Manuel Machado: «O futebol tornou-se muito mais condicionado e muito mais previsível»

    Manuel Machado foi o convidado especial do Bola na Rede TV e falou sobre diversos temas. O técnico de futebol falou sobre diversos temas da atualidade encarnada e a sua experiência profissional.

    Manuel Machado esteve no Bola na Rede TV e deixou várias indicações interessantes sobre a atualidade desportiva e sobre a sua carreira profissional. Estes foram alguns dos temas em destaque:

    A CARREIRA

    Manuel Machado falou sobre o crescente interesse dos jovens em quererem ser treinadores e explicou a que se deve essa tendência:

    • «Futebol ganhou dimensão e abriu-se janela grande e é normal que os jovens se revejam em treinadores. A absorção do conhecimento técnico é importante e faz-se em qualquer atividade. Portanto, é importante transmitir esses valores, mas qualquer um tem legitimidade para enveredar por essa área. Agora, é efetivamente um fenómeno novo».

    Manuel Machado falou também sobre os convites que recebeu e a possibilidade de treinar no estrangeiro:

    • «Estrangeiro nunca foi um objetivo permanente. Saí para a Grécia e continuam a aparecer convites, mas as culturas dos países são muito diferentes da nossa, daí não ter aceitado nenhum convite. Ainda assim, se surgir algo interessante do plano desportivo e financeiro. As últimas duas experiências no FC Arouca e Moreirense FC as coisas não correram tão bem e eu tenho repensado bem nos convites, até porque recebi convites em equipas em dificuldades na Segunda Liga. Também apareceram opções, por exemplo na Líbia, Botsuana ou Iraque que me levaram a não aceitar».

    Manuel Machado falou também sobre a sua experiência na Grécia, no Aris de Salónica:

    • «Esta saída teve coisas boas e menos boas, mas algumas até más. Do ponto desportivo foi bom, chegamos a meio da temporada. Passamos a ter uma média de 2 pontos e tínhamos tudo na última jornada para conseguir um apuramento internacional frente ao Asteras. O jogo acabou aos 20 minutos por um arremesso de uma garrafa da bancada. Ficou tudo estragado, até porque fomos castigados com a derrota e um jogo á porta fechada. Depois houve incumprimento financeiro, até tive de pagar o meu voo para voltar».

    Manuel Machado respondeu também aos comentários sobre o facto de poder ser visto como um “bombeiro” em alguns clubes com contas complicadas no campeonato:

    • «Bombeiro? Tentei fazer isso com o CD Nacional e as coisas não correram bem. Estavam com seis derrotas consecutivas, mas as coisas não resultaram bem. O clube acabou por deslizar e não conseguimos alterar o rumo das coisas».

    Sobre o desafio que mais exigente da carreira, o técnico português respondeu da seguinte forma:

    • «Situação que vivi em Moreira de Cónegos entre 1999 e 2003 foi a mais exigente e o maior desafio que tive. Tinham descido da Segunda Liga para a Segunda Liga B e tinha condições de trabalho muito básicas e estrutura muito simples. Foi preciso um trabalho conjugado entre a parte técnica e administrativa. Conseguimos vencer, nesta divisão, na segunda divisão e finalmente conseguir chegar à Primeira. Melhorou-se o estádio e passou de um pelado a um sintético».

    Já em relação ao jogo mais marcante da carreira, Manuel Machado não teve dúvidas:

    • «O jogo que mais me marcou foi em 2008/09. O CD Nacional qualificou-se para a Taça UEFA. Na época seguinte, calhou na pré-eliminatória o Zenit, um colosso que tinha ganho a competição no ano anterior. Tinham um conjunto de jogadores internacionais muito melhor do que o pequeno Nacional na altura. Vencemos na altura em casa. Em São Petersburgo, estivemos a perder por 1-0. Tivemos um guarda-redes que ainda joga e é um grande jogador, o Bracalli. A partir de um lançamento lateral, o Ruben Micael, outro jogador que chegou longe a nível internacional, empatou. Os últimos quinze minutos foram um sufoco. Passámos e esse foi um jogo diferenciado».

    Quando a inspirações na carreira, o treinador português referiu o seguinte:

    • «Devo muito a muita gente. Marinho Peres, Paulo Autuori, Geninho, António Oliveira, Vítor Oliveira, João Alves… Fui auxiliado pelos melhores e foi deles que colhi grande parte da aprendizagem como treinador. A todos eles, e deixei escapar mais alguns, estou muito grato. Um desses foi marcante. Não é do vosso tempo mas chamava se Raymond Goethals, um treinador belga. Ganhou uma Liga dos Campeões e duas ligas francesas pelo Marselha. Era um Mourinho ou Ancelotti da altura. A minha primeira experiência foi com ele. Foi pai no que me ensinou. Devo a todos mas, na altura com 26/27 anos tinha menos conhecimentos, e eu fui atento e tentei colher o maior conhecimento possível».

    Manuel Machado afirmou ainda que recebeu ainda contactos do FC Porto num momento da carreira:

    • «Abordagens oficiais dos três grandes nunca tive. Mas com o bom trabalho do Moreirense, tive contactos de pessoas ligadas ao FC Porto. Dos clubes da capital nunca tive qualquer tipo de abordagem e nunca se colocou a hipótese de treinar qualquer um dos três. Ganhei apuramentos e ganhei campeonatos nos juniores, Segunda B, Segunda Liga e só ganharia na Primeira Liga se treinasse um desses três grandes. Só por aí teria aumentado o leque de sucesso».

    ATUALIDADE DESPORTIVA

    Manuel Machado falou também sobre o crescente número de treinadores portugueses no Brasil:

    • «Estamos num país onde a rotatividade dos treinadores é maior. Inglaterra, por exemplo, já tem mais chicotadas psicológicas. Não tantas como Portugal ou Brasil, mas ainda há muito»

    Manuel Machado falou também sobre a diferença de gerações no futebol e disparidades na forma de ler o jogo:

    • «Há uma coisa sobre a qual não podes fugir: a rotatividade de gerações. Naturalmente eu, e os que trabalharam comigo durante 40 anos. E por força dessa dinâmica alguém nos sucederá. A questão do término é que é sempre discutível… A questão da passagem do tempo. Colam à idade e dizem que é um treinador desatualizado só porque tem 60 anos. Isso não uma argumento. Perdemos componentes físicas, mas não perdemos mentais. Hoje as forças da agenciações e lobbys têm influencia em clubes menores e que provocam isso. Mas não sou eu que faço as leis».

    Manuel Machado deixou também críticas ao futebol “moderno”:

    • «O futebol tornou-se muito mais condicionado e muito mais previsível. Digo isto perante o número de vezes que a equipa joga com o seu guarda-redes, em comparação com as movimentações n grande área adversária. O número de movimentos de golo é escasso. Guardiola construiu um futebol de posse, passe curto e envolvência e isso fez escola, só que é muito próprio para um tipo de jogador, os diferenciados. Mas não é tão bom para quem não tem ferramentas capazes. Estes fatores contribuíram para um futebol menos vertical e uma circulação mais em oito. Futebol é hoje um produto mais pobre, mas há uma envolvência empresarial mais forte que esbate tudo isto».

    Manuel Machado deixou ainda uma palavras sobre os agentes no futebol:

    • «Vivi um futebol sem agentes e pude acompanhar o momento em que chegaram. Agenciação chegou, tomou conta de uma parcela importante do que é o futebol atual e é um elemento que vai permanecer no futuro próximo».

    Manuel Machado deixou ainda uma palavra para vários treinadores da Primeira Liga que foram seus jogadores, com especial destaque para Moreno:

    • «Quanto a treinadores, quero dar os parabéns ao Moreno. Num quadro de grande dificuldade e com um aperto de cinto, perspetivam-se grandes dificuldades e até luta pela manutenção, ele teve um desempenho diferenciado. E vejo com muito bons olhos e satisfação que cerca de 30% dos treinadores foram meus ex-jogadores: Moreno, Vítor Campelos, Armando Evangelista, Ricardo Soares e César Peixoto. Todos eles foram meus jogadores».

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