O Besiktas esclareceu a situação de Rafa Silva. Em conferência de imprensa, o presidente Serdal Adali e o treinador Sergen Yalçin falaram do português.
Rafa Silva tem agitado as águas sempre turbulentas do Besiktas e do futebol turco. O presidente Serdal Adali e o treinador Sergen Yalçin abordaram o caso em conferência de imprensa. O treinador do clube explicou a situação.
«Durante o intervalo internacional, íamos reunir-nos com Serken Reçber para discutir os nossos planos. O processo que vivemos levou-nos a esta situação. Não quero falar muito sobre Rafa Silva. Não sei se é correto contar aqui as nossas coisas privadas. Levaram-nos a este ponto, obrigado. Foram escritas coisas que não saíram da minha boca, e as redes sociais são um desastre. Isso entristece-nos. O incidente não é de hoje. Eu administrei os jogadores como nunca administrei ninguém. Fui obrigado a contar a verdade, e vou contar», prometeu o treinador.
«Rafa Silva disse-me no primeiro dia: “Estou muito infeliz, não quero ficar aqui. Quero deixar o futebol”. Kenny Aroyo disse coisas semelhantes, e nós abrimos caminho para ele. Como o Rafa é um jogador valioso, eu disse: “Vamos deixar-te à vontade, vamos dar um jeito. Não vamos interferir, vamos deixar-te livre”. Resolvi o problema rapidamente. Depois de algum tempo, o assunto voltou à tona. Quando os resultados em campo não me favorecem, ficamos mais fracos e começam a nos pressionar ainda mais. Isso não tem importância para mim. Um mês depois, chamei o Rafa novamente e expliquei o seu valor. Expliquei que precisávamos dele. Tentámos resolver a situação, mas na semana do jogo contra o Kasımpaşa, a situação tornou-se irremediável. Ele disse diretamente que não iria aos treinos e não jogaria nos jogos», explicou Sergen Yalçin.
O treinador do clube rejeitou ainda culpas na situação do avançado a partir do momento em que este deixou de querer jogar, mostrando-se aberto ao seu regresso.
«Depois que esses acontecimentos ocorreram, eu disse à minha equipa: “Não se metam com o Rafa”. Depois dele dizer que não queria jogar, o assunto saiu das minhas mãos e tornou-se uma questão administrativa. Eu disse isso ao presidente. O Rafa passou a quinta marcha, e eu não tinha mais como resolver a situação», sentenciou o técnico, que está aberto ao regresso de Rafa Silva.
«Rafa Silva é bem-vindo, que venha e jogue. Não acho que ele tenha algum problema connosco, mas ele cortou a comunicação! Ele está a comunicar-se através do seu agente. O assunto não me diz respeito, já fiz o que tinha a fazer. Não me intrometi. Se perguntam porque o tirei do jogo, desculpem, mas tirámo-los aos 70 minutos. Hoje, o Messi e o Ronaldo também saem do jogo. Ninguém é maior do que o Beşiktaş. Hoje estamos aqui, amanhã não», destacou Sergen Yalçin.
«Todas as segundas-feiras chegamos à situação de “O Rafa vai treinar, vai jogar?”. O agente liga, ameaça o clube. Se rescindirmos o contrato, ele vai jogar. Aqui é o Beşiktaş. Tanto o lugar do Rafa Silva como o do Sergen Yalçın serão preenchidos. Nunca na minha vida fui tão tolerante com alguém como fui com o Rafa Silva. Pode perguntar isso aos outros jogadores», confessou o treinador.
Ainda na gestão do problema, Sergen Yalçin destacou a experiência em gerir egos. O presidente do clube garantiu ainda que Rafa não está a agir de acordo com os compromissos estabelecidos.
«Nós gerimos muito bem a crise. Tentámos resolvê-la internamente. Vocês só agora é que souberam. O jogador aumentou o ritmo todas as semanas. Não consegui trabalhar com o jogador estrela? Trabalhei com Samuel Eto’o. Um dos jogadores mais importantes que já vieram para a Turquia, um dos três ou quatro melhores do mundo. Também não tive problemas com o Rafa», salientou o treinador.
«O Rafa nunca foi desrespeitoso ou mal-educado comigo. Cumpriu as suas obrigações. Se houvesse problemas, eu mesmo resolveria a questão. Como não há problema, isso entristece-me. Se houvesse um problema, eu mesmo daria o golpe final e cortaria o cordão. Falem com o Rafa e perguntem-lhe qual é o problema. Ele não está a agir de acordo com os contratos profissionais», lamentou o timoneiro do Besiktas.
Sergen Yalçin reagiu às críticas e falou na construção do modelo de jogo e do plantel, feita em função da presença de Rafa Silva.
«Acusam-me de praticar assédio moral. O que é assédio moral? Os amigos que inventaram isso deviam ir ao psicólogo. É muito útil. Vivemos com os jogadores e somos como pai e filho. Às vezes gostamos deles, às vezes batemos neles. Resolvemos os problemas internamente. Mas se surgir um problema muito grande, não conseguimos resolver e contamos ao presidente. Talvez eu também tenha errado… Talvez eu o tenha tirado do jogo e ele tenha ficado zangado comigo», avisou o treinador do Besiktas.
«Vamos tirar o Rafa Silva e deixá-lo falar, deixá-lo responder às suas perguntas. Para mim, não há problema, porque não tivemos nenhum problema. Não fizemos nada, deixámo-lo livre. Repito, que ele venha. A camisola está lá e ele pode jogar. Toda a equipa foi montada em função do Rafa, foram contratados jogadores adequados para ele. Eu quero jogar outro jogo, mas o plano foi feito em função dele. Isso é normal», revelou o técnico.
Sergen Yalçin deixou ainda uma indireta a Rafa Silva, acusando-o de ter acordo para rumar a outras paragens e de querer usar o Besiktas.
«Talvez ele tenha feito um acordo com outro lugar e queira ir embora, como posso saber. É certo que ele está a planear algo, mas nós não fazemos parte desse plano! Eu não quero fazer parte! O presidente também não! Não há nada para nós», frisou o treinador.
«Você perguntou a José Mourinho: “Aquele cartão vermelho foi merecido?”. Depois, reagiu às palavras de Solskjaer: “São necessárias algumas janelas de transferências”. Não acho que seja uma situação muito diferente. Vocês querem ouvir coisas diferentes… Criámos equipas muito diferentes para o intervalo e para o final da temporada. Estamos a fazer planos para que a equipa mude e evolua. Veremos com o tempo se isso será correto. Neste momento, precisamos de resolver a questão do Rafa da melhor maneira possível. Não era minha intenção vir aqui. Porque estou a falar de assuntos particulares com o jogador. A agenda futebolística do país obriga-me a vir aqui e falar sobre isso», lamentou Sergen Yalçin.
Sergen Yalçin falou ainda novamente na situação de Rafa Silva, antes de se focar nos problemas do Besiktas enquanto clube.
«O jogador diz: “Não quero treinar aqui, não quero jogar”. O que é que não estão a perceber? Perguntem ao jogador. Deixem o jogador falar. Parece que estamos aqui a defender-nos. Não tenho nada a defender. Se tenho um trabalho a fazer, faço-o e aceito as consequências, sejam elas quais forem», destacou o treinador.
«Se não conseguem vencer na grande equipa, não podem ficar por muito tempo. Sabemos o que fazer, vim para salvar o futuro. Não posso salvar o dia, mas acho que posso fazer isso no futuro. São necessárias uma ou duas janelas de transferências, talvez três. Não posso recuperar amanhã, mas se os nossos adeptos não nos derem esse tempo, quem nos dará? O nosso presidente começou a vir todos os dias às instalações, há tantos problemas… Por um lado, estamos a preparar-nos para o jogo, por outro, estamos a lidar com esses problemas. Vamos lidar com esses problemas, mas não conseguimos fazer o nosso trabalho de forma saudável! Deixem-nos fazer o nosso trabalho», revelou Sergen Yalçin.
Recorda o comunicado institucional do Besiktas sobre a situação. Ao longo dos últimos dias, foi noticiado um conflito entre o treinador e Rafa Silva que motivou pressões do avançado português para deixar o clube.
Mais recentemente, surgiram também relatos de cláusulas especiais no contrato do jogador, a quem era permitido não comparecer em eventos institucionais, entrevistas ou mesmo sessões de ginásio.

