Robert Kubica é a eterna promessa. Uma espécie de Fábio Paim, Bojan Krkić ou Giovani dos Santos do automobilismo. Ficou sempre pelo “e se?”. A vida tem-lhe colocado obstáculos atrás de obstáculos que o afastam da glória – tanto no rali como na Fórmula 1. Mas agora, o piloto polaco pode ser o protagonista de um dos mais incríveis regressos aos monolugares.
Em 2011, Kubica era o futuro da F1. Ao leme da Renault, já tinha feito história ao tornar-se o primeiro polaco a chegar à categoria rainha da modalidade. Era, numa comparação lata, o que Max Verstappen é agora: a crónica de um campeão anunciado. Mas em Fevereiro desse mesmo ano, tudo mudou. O polaco, na altura com 26 anos, decide participar no Rondi de Andore, um rali italiano. O Skoda Fabia onde seguia despista-se, bate numa barreira de metal e um dos pedaços soltos perfura o carro, tornando Kubica um refém do próprio veículo. Os bombeiros demoraram uma hora a retirá-lo do Skoda. O piloto vai directo para o hospital e é submetido a uma intervenção cirúrgica que demorou mais de sete horas. O veredicto final é arrasador.
Robert Kubica tem o lado direito do corpo quase desfeito: a perna, a anca e, principalmente, o braço. Os médicos dizem que é complicado estimar um tempo de recuperação. Nenhum deles fala sequer na hipótese do polaco voltar a conduzir um carro de alta competição. Mas Kubica ainda tinha muito por fazer.
Dezoito meses depois, vence uma especial em WRC2 no Reino Unido. Em 2013, sagra-se campeão mundial da segunda divisão do mundial de ralis. Nos dois anos seguintes, compete na principal categoria de WRC. Mas nesta altura, até o próprio Kubica considerava “quase impossível” o regresso à Fórmula 1. 18 operações depois, sem rodar o pulso, sem dobrar o braço, imaginar-se sequer num monoveículo era impensável.
Mas, tal como o desporto tantas vezes nos ensinou, nada é impossível. E no final do passado mês de Novembro, Robert Kubica concluiu uma sessão de testes da Williams, em Abu Dhabi. O piloto é o principal favorito para substituir Felipe Massa na scuderia e o seu nome parece estar completamente destacado de Daniil Kvyat, Paul di Resta ou Sergey Sirotkin, os outros candidatos ao lugar.
Depois de completar 100 voltas com o Williams, garante que está “fisicamente apto”. “Sei que tenho limitações, mas não é verdade que conduzo apenas com uma mão, até porque isso seria impossível. Essencialmente, o meu corpo aprendeu a compensar as minhas falhas”, explicou. Porque os campeões – mesmo aqueles sem troféus – nunca se dão por vencidos.
Foto de Capa: F1