Europa League, 3.ª jornada: quinta-feira, 23 de outubro de 2025, 20h00.
A ANTEVISÃO: IRÁ CONSEGUIR O FC PORTO FINALMENTE MATAR O BORREGO INGLÊS
Existem jogos que prendem a atenção do mundo do futebol pelo simbolismo que representa e a própria expectativa. O jogo desta quinta-feira entre o Nottingham Forest e o FC Porto a contar para a UEFA Europa League é um exemplo de ambos. O trajeto das duas equipas na competição e na própria época até agora não podia ser mais diferente. Uma não conhece a derrota e procura o primeiro triunfo numa zona historicamente marcada por muitas desilusões, outra mal conhece o sabor da vitória e procura virar a página vencendo pela primeira vez na Europa esta época.
O FC Porto tem dominado a Liga Portuguesa até agora, com sete vitórias e um empate em oito jornadas, 19 golos marcados e apenas 1 sofrido. Na UEFA Europa League, a equipa azul e branca apresenta um trajeto de equilíbrio, com bastante de posse, eficácia e solidez evidenciada pelos dois triunfos suados, contudo justos pela energia e talento coletivo. O modelo de jogo assenta numa forte circulação e controlo da posse, com capacidade para concretizar ofensivamente e manter a defesa concentrada. Num coletivo onde brilha até agora a espinha dorsal: Diogo Costa, Bednarek, Froholdt e Samu. Com justiça a menção a nomes como Alberto Costa, Kiwior, Alan Varela, Gabri Veiga, Rodrigo Mora, William Gomes, Borja Sainz e Pepê que muito têm acrescentado a equipa que sonha com reconquistas e consagração.
Apesar do excelente rendimento até à data, os azuis e brancos já encontraram e vão encontrar mais desafios em jogos que exijam alta intensidade ou transições rápidas, onde poderá depender do talento individual dos jogadores ou de ajustes táticos para responder à pressão adversária. Aconteceu com sucesso em Alvalade, num triunfo sobre o Sporting por 1-2, mas não aconteceu no nulo obtido em casa frente ao Benfica. O técnico Francesco Farioli tem conseguido encontrar o equilíbrio ideal para ultrapassar essas situações em geral, mas terá o desafio de o continuar a fazer. Neste caso, ainda para mais num jogo em que o FC Porto nunca venceu em solo inglês. Uma carga simbólica que torna este confronto ainda mais desafiante e significativo para a equipa.
Por outro lado, o Nottingham Forest atravessa um período de reestruturação após mudanças no comando técnico, com a saída de Ange Postecoglou (que não conseguiu encontrar um rumo para a equipa após a saída de Nuno Espírito Santo), dando lugar a Sean Dyche. Um técnico já algo experiente e que ancorado nos seus trabalhos passados no Burnley e Everton, poderá trazer um estilo mais pragmático e focado na solidez defensiva. Antes da troca de treinador, a equipa jogava num bloco médio/baixo, apostando em transições rápidas e na agressividade na recuperação de bola, tentando explorar espaços deixados pelo adversário para criar oportunidades. Daqui pode resultar uma boa solução para os Tricky Trees.
No entanto, a instabilidade técnica afetou a consistência do Nottingham Forest, especialmente contra equipas que controlam a posse e ditam o ritmo do jogo (derrotas algo pesadas por 0-3 frente a Arsenal e Chelsea). A equipa inglesa mostra dependência do momento da recuperação para lançar o ataque e algumas deficiências na construção. Uma situação que piora quando o adversário mantém o controlo do jogo, fazendo com que o Forest fique preso no setor defensivo e ambicionando no máximo uma contenção ou desinspiração do adversário nas oportunidades consentidas. Sob a nova gestão, espera-se que a equipa vá ganhando maior segurança defensiva e melhor gestão dos momentos de desaperto, tornando-se um adversário mais aguerrido e difícil e mais nomeadamente para as equipas que visitam o seu estádio. Será relevante também neste jogo, perceber quais serão as opções do novo técnico.
10 DADOS RÁPIDOS
- O FC Porto nunca venceu em solo inglês nos 24 jogos para as competições europeias (três empates e 20 derrotas).
- O único jogo que os dragões venceram fora contra uma equipa inglesa, foi contra o Chelsea nos quartos de final da UEFA Champions League (0-1), contudo foi disputado em Sevilha.
- É a primeira vez que Nottingham Forest e FC Porto se encontram nas competições europeias.
- Nos 24 jogos disputados em Inglaterra, as equipas azuis e brancas marcaram por 12 vezes e sofreram 57 tentos.
- O Nottingham Forest não jogava competições europeias desde a época 1995/96.
- Nos últimos dez jogos para a UEFA Europa League fora de casa, o FC Porto venceu apenas três.
- O último jogo dos dragões em Inglaterra para uma competição europeia foi em 2023/24, nos oitavos de final da UEFA Champions League, em Londres frente ao Arsenal (derrota por 1-0 e também por 4-2 no desempate por grandes penalidades).
- O adversário que os dragões mais enfrentaram em Inglaterra foi o Liverpool, por cinco vezes se deslocaram a Anfield para quatro jogos da UEFA Champions League (2007/08, 2017/18, 2018/19 e 2021/22) e um da UEFA Europa League (antiga Taça UEFA em 2000/01).
- A última vez que o FC Porto jogou em Inglaterra para a UEFA Europa League foi em 2011/12, frente ao Manchester City (derrota por 4-0).
- O árbitro do encontro será o romeno Radu Petrescu.
JOGADORES A TER EM CONTA
Igor Jesus – No seio de uma equipa aquém do esperado, o avançado brasileiro foi um dos elementos que rapidamente se afirmou como uma das principais figuras ofensivas da equipa. Sendo o melhor marcador do conjunto inglês até ao momento (quatro golos), poderá bem ser a peça-chave para o novo técnico estrear-se com um resultado positivo. Aliás, um bom dia do número 9 dos Tricky Trees fará toda a diferença num jogo equilibrado frente ao FC Porto e manter o enguiço da equipa portuguesa em território britânico. Tendo uma finalização apurada e uma leitura interessante dos espaços, Igor Jesus é um avançado moderno, capaz de se envolver no jogo ofensivo e até coletivo da equipa, não apenas de finalizar. Os seus movimentos entre linhas e a capacidade de combinar com os colegas tornam-no algo imprevisível e relevante num setor atacante que procura um misto de rapidez com mobilidade. A adaptação ao futebol europeu tem sido promissora até agora e terá mais chances para o demonstrar.

William Gomes – O jovem extremo tem vindo a assumir um papel cada vez mais relevante em momentos que os dragões precisam de rasgos de criatividade. Num jogo que a dada altura poderá estar amarrado, o talento de William Gomes poderá fazer do mesmo o “joker” que Farioli procurará para desbloquear um setor defensivo mais fechado e até duro, igualmente dando alimentando uma dimensão mais virtuosa ao ataque azul e branco. Contratado por nove milhões ao São Paulo em janeiro deste ano, dono de uma velocidade explosiva em espaços curtos e de um drible imprevisível, William é o típico extremo que cria desequilíbrios nos duelos. Regista-se também uma grande capacidade de finalizar com o seu pé esquerdo, algo que já mostrou inclusive com um pontapé de fora da área em Alvalade distinguido como “Golo do Mês” e um outro que deu os três pontos nesta competição frente ao Red Bull Salzburg. A sua versatilidade permite-lhe atuar tanto no corredor direito do ataque como a entrar em zonas interiores, adaptando-se bem (como se tem observado) às exigências do modelo tático portista. Atualmente é o segundo melhor marcador do conjunto portista na junção de todas as competições com quatro golos (Samu é o primeiro com oito tentos).
XI´s PROVÁVEIS
Nottingham Forest: Matz Sels, Savona, Milenkovic, Murillo, Neco Williams, Sangaré, Elliot Anderson, Gibbs-White (C), Dan Ndoye, Zinchenko e Chris Wood.
Treinador: Sean Dyche
«Precisamos de voltar a um trajeto vencedor. Sabemos que não foi um início de temporada fácil, é necessário mudar determinados aspetos para tentar atingir os objetivos. Mas, como referi, o grupo de trabalho tem qualidade e já evidenciou isso no passado».
FC Porto: Diogo Costa (C), Alberto Costa, Bednarek, Kiwior, Francisco Moura, Alan Varela, Victor Froholdt, Gabri Veiga, William Gomes, Borja Sainz e Samu.
Treinador: Francesco Farioli
«Foi mais complicado analisar a equipa adversária, especialmente para a equipa de scouting, que tinha tudo analisado para o outro treinador. Mas preparámo-nos para dois ou três nomes que estavam a ser associados ao lugar e assim que se soube que era Sean Dyche, focámos todas as nossas atenções nele. Sabemos que tem uma ligação forte com o clube. Amanhã não será apenas um jogo de futebol, o fator emocional estará muito presente. É um treinador com um sistema forte- nos meus anteriores clubes usava vídeos dele pelo espírito da equipa e pela forma que defendiam a sua baliza».
PREVISÃO DE RESULTADO: Nottingham Forest 1-2 FC Porto