Vive em Espanha uma equipa que, passando boa parte da sua história nas divisões secundárias, tem-se superado a si própria, e procura, nesta Liga Espanhola em que os gigantes vão mostrando fraquezas de forma contínua, um lugar europeu. A concorrência é apertada, mas o clube tem dado passos seguros e, mais do que isso, a equipa, depois de anos de tranquilidade na Liga, é, nos dias de hoje, um garante de qualidade e regularidade.
Mais do que tudo, o projecto do Eibar mostra a todos – leia-se: dirigentes desportivos portugueses – que a melhor forma de estabilização de um clube é através da confiança e da regularidade nas opções. O Eibar, depois de um 14º lugar na época passada, manteve a sua base e encontra-se neste momento a lutar por um impensável lugar europeu.
A equipa, não sendo espectacular, é competente e muito segura de si mesma. Para lá dos destaques individuais e das dinâmicas, importa realçar um facto. Sabe-se da importância do meio-campo para a saúde de uma equipa. Ora, este Eibar, de uma época para outra, manteve o seu meio-campo (de qualidade) e…os resultados estão à vista. Escalante-Dani García (duplo pivôt) e Adrián González (criativo com excelente chegada a zonas de finalização) formam um meio-campo de grande intensidade e rotatividade.
A equipa não tem propriamente a melhor defesa do campeonato. Não porque defenda mal, nem porque tenha maus defesas – Capa, o capitão, voa pelo lado direito da defesa – mas sim porque arrisca. Arrisca no pressing que faz. Veja-se o jogo de Sevilha. A equipa de Sampaoli, uma das mais fortes do campeonato (em todos os momentos do jogo), foi obrigada a jogar perante uma pressão muito alta e corajosa, em termos tácticos.
É claro que isso depois favorece as unidades atacantes. O já mencionado Adrián, que, sendo um médio, funciona como uma muleta da grande referência ofensiva, Sergi Enrich. Os dois são um garante de golos e futebol vertical e objectivo – o avançado espanhol é muito forte na procura do espaço vazio. Mas a grande estrela (em termos mediáticos) da equipa mora na faixa direita. Pedro León, o homem que Mourinho disse que…não era nem Zidane, nem Maradona, tem feito uma época marcada por muitos golos e assistências.
Não é um futebol que empolga. Mas é uma equipa que sabe (quase) tudo do jogo. Como atacar (bem), como ocupar todas as zonas do campo e, acima de tudo, como pressionar. Pressionando alto, está-se mais próximo de ter bola. O Eibar promove essa (boa) ideia do futebol. Será suficiente para lugar europeu?
Foto de capa: SD Eibar
Artigo revisto por: Patrícia Nel