Gonçalo Pereira é treinador atual do KPV da Segunda Liga da Finlândia. O Bola na Rede teve a oportunidade de o entrevistar.
Gonçalo Pereira é atualmente o treinador do KPV, clube que está em 2.º lugar da Segunda Liga da Finlândia. O português teve a primeira experiência como treinador principal de uma equipa A no Floro (Noruega) e agora está no KPV da Finlândia. Gonçalo Pereira falou com o Bola na Rede sobre a experiência nestes países, dando como exemplo alguns jogadores bem conhecidos:
«Já há muitos anos que ando pela Escandinávia. O futebol da Finlândia era o que eu conhecia menos, tive a mesma sensação de quando cheguei à Noruega: que o futebol tem muito mais qualidade do que nós portugueses estamos à espera e que o jogador finlandês tem um potencial de desenvolvimento. Agora vemos Schjelderup no Benfica, o que Gyokeres (sueco) está a fazer no Sporting, Haaland e Odegaard na Premier League, por exemplo. São mercados emergentes e tem muito potencial para crescer. Não é uma Liga como Portugal ou os big-5, mas é um futebol que se está a desenvolver muito».
«Neste ano, estamos bastante bem nos lugares cimeiros do campeonato. Na Taça, chegámos aos quartos-de-final, onde ganhámos a equipas da primeira e segunda liga. Foi bom para crescer. A época tem sido bastante positiva. Estes primeiros sete meses tem sido uma aventura muito positiva», acrescentou Gonçalo Pereira.
Gonçalo Pereira falou sobre o KPV e a luta para subir à Primeira Liga da Finlândia:
«O KPV é um clube com alguma história. Está numa fase de restauração financeiro e estrutural, o que afeta também o plano desportivo. As coisas tem sido bem feitas com muita calma. Definimos o que queríamos para esta época: conseguir estar na luta pela subida de divisão. Subindo ou não (não sendo a coisa mais vital do mundo) queremos lutar e é lógico que começamos a apontar e pensar na subida. Só sobe um direto e é muito complicado, mas mesmo que tenhamos de jogar um play off, estamos confortáveis com isso. Estar na luta foi sempre importante».
Gonçalo Pereira refletiu sobre a diferença entre o futebol português e o futebol finlândes:
«Faço essa comparação mais a nível cultural. O futebol é vida em Portugal. A partir dos 4 ou 5 anos é ir para a rua jogar. Aqui na Escandinávia são um pouco diferente. É uma cultura muito disciplinar. Há muitos miúdos que vão para o hóquei do gelo e outros desportos, até chegar ao desporto. A grande diferença é a intensidade e o entendimento do jogo. O entendimento do jogo do jogador finlandês não é o mesmo do que o do português. Aqui é um futebol mais de posse, pausado e com menos agressividade (no sentido em que são mais de esperar pelo erro em vez de forçar o erro). É um pouco mais lento, mas estamos a tentar mudar isso e transformar num futebol mais português».
Gonçalo Pereira abordou também objetivos a médio e longo prazo na sua carreira:
«Quero chegar muito rápido a uma primeira divisão europeia. Acho que tenho condições para isso e quero que isso suceda o mais rápido possível. Trabalho desde contexto de miúdos praticamente todos os escalões de formação até ao sénior, observação, treinador adjunto e agora principal. Tenho aprendizagens e capacidade para lá chegar. Mais a longo prazo quero estar em equipas que disputam competições europeias. Mas mais importante que isso quero estar preparado ao máximo para não chegar lá, estar um ou dois anos e ter de baixar o nível».