André Villas-Boas deixou duras críticas à Liga Portugal e elogiou o trabalho realizado pelo departamento clínico do FC Porto.
No editorial da edição de setembro da revista Dragões, André Villas-Boas não poupou críticas à Liga Portugal, na sequência da polémica gerada pela data do jogo frente ao Arouca. O presidente do FC Porto apontou o dedo à presidência de Reinaldo Teixeira:
«O que tem feito o principal responsável pela resposta a este adivinhado declínio? Pouco. Muito pouco. Traz respostas, mobiliza os clubes para uma reação coletiva e organizada? Não. É inócuo e vazio na sua liderança dos clubes portugueses, o que não impede a multiplicação de artigos e colunas de opinião laudatórias nos diferentes jornais desportivos dos seus extremamente bem pagos diretores executivos. Para quando um artigo sobre a 2.ª Liga ser o campeonato com menos tempo efetivo de jogadas em open-play de 66 ligas do mundo inteiro, acima das ‘competitivas’ ligas da Costa Rica, Peru, Equador e Emirados Árabes Unidos?»
O dirigente prosseguiu, criticando episódios recentes que afetaram o calendário do FC Porto:
«Somos embrulhados em sucessivos episódios, por um lado caricatos, por outro em comportamentos continuados que nos fazem duvidar das intenções de certos intervenientes. O que assistimos nos últimos tempos é bem ilustrativo: ficam para a história os ‘casos’ do quase adiamento do jogo com o CD Nacional e o adiamento do encontro com o FC Arouca, decisões tomadas à margem do bom-senso, obrigando a leituras enviesadas e esforçadas dos regulamentos. Irresponsabilidades que, além de obrigarem o FC Porto a disputar três jogos num curto espaço de tempo, comprometem a preparação otimizada e a gestão do esforço, seja para as competições europeias, seja para jogos vitais da Liga, como um FC Porto x SL Benfica, por mero acaso».
Apesar das críticas, Villas-Boas destacou o trabalho interno do clube:
«Abro aqui um breve parêntesis para evidenciar o fantástico trabalho do nosso departamento clínico, cuja competência e entrega têm sido fundamentais na recuperação célere de muitos atletas. São esforços pouco visíveis, mas absolutamente decisivos para garantir que a equipa se mantém competitiva em todas as frentes, mesmo perante um calendário dificultado por terceiros».
O dirigente concluiu com uma crítica severa à organização da competição:
«Pior seria impossível: o que dizer de quem não tem capacidade de organizar os calendários competitivos de forma a não prejudicar um clube envolvido nas competições europeias, ou de alguém que fomenta confrontos institucionais desnecessários entre clubes que deveriam estar unidos na defesa do fortalecimento de uma Liga que se desvaloriza continuadamente?»