Terminou o primeiro Mundial da história de Futsal Feminino, sob a organização da FIFA, e a seleção feminina de Portugal é a vice-campeã mundial. Na final, saiu derrotada contra o Brasil, onde as brasileiras vencerem, por 0-3. Apesar de saírem das Filipinas com um sabor amargo, a prestação das jogadoras portuguesas foi notável e só foram batidas pela seleção número um no ranking mundial.
Na fase de grupos, Portugal fez o pleno ao derrotar a Tanzânia, o Japão e a Nova Zelândia. Nos quartos de final, goleou a seleção italiana e nas meias-finais voltou a golear, desta vez frente à Argentina. A seleção das quinas só foi travada na final, onde o suposto domínio brasileiro não se confirmou.
No jogo de estreia, a seleção feminina entrou com o pé quente e amassou a Tanzânia, por 10-0. Portugal dominou desde o início até ao fim, mas foram precisos quatro minutos para inaugurar o marcador. A partir desse momento, foi um autêntico festival de golos.
Janice Silva e Fifó tiveram a hipótese de abrir o marcador mais cedo, mas foi Maria Pereira que fez o primeiro golo de Portugal no Mundial. Até ao intervalo ainda houve espaço para mais cinco golos lusos. Ana Azevedo, Kaká, Inês Matos, Fifó, que dedicou à avó, e Kika escreveram os seus nomes na lista de marcadores.
Mesmo com uma vantagem de seis golos ao intervalo, Portugal não tirou o pé do acelerador e prolongou o pesadelo para as tanzanianas. Nem um minuto depois de subirem à quadra, a seleção das quinas chegou aos 7-0 e contou com a ajuda de Issa. A capitã da Tanzânia introduziu a bola na própria baliza ao tentar cortar um passe de Helena Nunes.
Leninha, Lídia Moreira e Carolina Pedreira fixaram o resultado em 10-0. Entrada em grande de Portugal no Mundial Feminino de Futsal. Depois desta vitória histórica, o adversário que se seguia era o Japão e os três pontos colocavam Portugal na próxima fase.
Portugal podia garantir o apuramento para os quartos de final, caso vencesse a seleção nipónica. E assim aconteceu, mas teve que suar para vencer o Japão, naquele que foi o jogo mais complicado da fase de grupos.
A organização defensiva das japonesas complicou e muito a vida às jogadoras portuguesas. Era preciso ter muita paciência e cuidado, porque ao mínimo deslize as nipónicas estavam prontas para contra-atacar. Portugal continuava a pressionar e, finalmente, chegou ao golo e logo, em dose dupla.
Num canto muito bem trabalhado, Carolina Pedreira serviu Ana Azevedo, que só teve de encostar para fazer o primeiro golo da partida. O marcador voltou a mexer, segundos depois, por intermédio de Kaká. A ala do Nun´Álvares intercetou um mau passe da jogadora nipónica e de primeira fez o 2-0. É caso para dizer: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.
No início da segunda parte, os papéis inverteram-se e era o Japão quem mandava no jogo. Portugal defendeu com tudo as redes de Ana Catarina e foi um recomeço muito sufocante. A seleção feminina recuperava aos poucos as rédeas do encontro, mas continuava a desperdiçar oportunidades.
Nos últimos minutos, o Japão apostou no 5×4 e reduziu logo, através de Sara Oino. Faltavam alguns segundos para a buzina tocar e as japonesas continuavam no mesmo sistema, mas Ana Azevedo aproveitou a baliza deserta para fechar o resultado em 3-1.
Com o apuramento garantido, Portugal ia defrontar na última jornada a seleção da Nova Zelândia, que na teoria era a equipa mais fraca do grupo.
Como não há duas sem três, Portugal fez o pleno na fase de grupos ao vencer a Nova Zelândia, por 0-10. A seleção das quinas em três jogos fez 23 golos e só sofreu um golo, sendo a equipa com o melhor registo nesta primeira fase do Mundial.
A turma de Luís Conceição começou a todo o gás e aos três minutos já vencia. Janice Silva servida por Carolina Pedreira fez o primeiro golo do encontro. Foram precisos mais cinco minutos para o marcador voltar a mexer. Boa jogada coletiva entre Helena Nunes e Débora Lavrador, com a jogadora de Poio Pescamar a dilatar a vantagem.
Antes da recolha aos balneários, Portugal fez mais quatro golos. Janice Silva, bisa na partida, Maria Pereira, Fifó e Inês Matos aumentaram a vantagem lusa. A seleção da Nova Zelândia não tinha como responder às investidas portuguesas e só queria o intervalo para ter algum tempo para respirar.
Portugal entrou com a mesma postura na segunda parte e os golos não tardaram em aparecer. Maria Pereira voltou a anotar o seu nome na lista de marcadores e, no minuto seguinte, foi a vez de Kaká. Martinha, aos 33 minutos, também fez o gosto ao pé. O resultado ficou sentenciado com um autogolo da neozelandesa, Catherine Pretty.
Após uma fase de grupos 100% vitoriosa, seguia-se a Itália nos quartos de final. As Le Azzurre ficaram em segundo no Grupo D, atrás da seleção brasileira.
A seleção das quinas era a favorita e não vacilou. Portugal esmagou a Itália, por 7-2, e conquistou a passagem às meias-finais, onde já estava a Argentina à espera de um adversário.
Ana Azevedo encarou a adversária, no flanco direito, e soltou a bola para o segundo poste, onde apareceu Carolina Pedreira para abrir o marcador, aos seis minutos de jogo. Pouco tempo depois, um golaço de Lídia Moreira, ao rematar de calcanhar entre as pernas da guarda-redes italiana, Ana Sestari.
As transalpinas ainda reduziram por Erika Ferrara de grande penalidade, fruto de uma mão na bola de Fifó na área portuguesa. O marcador não se alterou até ao intervalo, mas não foi por falta de oportunidades. Kaká teve nos pés a chance de aumentar a vantagem com a baliza aberta, porém não aproveitou.
O descanso fez bem à equipa portuguesa, que recarregou as baterias da eficácia. Lídia Moreira, ao fim de um minuto, recuperou a bola, ainda no meio-campo português e só terminou nas redes italianas. Num espaço de quatro minutos, a seleção nacional voltou a dilatar a vantagem, primeiro por Janice Silva e, depois, por Kika.
A Itália apostou no 5×4 e Portugal voltou a sofrer, por intermédio de Sara Boutimah. Contudo, Lídia Moreira repôs a vantagem de quatro golos e completou o hat-trick. Grande exibição da pivot do Nun´Álvares. Janice Silva, aos 39 minutos, fechou o resultado em 7-2.
Portugal e Argentina chegaram às meias-meias invictas, e quando se esperava um jogo equilibrado, a seleção das quinas não deu qualquer hipótese e carimbou a passagem à final, por 1-7.
Num lance de bola parada, ainda dentro do primeiro minuto da partida, Portugal inaugurou o marcador, por Lídia Moreira. O domínio luso começava a acentuar-se e, seis minutos depois, Fifó dilatou a vantagem. Grande jogada coletiva entre Janice Silva e Inês Matos.
Num espaço de dois minutos, as redes alvicelestes balançaram três vezes. A pressão alta de Portugal fez com que Mailen Romero cometesse um erro, que foi aproveitado, por Lídia Moreira. Janice Silva só teve que encostar para fazer o quarto golo da partida. A mão cheia chegou através de Fifó.
Antes do intervalo, o resultado estava praticamente fechado e ainda houve espaço para mais um golo, desta vez por Ana Azevedo. Durante 20 minutos, a seleção argentina só viu jogar.
Na segunda parte, o ritmo luso abrandou, mas mesmo assim a Argentina estava longe da baliza de Ana Catarina. Somente, no final do encontro que o marcador voltou a mexer. Inês Matos fez o 0-7 e, no último minuto, Mailen Romero fez o golo de honra.
Mais uma excelente exibição de Portugal e alcançou em grande estilo o bilhete que dá acesso à grande final. A segunda meia-final ocorreu horas depois, onde Luís Conceição e companhia viram o Brasil a esmagar a Espanha, por 1-4.
Chegou o tão desejado dia, a grande final entre Portugal e Brasil, onde as canarinhas eram as grandes favoritas, mas a esperança lusitânia era maior do que nunca. Contudo, não foi suficiente e o Brasil bateu a seleção das quinas, por 0-3.
Foi um início eletrizante, com várias oportunidades de parte a parte. Ana Catarina segurava com muita confiança o nulo do marcador. Isto só era uma amostra da guardiã que conquistaria o troféu da melhor guarda-redes do Mundial. Portugal estava seguro na defesa, mas no ataque faltava eficácia e isso custou muito caro.
Aos dez minutos, o Brasil chegou ao golo. Ana Luiza serviu Emily que, finalmente, conseguiu bater Ana Catarina. A resposta portuguesa foi imediata, mas na baliza adversária, também estava uma parede, denominada de Bianca. No fim da primeira parte, a guardiã brasileira saiu em falso e Lídia Moreira não conseguiu desviar o suficiente para repor a igualdade no marcador.
No recomeço da partida, Ana Catarina voltou a ser chamada a intervir e ia travando as investidas brasileiras. Consoante o tempo passava, as forças das jogadoras portuguesas iam se esgotando e o Brasil voltou a chegar ao golo. Amandinha ampliou o marcador, num lance com muita insistência.
Com uma desvantagem de dois golos, Luís Conceição arriscou mais e o jogo começou a entrar em picardias. O 5×4 não funcionou e o Brasil ainda conseguiu chegar ao 0-3 final. Débora Vanin viu a baliza portuguesa sem ninguém e fechou o resultado. A buzina tocou e a seleção canarinha é a nova campeã mundial de futsal feminino. Além do prémio individual de Ana Catarina, Lídia Moreira recebeu mais dois, a de terceira melhor jogadora e a terceira melhor marcadora do mundial.

