Luciano Gonçalves assumiu que nenhum árbitro será afastado por parte do Conselho de Arbitragem em funções.
Luciano Gonçalves, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, assumiu que não pretende afastar nenhum árbitro, negando que a jarra seja uma solução para os problemas:
«Temos muita confiança neste quadro de árbitros. Mas é muito importante perceber o que é a tipologia de árbitros que temos nos quadros. 40% dos nossos árbitros têm três ou menos anos na 1.ª Liga. 25% tem dois anos ou menos. 67% dos nossos VAR têm menos de 50 jogos no desempenho dessa função. E 30% dos VAR iniciaram este ano a sua carreira no desempenho dessa função. Como perceberam, fomos alargando o leque de árbitros nos principais jogos. A partir do momento em que estão no futebol profissional, estão aptos para estarem em qualquer estádio. Não podemos continuar a ter um ou dois árbitros em dérbis e clássicos. E este CA e direção técnica continuarão a trabalhar para que haja cada vez mais árbitros em dérbis e clássicos. Antes de passar a palavra, permitam-me mais uma nota. Com este CA, não existirão jarras. Eu disse recentemente, quando tomei posse, que jarras são para flores. E assim mantenho. O que este CA faz é aquilo que qualquer clube faz com os seus ativos: faz gestão dos seus jogadores. Jamais irá fazer jarras porque os jogos correram bem, mal ou por pressão exterior. Iremos gerir sempre os ativos com responsabilização, assumindo os erros, responsabilizando os erros, mas jamais irá gerir com pressão externa ou ruído inerente. Sempre com o princípio de responsabilização do erro. Para nós é muito importante que os árbitros sejam defendidos, estejam tranquilos, valorizando a competência deles. A muito curto prazo iremos apresentar o Plano Nacional de Arbitragem, em janeiro. Irá ser a nossa Bíblia para os próximos 12 anos, onde irá ficar bem claro o que queremos da base ao topo da arbitragem nacional. Temos de triplicar o número de árbitros, mesmo sabendo que é muito difícil. E para isso, existem uma série de fatores que têm de se conjugar: criar condições para que os jovens queiram dedicar-se a isto, temos de respeitar o futebol. E isso só é possível se todos tivermos o mesmo espírito».
Duarte Gomes também abordou a questão:
«O que sentimos quando os nossos árbitros dizem a sua verdade é orgulho. Mas também sentido de cumprimento de missão. Estão obrigados a colocarem, nos seus relatórios, tudo o que acontece em termos desportivos e extradesportivos, nomeadamente em incidentes. Quando o Fábio, o Gustavo, ou qualquer outro árbitro coloca no relatório o que presenciou, sentimos que cumpriu a sua missão. Também sentimos que há coisas que saem da esfera da arbitragem para irem para a esfera disciplinar. A justiça tem os seus prazos e fará seguramente prevalecer a verdade. Em relação à questão da jarra, acho que ficou muito claro que não apenas falamos em jarras, como não mostramos a ninguém que vamos fazer isso. Os primeiros a saber quando vão ser responsabilizados são os próprios árbitros, não a imprensa nem os clubes. Qualquer outra coisa que oiçam, não foi pela via oficial. Os próprios árbitros, muitas vezes, sentem que depois de um jogo mal conseguido, e com visibilidade… Muitas vezes é a visibilidade. Um erro num jogo de 5-0, tem muito menos impacto do que um erro num jogo de resultado incerto até ao último minuto. Muitas vezes, a gestão dos desempenhos nem é para castigar o árbitro, mas sim para protegê-lo da exposição. Um erro tem consequências até familiares para os árbitros, e protegê-lo é o mais sensato. Mas é importante que se sintam responsabilizados. Quando erramos, temos de assumir as consequências. E não é só a não nomeação. É o fator económico, a auto-estima e o processo classificativo. Quando acharem que os árbitros não são responsabilizados, estão enganados, acreditem. São… E muito».

