José Mourinho projeta Benfica x Nápoles. Águias recebem esta quarta-feira emblema italiano na Champions League.
José Mourinho já fez a antevisão ao Benfica x Nápoles, jogo a contar para a sexta jornada da fase de liga da Champions League. Em conferência de imprensa, o técnico das águias começou por dizer o seguinte:
«Itália? Não sei se será uma vantagem ou não. Se calhar demoro menos tempo a analisar se fosse uma equipa ou cultura que não conhecesse. Só isso. Não significa que as qualidades deles passem a ser inferiores. É uma equipa muito forte, dois Scuddetos num curto espaço de tempo. Joga de forma diferente do início da época, infelizmente para nós. Gosto muito mais de como jogam agora do que como jogavam antes».
«Contra o Sporting fizemos um bom jogo. Fomos mais fortes que o bicampeão nacional e que é uma ótima equipa. Fomos penalizados por um início de jogo mau, com um erro individual ou de dois elementos que é uma coisa que nos tem penalizado nas últimas jornadas. Com o Bayer Leverkusen foi o nosso jogo mais conseguido, o empate seria contrário à imagem do jogo. Acabamos por perder com um erro individual, com o Chelsea e Casa Pia um autogolo, CD Nacional começámos a perder com erro individual. Da organização e coesão tática está mais forte, mas a este nível os erros individuais pagam-se».
«Baixas no Nápoles? Não me faça rir. Uma coisa é não teres Lukaku e teres Hojlund e Lucca no banco. Não me faças rir com jogadores que faltam. Não ter De Bruyne e ter McTominay e Elmas… As minhas ausências fazem-me chorar. Não é o que quero nem como filosofia. Quando perdemos o Lukebakio disse que queria soluções. No Nápoles, um plantel como esse, esquece-se quem falta. Por quem falta, tiveram de mudar de sistema, para um que faz o Nápoles melhor».
«Não vejo jogos do campeonato italiano. Fixo-me onde trabalho, vejo os jogos possíveis e imaginários de onde estou. Fico com pouco tempo para ver jogos de campeonato que não estou. Existe uma cultura tática elevadíssima, todos trabalham o lado tático do jogo, cultura forte nos duelos e marcações individuais, fisicalidade para isso. As equipas com melhor qualidade individual aliam o que fazem no tático às individualidades fortíssimas. O Nápoles é uma equipa fortíssima».
«Interesse do Real Madrid? Se. Não me façam perguntas de se. Nem preciso de fechar o assunto, já está fechado. Foi você que o abriu. Esqueça isso».
«Mercado de janeiro? Tem várias nuances. Não penso em mercado. Ao pensar em tirar o melhor dos jogadores que tenho e da formação, já trabalho de um modo em que parto do pressuposto que não há mercado. Para ter uma ideia, amanhã temos nos 23 jogadores [convocados], 10 jogadores da formação do Benfica, três pela primeira vez comigo, que chegam recentemente. Não são o António Silva, nem o Tomás Araújo, três que acabaram de chegar e entrar. Tudo o que aconteça no jogo e influencia o mercado influencia zero o meu pensamento. Parto do princípio que não há mercado, se vier ótimo. Amanhã só interessa no aspeto puramente desportivo. Enquanto a matemática me der esperança, tenho esperança. Só a matemática pura me tira a esperança a qualquer nível. Não sei se nove pontos chegariam, 10 de certeza. Vamos partir do pior pressuposto, perdemos e ficamos com três pontos. É ultra possível, mas é possível. Se fizermos três pontos, chegamos a seis e podemos fazer 10 ou 12 pontos. Não me tira o sono, quero ter a minha gente na máxima motivação possível. Temos de ganhar amanhã».
«Não sei se estaria melhor se tivesse começado, ou se estaria pior. É uma leviandade dizê-lo. Não quero entrar por aí, não me sinto confortável. Se fosse eu, não teria começado o campeonato com este plantel, mas não fui eu. Foi o treinador anterior que decidiu e pediu. Se continuasse, poderia estar melhor, talvez sim, talvez não. É uma leviandade esse tipo de comentários. Não sou capaz de dizer que comigo está melhor ou pior».
«Formação? O José Neto está convocado para amanhã, se está convocado pode jogar. Os meninos precisam que, se errarem, não os martelem. Já é suficiente a pressão inerente à estreia, a passar para o escalão e competição maior.É suficiente esse tipo de pressão. Acrescentar mais pressão a isso é a pior coisa que pode acontecer. Os jogadores têm potencial, mas alguém tem de os meter lá dentro, senão seriam jogadores de ponto de interrogação. Para jogarem, têm de ser melhores. O Scott McTominay joga porque alguém o meteu a jogar [José Mourinho no United]. O José Neto vou ser eu».
«O Nápoles e o Antonio Conte são apenas um, não podemos falar como se fossem duas coisas diferentes. É impossível olhar e dizer que são fracos, não sabem fazer e que podemos aproveitar fragilidades. São equipas de consciência tática muito grande. O Antonio é muito exigente no mercado, cria sempre uma equipa forte com boas opções. Considero o Antonio um dos treinadores mais fortes».
«Temos sete jogos [com Antonio Conte] todos muito intensos, componente emocional forte».
«McTominay e Spinazzola emocionais? Não. São antes e depois do jogo, mais nada. Durante o jogo não há tempo para pensar nisso. Não tenho tempo de pensar em viagens longe do jogo. Precisamos de ganhar, contra um adversário muito forte. Será um jogo muito difícil para nós. Faremos os possíveis para ter um bom resultado».
«O Benfica é um dos maiores clubes do mundo, vamos sempre até ao fim. Não há uma cultura que não seja essa, o lema é E Pluribus Unum. Ganhar deixa-nos numa situação boa, se não deixa resultados. O Neres é bom, o Politano também, se trocarem não muda nada. O Nápoles é isto, uma equipa que vive do talento individual e a uma cultura tática muito forte, de um grande treinador».
«O Nápoles é forte em transição defensiva, bolas paradas, sete gigantes na área, constrói a três e a quatro, com um grande trabalho como o Antonio, antes também com o Spalletti. Têm fortes transições, têm o Hojlund e eu bons centrais, mas também têm bons extremos, bons laterais, o McTominay que chega à área com velocidade».

