O último evento especial da WWE em 2025 era aquele que prometia mais emoções fortes. John Cena ia disputar o último combate da sua riquíssima carreira e marcar o fim de uma era na WWE. Por sugestão do antigo Doctor of Thuganomics, este evento também teria mais três combates de exibição entre estrelas do main roster e lutadores do NXT, com Oba Femi, Sol Ruca, Je’Von Evans e Leon Slater (que é da TNA, para já) a terem oportunidade de se mostrar contra alguns dos melhores do plantel principal.
DEIXOU MUITO A DESEJAR (E NÃO FORAM AS SUPERSTARS)
Cody Rhodes abriu a noite (sim, porque John Cena nunca ia ser o combate inicial do seu último show) contra Oba Femi, num combate entre campeões da WWE e do NXT. Femi teve uma excelente reação do público, tal como no SmackDown do dia anterior. O nigeriano foi apresentado como um monstro e dominou a fase inicial, até Cody responder com Cody Cutters. Após um ataque na mesa de comentadores, Rhodes ficou a sangrar de uma orelha. Depois de dez minutos que deixaram água na boca, Drew McIntyre veio para causar imediatamente uma desqualificação, atacando Rhodes e deixando Femi furioso. Os dois adversários uniram-se para atacar o escocês, levantando a mão um do outro antes de saírem.
O final foi altamente insatisfatório, sem qualquer culpa de Rhodes ou de Femi. Havia dezenas de maneiras de fazer com que McIntyre se envolvesse no final de modo a que o final fosse interessante, e não foi. Deviam ter tido mais tempo de combate e Drew podia ter feito outra coisa e foi apenas uma desqualificação descarada. Para piorar as coisas, McIntyre foi destruído por ambos e nem saiu do segmento bem visto.
Nota do combate: 3.75/5
SOL RUCA CONSEGUE FAZER TUDO
De seguida, tivemos o combate feminino, com Bayley, uma das mulheres mais respeitadas e conceituadas do balneário feminino, a defrontar Sol Ruca, uma das melhores que o NXT tem para oferecer neste momento. O combate foi um showcase do atleticismo de Ruca, com um X-Factor, um Sasuke, um Cartwheel DDT, e, claro, o Sol Snatcher, antes de Bayley e Ruca trocarem roll-ups para a vitória da lutadora do NXT.
Também fiquei a desejar que este combate tivesse um pouco mais de tempo, mas, tirando isso, não podia pedir muito mais. Bayley fez tudo o que estava ao seu alcance para garantir que Ruca brilhava e a lutadora do NXT correspondeu, mostrando tudo aquilo que consegue fazer. Sol ganhar foi algo positivo, com Bayley a ser provavelmente a lutadora do main roster que mais podia arriscar uma derrota (Cody, AJ Styles e Dragon Lee são campeões) e dando a Ruca a maior vitória da sua carreira até agora.
Nota do combate: 4/5
A TODA A VELOCIDADE
O atleticismo não ficava por aqui, com AJ Styles e Dragon Lee a lutarem contra dois jovens de 21 anos que vão dar muito que falar na WWE, Je’Von Evans e Leon Slater (que ainda pertence à TNA). O duelo teve um ritmo altíssimo, com Je’Von e Leon a mostrarem daquilo que são capazes a toda a velocidade e AJ e Dragon a não deixarem o nível cair. Houve um momento em que Styles tropeçou nas cordas ao tentar um Phenomenal Forearm, mas Slater resolveu bem a situação e passaram rapidamente para o final, em que AJ apanhou um Slater voador com uma powerbomb, passando rapidamente para um Styles Clash que garantiu o triunfo.
Este foi o combate mais curto da noite, mas foi disputado a um ritmo tão alto que as pessoas nem pensaram na duração. Evans e Slater têm energia para dar e vender e Styles e Dragon acompanharam, com exceção do Phenomenal Forearm. Muito mérito para Slater nesse momento, que foi rapidamente para um pin e depois improvisaram outro momento. Mais um combate que serviu o seu propósito, destacando as virtudes dos lutadores do NXT e dando a vitória aos lutadores certos.
Nota do combate: 4.25/5
THANK YOU, CENA
Depois de um momento bem-humorado que envolveu The Miz, R-Truth e Joe Hendry, chegava a altura do main event, com Gunther a ser o último adversário da carreira de John Cena. O austríaco dominou a maior parte do tempo, procurando nos instantes iniciais que Cena se rendesse após algumas clotheslines, antes de Cena responder com os seus habituais ataques. Após alguns false finishes, Gunther aplicou a sua sleeper hold, com Cena a tentar escapar, mas a ter dificuldades. Mesmo depois de um Attitude Adjustment, o Ring General voltou rapidamente ao sleeper, com Cena a esboçar um sorriso antes de desistir, algo que só tinha feito quatro vezes na sua carreira, a última das quais em 2004.
Os últimos momentos foram os mais emocionantes da noite, com todo o balneário a vir aplaudir Cena, com Cody Rhodes e CM Punk a entregarem-lhe os seus títulos mundiais (e com Triple H a receber assobios do público pelo booking). Cena ainda pôde assistir a um vídeo de homenagem feito pela produção da WWE antes de deixar os seus ténis, joelheiras e braçadeiras dentro do ringue, agradecendo a todos pelo apoio.
Pessoalmente, este não seria o desfecho que eu faria. Era um show para celebrar a carreira de Cena e acho que seria bem mais satisfatório, depois do three-arm drop, contra-atacar o sleeper para um STF e fazer Gunther desistir. Por outro lado, não tenho dúvidas que a submissão foi algo pedido pelo próprio John Cena. De resto, o combate começou lento, depois acelerou e acabou por ter bastante tempo. A reação dos fãs foi bastante exagerada, incluindo no post-show, e retirou o spotlight daquilo que mais interessava, mas o desfecho não me escandaliza.
Nota do combate: 4.5/5
No geral, foi um show que ficou muito ligeiramente abaixo das minhas altas expetativas, mas acabou por ser bem-sucedido na sua maioria. O final do combate inicial foi irritante, os três combates iniciais podiam ter sido mais longos e o main event não teve o resultado que eu queria (embora não me tenha chateado tanto como chateou as pessoas de Washington), mas os pontos positivos foram muito maiores do que os negativos. Os lutadores do NXT foram bem destacados e o combate final foi bem construído, com Cena a terminar a carreira da forma que queria.
Nota final: 92/100

