Sidny Lopes Cabral é reforço do Benfica no próximo mercado de janeiro, num negócio que, segundo noticiado, ultrapassa os seis milhões de euros, com o Estrela da Amadora a reter uma percentagem do passe do jogador.
Esta é então a primeira contratação da era José Mourinho e corresponde a um perfil que talvez não seja único no plantel, mas que é importante pela sua polivalência e pelo leque de opções que dá ao treinador encarnado.
Enquanto atleta, considero um perfil que, embora não seja único, fazia falta ao plantel do Benfica. Digo que não é único porque encontro algumas parecenças entre Lopes Cabral e Dedic: ambos os jogadores jogam bem com os dois pés (o que lhes permite também jogar mais do que uma posição no campo) e têm a condução progressiva enquanto ponto forte.


Quanto a Sidny Lopes Cabral, é um jogador polivalente, que pode jogar tanto defesa, ala e médio tanto pelo lado esquerdo (preferencial), como pelo lado direito. É um jogador possante, bastante veloz e que trabalha bem com ambos os pés. Não sendo brilhante tecnicamente, é capaz de passar pelos seus adversários através do poderio físico, nomeadamente pela velocidade.
Ainda que o principal destaque do jogador sejam os seus atributos físicos e a capacidade como consegue percorrer vários metros em condução e desequilibrar dessa forma, vale frisar que o faz tanto pelo corredor, como pela penetração de espaços interiores, auferindo-lhe (e à sua equipa) polivalência tática e criando instabilidade no adversário.


Por isso, é um jogador com alguma chegada à área adversária e que se consegue intrometer em zonas de finalização, estando também confortável em disparar de meia distância. É também por isso que é o melhor marcador do Estrela da Amadora, até ao momento. Ainda, é um bom batedor de bolas paradas, fator importante para desbloquear resultados na liga portuguesa.
Nesta perspetiva, a comparação com Dedic é justificada, pelo menos do ponto de vista ofensivo. Também o bósnio é um desequilibrador ao nível da condução progressiva e está confortável a invadir tanto espaços interiores, como exteriores, e a chegar ao último terço. Distam, eventualmente, em recursos técnicos ao nível de 1×1 e a nível físico.
Não obstante, Lopes Cabral é um jogador que ainda tem aspetos a melhorar do ponto de vista defensivo. Tem algumas dificuldades ao nível da colocação de apoios, o que o faz ser lento a reagir, ou a não estar preparado para reagir, em situações de 1×1 defensivo – ainda comparando com Dedic, o bósnio talvez tenha melhor 1×1 defensivo, mas Lopes Cabral tem uma melhor perceção da ocupação de espaços.


Em suma, Sidny Lopes Cabral não acrescenta nada ao plantel encarnado do ponto de vista defensivo: não será um melhor defensor do que Dahl e acaba por ser igual a Dedic ou Bah. Por outro lado, traz a propensão ofensiva de Dedic para o corredor oposto e uma polivalência (ainda por falar) que não se encontra nos alas encarnados já existentes no plantel.
Em última análise, não creio que o sistema de José Mourinho mude apenas e só pela presença de Lopes Cabral: também Dahl e Dedic parecem mais alas do que defesas e não é por isso que o Benfica joga em sistemas de três centrais. Creio, ainda, que o lugar de Dahl não é assim tão fácil de roubar pelo percurso que o sueco está a fazer no Benfica (jogo na Pedreira enquanto exceção) e pelas garantias que dá ao jogo – não sendo brilhante, é mais um cérebro em campo. É possível que a polivalência de Sidny Lopes Cabral seja aproveitada e que vejamos o cabo-verdiano a jogar muitas vezes a extremo, talvez até ao mesmo tempo que Dahl está em campo.
Mesmo apresentando dificuldades defensivas, Sidny Lopes Cabral vale bastante pelo que faz com bola e pelo dinamismo físico e tático que traz a qualquer equipa que representa. O seu percurso e como isso conjugará com o projeto de Cabo Verde é definitivamente um tópico a ter em conta em 2026.

