«Quando via os meus colegas de seleção a ascender a novos patamares sentia-me algo frustrado» – Entrevista BnR com Diogo Teixeira

    Formado no FC Porto e no Rio Ave, fez parte da famosa geração de 99 que conquistou o europeu sub-19 em 2018. Agora, com 24 anos, Diogo Teixeira espalha magia na Bulgária ao serviço do Lokomotiv Sofia e falou em exclusivo ao Bola Na Rede.

    «O RIO AVE FOI E SEMPRE SERÁ UM CLUBE ESPECIAL PARA MIM»

    Bola na Rede: Depois de várias experiências no futebol português, vais agora para a tua primeira no estrangeiro. Fala-nos um pouco das tuas expectativas para esta nova realidade.

    Diogo Teixeira: Na temporada passada fiz uma boa época na Liga 3 e surgiram algumas oportunidades, tanto em Portugal como no estrangeiro. Apareceu esta oportunidade de jogar numa primeira liga, num nível mais competitivo onde as principais equipas lutam pelas competições europeias, e ter a oportunidade de poder competir neste tipo de contexto abre muitas portas e horizontes para o meu futuro, para aquilo que luto e para aquelas que são as minhas ambições.

    Bola na Rede: E que ambições são essas?

    Diogo Teixeira: As minhas ambições neste momento, a curto prazo, passam por fazer uma excelente temporada este ano, tanto a nível individual como coletivo. Sei que se fizer uma boa época aqui, de forma consistente e a realizar muitos jogos, posso dar o salto aqui na Bulgária ou até quem sabe, para outra primeira liga. Com o meu trabalho as portas ficarão naturalmente abertas no futuro.

    Bola na Rede: Sendo a conquista do Euro Sub-19 um dos feitos mais marcantes na tua carreira, fala-nos um pouco da tua experiência pessoal enquanto campeão europeu. Como é que viveste isso na altura e como é que vives isso até agora?

    Diogo Teixeira: Tive um longo percurso na seleção para chegar até aquele momento, até aquela convocatória final, por isso quando vi que iria fazer parte do grupo foi um momento de grande felicidade para mim. Já no Europeu, como toda a gente sabe, correu tudo muito bem. Éramos um grupo muito unido sem dúvida alguma, a principal característica da nossa geração era mesmo a união do grupo e não só as individualidades, apesar da imensa qualidade de todos. Éramos mesmo uma família, toda a gente se dava bem, todos tínhamos o mesmo objetivo. As ligações já haviam sido criadas anteriormente e foi se sempre dando seguimento a isso. A conquista do Europeu foi mesmo um grande marco da minha carreira, e não me esqueço disso. Depois da competição, quando voltei ao Rio Ave, é que as coisas não correram tão bem. Não tive as oportunidades que queria, que achava que merecia, e não consegui afirmar-me na equipa principal da forma que ambicionava.

    Bola na Rede: No que toca à equipa que fez parte da conquista do europeu, estavam presentes nomes como Jota, Trincão, Diogo Costa, Florentino, David Carmo, etc. Entre estes jogadores e outros pertencentes ao grupo, quem é que para ti sempre demonstrou mais qualidade e quem é que ainda se pode afirmar?

    Diogo Teixeira: Maior parte dos jogadores que estiveram comigo no Europeu já se encontram nos mais altos patamares do futebol nacional e europeu e só isso demonstra a quantidade de qualidade que a nossa geração representava. O Diogo Costa, por exemplo, para mim, está entre os melhores guarda-redes do mundo, se não é mesmo o melhor. Por outro lado, para além de jogadores como o Jota e Trincão que foram os principais destaques na altura e já se afirmaram, existem jogadores como o Domingos Quina, que apesar de ainda não se ter afirmado por completo, tem vindo a jogar em boas ligas e em bons clubes por isso mais tarde ou mais cedo vai fazer uma época que o coloque num outro patamar. A qualidade dele é, e foi desde sempre, incrível. Contudo, mais cedo ou mais tarde, acredito que toda a nossa geração vai conseguir chegar aos seus objetivos porque a qualidade é inegável.

    Bola na Rede: Como disseste há pouco, quando voltaste ao Rio Ave sentiste que não tiveste as oportunidades devidas. Achas que existiu uma má gestão em relação a ti ou não surgiu apenas a oportunidade certa para te lançarem mais afincadamente?

    Diogo Teixeira: Na altura tinha 19 anos, era bastante jovem. No entanto, acredito que poderia ter havido uma melhor gestão ou projeto para mim, de forma a que fosse ambientado ao plantel principal, que tivesse um crescimento sustentado para evoluir na primeira liga, que me permitisse ter mais oportunidades sequer, mas de facto quando voltei integrei o plantel dos Sub-23. Acho que o clube poderia ter traçado um projeto diferente que seguisse certos passos, que tivesse um objetivo para mim. Na altura, quando via todos os meus colegas de seleção a subir e a ascender a novos patamares enquanto eu estava naquela situação, sentia-me algo frustrado com isso. Depois, na mesma época, a jogar nos sub-23, estávamos a fazer uma ótima época e em vias de ser campeões nacionais até ter chegado o Covid, que por azar veio a estragar ainda mais todo o processo. Só no ano a seguir, já com o treinador Pedro Cunha, que me havia treinado na formação, é que me estreei na Primeira Liga e tive mais oportunidades mas ao fim de poucos jogos ele acabou por sair e a minha situação mudou novamente. O facto do Rio Ave estar aflito naquela altura do campeonato também não representava um contexto favorável à minha utilização. Não obstante tudo isso, o Rio Ave foi e sempre será um clube especial para mim.

    Bola na Rede: Atualmente, na realidade de um projeto bastante diferente ao passado, como e que se encontram os teus objetivos para o futuro?

    Diogo Teixeira: As ambições que tenho agora são iguais às que tinha no passado. Antes pensava mais nelas e sentia que até poderiam estar mais próximas a curto/ medio prazo. Agora essa realidade mudou, segui um caminho paralelo mas os objetivos mantêm-se, simplesmente fui-me adaptando à realidade mas nunca esquecendo onde quero chegar e aquilo que quero atingir. Isso passa por jogar na Primeira Liga Portuguesa, nos principais campeonatos da Europa e grandes competições por exemplo. No futuro quero atingir esses patamares, quem sabe voltar a representar a seleção nacional, que é sem duvida um orgulho sem igual, e atingir níveis mais altos. Há inúmeros casos de jogadores que surgem de forma afincada mais tarde e alcançam o sucesso igualmente, são exemplos definitivamente de grande inspiração. Agora sinto que dei um passo a frente nesse processo e acredito que com o todo o meu trabalho e resiliência seja possível chegar onde quero.

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    Guilherme Terras Marques
    Guilherme Terras Marques
    Orgulhoso estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, vê no futebol e na sua cultura uma paixão. É apenas mais um jovem ambicioso que sonha fazer do jornalismo desportivo a sua vida. Escreve com o novo acordo ortográfico