Um Brad Stevens para a dor de cabeça

    Existem duas formas de se curar uma dor de cabeça: tomar uma aspirina ou contratar Brad Stevens. A segunda é mais cara, mas mais proveitosa. O jovem treinador dos Boston Celtics prova constantemente que tem uma das melhores mentes do jogo. Ao longo de cinco épocas a comandar os Celtics, Stevens conseguiu retirar o máximo de cada um dos seus jogadores, até revitalizou algumas carreiras, nomeadamente a de Evan Turner e a de Isaiah Thomas. O estilo de jogo que impõe permitiu aos Celtics ascenderem à luta por um lugar nas finais sem passarem pelo habitual período claramente penoso.

    Nem tudo foi fácil. De um ano para outro, Brad melhorou sempre a percentagem de vitórias da equipa desde que assumiu o cargo de treinador. São cinco anos sempre a evoluir, este vai ser o sexto. Depois de perder um dos seus melhores jogadores na noite de abertura, conduziu a equipa a uma série de vitórias louvável. Atualmente são segundos no Este. Contudo, numa casa rica em história, não basta ganhar para deixar a sua marca – é preciso conquistar o troféu.

    A equipa planeia o ataque ao título desde que arriscaram trocar Paul Pierce, Kevin Garnett (e mais uns quantos) para os Brooklyn Nets, por um “saco azul” de picks. Desde então é o que se sabe – os Nets estão horríveis e os Celtics ainda recolhem os frutos dessa troca. Contudo, o Evereste de picks dos Celtics não acaba aqui: Danny Ainge, ex-jogador da equipa e o seu atual GM, é conhecido por gostar de arriscar e por não ceder, no entanto, perante ele, os outros cedem, e muito. Quanto? O suficiente para não aceitarem negociar devido ao seu historial: é preciso cautela com quem destrói um franchise adversário com apenas uma troca.

    Gordon Hayward, Kyrie Irving, Jaylen Brown, Al Horford, Marcus Smart, Daniel Theis. Todos jogadores importantes no plantel da equipa mais consagrada da NBA. Todos trabalham para um anel de campeão. Todos estão lesionados. Jayson Tatum, o rookie mais promissor, também aparece na lista abaixo, mas acabou por jogar nesta madrugada, na derrota dos Celtics contra os Wizards por um ponto em duplo prolongamento. Brad Stevens apenas usou nove jogadores, dos quais oito estão na equipa pelo primeiro ano. Tiveram imensas hipóteses de ganhar o jogo, porém, a liderança, que foi de vinte pontos a um momento, acabou por se dissolver no bom jogo dos Wizards. Mesmo assim, fica uma imagem do que Brad Stevens consegue fazer com um plantel curtíssimo.

    Hayward e Theis não voltam esta época. O primeiro, depois da horrível lesão sofrida no primeiro jogo da época, o segundo (na sua primeira temporada de NBA depois de alguns anos na Europa) estava a surpreender, e cada vez mais afirmava-se como uma alternativa sólida a vir do banco. Infelizmente, rasgou o menisco do joelho esquerdo, após um choque que parecia pouco grave.

    Já Irving lesiona-se frequentemente. Sendo o melhor marcador da equipa, é inevitável que o jogo ofensivo dos célticos saia afetado. É difícil dizer se a recuperação será demorada. Já Brown sofreu uma lesão arrepiante, que por momentos fez recordar a de Hayward. Depois de se temer o pior, Jaylen Brown levantou-se e saiu pelo próprio pé. No entanto, o seu papel na equipa era fundamental para o equilíbrio defensivo e ofensivo, tendo mostrado uma evolução incrível nesta segunda época de NBA. Todavia, pode ser que o seu regresso esteja para breve.

    Al Horford, provavelmente o jogador mais contestado de todo o plantel, parece não ter nada de grave. Horford é um veterano que apresenta números muito sólidos, contudo, os exigentes adeptos dos Celtics pretendem mais do jogador devido ao seu contrato astronómico. A meu ver, Al nunca será vistoso, mas o que faz, faz bem. Além do mais, é de extrema importância para o sucesso da equipa, visto ser um dos melhores defesas da liga. No ataque tem a capacidade de esticar o jogo lançando a bola de três, algo cada vez mais proeminente, contudo, pouco comum.

    Marcus Smart, o tal que não sabe lançar, yo!, regressou mesmo agora de lesão e mostrou-se a um bom nível. Trouxe consigo a intransigência defensiva que lhe é característica, imprimindo na equipa o mesmo espírito. E, “drumroll please”, tem lançado decentemente. Escusado será dizer que os Celtics melhoraram. É possível que não volte esta época devido a uma lesão no “dedo grande” da mão direita. Ridículo como a época de um jogador pode ruir por causa de um dedo, levando consigo as aspirações da respetiva equipa.

    O estado clínico do plantel dos Celtics, apesar de incerto, não lhes permitirá almejar serem a surpresa dos playoffs. Isso e os Warriors, os Rockets, os Raptors e LeBron James. A verdade é que este não ia ser, nem vai ser, o ano do regresso ao título. É penoso não dar a esta equipa a oportunidade. Não vão poder jogar todos juntos e, consequentemente, ganhar experiência, o que seria importante para o futuro. De certeza que Brad Stevens, mesmo assim, não vai desiludir. Já provou ser o mestre na arte portuguesa do desenrascar. Não me espantaria que fossem às finais. O título? Fica para depois.

    Foto de Capa: Boston.com

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    Gustavo Carvalhohttp://www.bolanarede.pt
    Gustavo é um sujeito moderadamente eloquente, só que no que toca ao desporto é inevitável mandar um bom bitaite. Jogou futsal federado e uma vez foi expulso porque cortou a bola com a mão em cima da linha de golo. O guarda-redes defendeu o penálti: um motivo para celebrar, não fosse o facto da equipa estar a perder 6-1. Para ele a mística de uma equipa é essencial, daí ser um fervoroso adepto do FC Porto e dos Boston Celtics. Consegue, orgulhosamente, ter conversas bem nerds sobre basquetebol. Tenta dar uns toques no humor, mas sem comprometimentos.                                                                                                                                                 O Gustavo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.