A relato da experiência do Bola na Rede no Euro 2024

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    O Bola na Rede esteve presente no Euro 2024. O jornalista Diogo Reis e o fotógrafo Filipe Oliveira passaram-nos um pouco da sua experiência na competição.

    ERA UMA VEZ NA ALEMANHA… E O BOLA NA REDE ESTEVE PRESENTE!

    12 jogos, 7 cidades, 4266 quilómetros percorridos. Não tantos como Rodri e Fabián Ruiz cobriram o meio-campo da Espanha ao longo do Euro 2024, mas foi uma bela distância. Poeticamente, a primeira e última paragem foram ambas no Estádio Olímpico de Berlim, com a Espanha a vencer. O olhar e o sentimento, contudo, são diferentes. Após uma teia de burocracias em torno do levantamento da credencial, ter de dar a volta ao estádio com milhares de indicações e malas atrás, a salsa espanhola sobre a Croácia compensou. Dois dias depois, o foco era Portugal x Chéquia.

    O dia 18 foi especial. Apesar de não ter começado da melhor forma – chaves deixadas em casa (bem miúdo) – o cheirinho a Portugal viria mais tarde. Entre o Queremos levar a Taça e o Pouco importa pouco importa, vinha o Kuduro e a “música do Paulinho”, com muitos portugueses a cantar e saltar. Cerveja na mão e matraquilhos ao lado. Estávamos em Portugal e isso perdurou para o jogo. Claro que tínhamos de sofrer primeiro (grande golo da Chéquia) e resolver mesmo no final. Obrigado Francisco Conceição por garantir a vitória e sobretudo uma noite bonita para a memória.

    O TSUNAMI NEERLANDÊS E O MICHAEL PHELPS DO BOLA NA REDE

    Nos dias entre jogos, íamos muito às fan zones, espaços dedicados aos adeptos com inúmeras atividades (jogos de FIFA, campos de futebol, desafios, ecrãs gigantes, comida e bebida). Ou seja, o paraíso. Antes do segundo duelo de Portugal, esperámos pelo França x Países Baixos por ser em Leipzig e ser um “grande jogo”. Nunca pensei que ser engolido por um mar de neerlandeses de três metros e meio e levar com cerveja em cima pudesse ser uma grande experiência. Já o jogo, não adormeci por milagre. Vinha Portugal no Signal Iduna Park. Tinha tudo para ser mais um grande dia e foi.

    Numa cidade de quase mais turcos que alemães, uma das preocupações era o ambiente por ser Turquia x Portugal, mas o futebol impôs-se. Foi dos melhores jogos de Portugal neste Euro 2024, Bernardo Silva foi o homem do jogo e Cristiano Ronaldo fez aquela assistência a Bruno Fernandes, altamente falada. A bonança antes da tempestade. Até ao jogo com a Geórgia, inspiramo-nos em Phelps e fizemos piscinas para ver o Croácia x Itália (puro cinema com golo ao último minuto) e França x Polónia, entre Leipzig e Dortmund.

    No Portugal x Geórgia, vi algo inédito. A Seleção Nacional já tinha garantido a passagem e a Geórgia deu tudo em campo e ganhou possivelmente o maior jogo da sua história. Vários jornalistas georgianos a celebrar e, na conferência de imprensa, foram muitos os que levaram camisolas da Geórgia e do Kvaratskhelia no Nápoles. Foi algo que nunca tinha visto. Até casa, foi um pesadelo. Faltou a eletricidade na linha de comboios e milhares de pessoas tiveram de ir a pé à 1h e tal da manhã. Assim terminou a fase de grupos. E por falar em pesadelo…

    PORTUGAL: DO CÉU AO INFERNO EM PENÁLTIS

    Se bem se recordam o Alemanha x Dinamarca nos oitavos-de-final foi interrompido por tempestade. «Não terá sido exagerado?», tive amigos a perguntar. Acreditem que não. Os trovões queriam bilhete e aproximavam-se com mais força e frequência, acompanhados de uma chuva estranhíssima. Entretanto, houve quem aproveitasse as cascatas no estádio para brincar ao aquashow. Não foi bonito para regressar a casa, mas lá deu certo novamente.

    De tempestade em tempestade a próxima paragem no mapa era Frankfurt para o Portugal x Eslovénia. Foi um jogo de emoções e muito complicado de assistir, desde o choro de Cristiano Ronaldo ao penálti final de Bernardo Silva. Diogo Costa vestiu capa de herói e foi o homem do jogo, seguindo para a conferência de imprensa. No final, esqueceu-se do prémio de melhor em campo. Tudo a rir e a chamá-lo. Voltou à sala e ainda atirou um “Ganhar é mais importante” em inglês. Máquina.

    Michael Phelps teria orgulho. Com os Jogos Olímpicos à porta, foi hora de fazer mais umas piscinas e, entre dia 2 e 3, fomos para Munique (sul) para cobrir o Roménia x Países Baixos e depois Hamburgo (ponta norte) para o próximo jogo de Portugal. Os dias de Portugal eram sempre os mais especiais. 0% preocupações e 100% bons momentos entre adeptos esperançosos, as músicas habituais e uma diferente felicidade no rosto de cada um. Reforçava a tese de que “casa” não é um lugar, mas sim um sentimento. Quanto ao futebol, foi talvez o melhor jogo de Portugal e, por isso, perder com a França nos penáltis foi doloroso. Acabou. Custou. Mas continuámos pela Alemanha com outro sonho em mente.

    LAMINE YAMAL CADA DÍA TE QUIERO MÁS” E A ÚLTIMA DANÇA

    Voltava a Munique para o Espanha x França nas meias-finais e o destaque foi Rabiot x Lamine Yamal. Um falou na conferência e o outro respondeu em campo, com xeque-mate certeiro e na cara. Não sei se foi o melhor golo do Euro 2024, mas foi o melhor golo que já vi ao vivo. Talvez pelo contexto, mas sobretudo pela visão perfeita que a UEFA me abençoou: parte de baixo, no lado direito do campo e junto à ala de Lamine Yamal. Só esse momento valeu os esforços dos “flixbus” calorentos e as loucas viagens intercidades. Foi o fim para a França de Kylian Mbappé e também podia ter sido o fim para o Bola na Rede. Fomos rejeitados na segunda meia-final (Países Baixos x Inglaterra), diria pela maior quantidade de jornalistas a pedir acreditação. Contudo, deu certo e apurámo-nos para a final.

    Espanha x Inglaterra. De um lado, a melhor seleção deste Euro que jogou um futebol ofensivo que entusiasmou e do outro, uma seleção de 7 vidas que foi sobrevivendo sabe-se lá como. Em Berlim, não era difícil de encontrar os ingleses. Primeiro, já falavam super alto e depois ouvia-se frequentemente o Football Is Coming Home e o Hey Jude. Sentiu-se a maior presença no Estádio, até porque a Inglaterra nunca venceu um Europeu. 15 minutos do apito inicial, começou uma linda cerimónia, com coreografia, concerto dos OneRepublic, Leony e MEDUZA, labaredas, luzes e fogo de artificio até dizer chega. E pela 12.ª e última vez, ouvi o tal “We On Fire” que já alugou quarto na minha cabeça e espaço no coração.

    No início da segunda parte, Lamine Yamal e Nico Williams dançaram na melhor dança (1-0), Cole Palmer arrefeceu o jogo (1-1) e Mikel Oyorzabal deu o pontapé final para o início de uma noite de fiesta espanhola. À medida que a Espanha levantava a Taça e o fogo de artifício cobria a vista, era o fim. Era o fim do Euro 2024, mas também era o fim de um torneio histórico para o Bola na Rede. O fim de um mês de comboios e estadias intermináveis. De bons e maus momentos. De uma vida dentro de uma vida. No fundo, o fim da melhor noite e melhor experiência que alguma vez tive. Foi um verdadeiro prazer.

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    Diogo Lagos Reis
    Diogo Lagos Reishttp://www.bolanarede.pt
    Desde pequeno que o desporto lhe corre nas veias. Foi jogador de futsal, futebol e mais tarde tornou-se um dos poucos atletas de Futebol Freestyle, alcançando oficialmente o Top 8 de Portugal. Depois de ter estudado na Universidade Católica e tirado mestrado em Barcelona, o Diogo está a seguir uma carreira na área do jornalismo desportivo, sendo o futebol a sua verdadeira paixão.