sucessor de uma das figuras mais marcantes dos títulos previamente mencionados, que a equipa de Rui Borges acabou o ano em grande. O 4-0 diante do Rio Ave não só espelhou a qualidade do ataque organizado da formação leonina, como deixou o Benfica cada vez mais isolado na terceira posição e, apesar das fragilidades já bem conhecidas do AVS SAD, permite pressionar o FC Porto na luta pela primeira posição.

Tendo em conta o jogo da 16.ª jornada do campeonato, para além de ser imperial realçar o desempenho exemplar de Luís Suárez, que marcou um hattrick, é também impossível ignorar e dissociar esta época do ano tão nostálgica. Importa fazer um balanço e dar nota do Sporting de Rui Borges no início de 2025 e no final deste mesmo ano. Acredito que, mais do que os troféus conquistados, importa analisar o modo e forma de jogar da equipa nestes últimos 12 meses.

Muitos poderão apontar para a mudança estrutural, isto é, para a alteração do sistema base do Sporting que, embora mutável, dá uma orientação inicial aos jogadores de onde devem partir e que espaços devem ocupar. Essa análise não está totalmente errada, já que, na fase em que Borges assumiu as rédeas do Sporting, a equipa jogava com três defesas-centrais de raiz e, atualmente, atua com dois. Porém, mais do que essa mudança de sistema – que tantos criticaram, sem muitas vezes explicarem o porquê e apresentarem argumentos sólidos que suportassem a contestação -, vemos hoje um Sporting mais dominador, mais vertiginoso, incomparavelmente mais móvel e mais imprevisível.

Sporting
Fonte: Rui Pereira / Bola na Rede

O 4-2-3-1 que se cola ao Sporting para que haja uma certa orientação na elaboração do grafismo do 11 inicial não explica a organização prática da equipa em campo. Muitas das vezes, o Sporting, na fase de construção, parte de um 3-4-3, como já acontecia nos tempos de Rúben Amorim. Noutras circunstâncias, mediante o espaço que há para jogar e a disposição da equipa adversária, os leões podem desdobrar-se, em determinados momentos, num 2-3-5, num 3-2-5 ou até mesmo num 2-2-6, à semelhança do que chegou a acontecer nesta última partida. Como tal, a principal alteração de Rui Borges na presente temporada assentou nos perfis dos jogadores utilizados para desempenharem determinadas funções. O lateral-direito, por exemplo, é frequentemente utilizado para dar apoio à construção, mas, no desenrolar da jogada, pode aparecer a dar apoio, por fora ou por dentro, à linha mais ofensiva.

Estas várias mutações, dinâmicas e variações dão aos jogadores a liberdade para se expressarem em campo. Tal como tão bem explicado pelo mister ao Bola na Rede, as várias opções de movimentação são transmitidas pela equipa técnica, e, num idioma tão próprio e indecifrável, os movimentos individuais têm sempre um entendimento coletivo, tendo a tomada de decisão um papel preponderante no desenrolar da ação. Como exemplo prático daquilo que explico, frente aos vilacondenses, tantas vezes víamos Maxi Araújo atacar o espaço entre central e lateral. Aliás, foi essa ação que deu aos leões a possibilidade de fazer o 2-0. Quando se dava a rotura do jogador uruguaio, Mangas juntava-se, muitas vezes, ao setor mais defensivo do adversário, oferecendo outra linha de passe no corredor esquerdo. Porém, noutras ocasiões, Maxi podia descair para o corredor, com João Simões a lateralizar em zona de construção e Ricardo Mangas a servir de apoio para a bola lhe ser jogada no pé ou no espaço já identificado.

O papel de Rui Borges vai, contudo, muito além do que tenho escrito aqui. Sei que muitos apontam o dedo ao treinador por, alegadamente, não saber lidar com jogos grandes. Tamanha falácia indigna-me porque desvirtua a melhor competição do mundo: a Champios League. Não me vou alongar na desconstrução dessa narrativa que considero não ter muito sentido, mas relembro que este Sporting venceu o Marselha, de De Zerbi, e goleou o Club Brugge, que, olhando ao panorama atual do nosso futebol, podia lutar, pelo menos, por um lugar no pódio da nossa Primeira Liga. Além disso, “o treinador que não sabe lidar com jogos grandes”, no tempo regulamentar, só perdeu dois dos 11 encontros que teve contra Benfica, FC Porto e Braga.

Luis Suárez
Fonte: Rui Pereira / Bola na Rede

Na minha ótica de ver o jogo, a análise deve ser feita tendo em conta vários contextos, diversos momentos e diferentes fases. Aquilo que o técnico verde e branco já havia feito no Moreirense e, mais tarde, no Vitória SC era já um excelente cartão de visita. Em Alvalade, porém, o desafio era outro. Primeiro, tinha de ter a audácia de reerguer o moral de jogadores que, num único mês, caíram do céu ao inferno, com todo o turbilhão que a saída de Rúben Amorim para Manchester causou. Depois, dada a forma de jogar do Sporting aquando da chegada de Rui Borges, ao que se lhe juntou uma profunda onda de lesões, teve de ser capaz de se adaptar à matéria-prima que tinha à sua disposição e, mais ainda, de lidar com a pressão que vinha das bancadas.

Atualmente, com uma pré-época realizada e com jogadores perfilados para o futebol em que o técnico melhor se expressa, é praticamente unânime que este Sporting é a equipa que um futebol mais vistoso pratica em Portugal. Do outro lado, porém, há um FC Porto muitíssimo competente, porventura mais completo no que toca às várias fases e detalhes que compõem todo um encontro, para além de um plantel extremamente profundo e com muitas opções.

Dito tudo isto, o Sporting poderá não ser campeão nacional, muito por mérito dos dragões, mas Rui Borges merece o apoio dos sportinguistas. Na presente temporada, o Sporting leva já mais pontos conquistados do que nas duas épocas que marcaram a conquista do bicampeonato. Mas, mais do que tudo, personificou a resiliência. Quando necessário, fez omeletes sem ovos. Tornou das fraquezas as suas forças. Agora, com esta e tantas outras exibições recentes, o ‘tiki-taska’, termo que cria uma simbiose entre o conceito que apelidou o futebol mais belo de Guardiola e a ironia a uma crítica feita ao timoneiro verde e branco, mostrou estar preparado para o novo ano.

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