«Apareceu o FC Porto, não deu. Apareceu o Sporting, não deu. Só faltava o Benfica e esse era gigante» – Entrevista BnR com Manduca

– Da Luz para a Grécia e da Grécia para o… Chipre –

BnR: Entra o Fernando Santos e acabas por sair. Chegaram a explicar-te porquê?

GM: Sim, sim. O Fernando Santos foi fantástico comigo. Na pré-temporada na Suíça, o Benfica chega a acordo com o Rui Costa para voltar, era para vender o Simão mas não sai, acerta para continuar com o Miccoli e tinhas Simão Sabrosa na esquerda, Geovanni e Miccoli na direita, Nuno Gomes no ataque e sobrava a posição 10, que era onde eu jogava e disputava o lugar com o Karagounis. De repente vem o Rui Costa e ele [Fernando Santos] chama-me e diz: «Gustavo, eu sei que no ano passado jogaste, deste-te bem, mas está a voltar o Rui e vai ficar mais difícil para jogares». E o [Fernando] Santos estava a voltar do AEK de Atenas e disse-me: «o AEK está a precisar de um jogador como tu. Já vi as tuas qualidades e vai ser bom para ti ires para lá, jogares numa equipa que joga a Liga dos Campeões e que te pagam mais que aqui. Queres ir um ano por empréstimo com opção de compra?». Analisei a proposta e aceitei esse desafio, mas foi um acordo mútuo e considero ser uma mudança positiva e não negativa.

BnR: O teu impacto na Grécia está à vista e o AEK accionou a opção de compra. Destacaste-te logo no início?

GM: Não, foi difícil no início. Eu não falava bem inglês na altura, culturalmente foi bem diferente porque tinha estado em Portugal oito anos e estava habituado à cultura portuguesa, mas na Grécia é diferente: o trânsito, calor, um fervor muito grande no campo, os adeptos a irem ao centro de treinos com fogos [de artifício]… Então precisei de uns meses para me adaptar ao clube e à vida também, porque o Benfica tinha uma estrutura boa e gigantesca, enquanto o AEK estava numa transição de estrutura. Foi difícil no início, mas depois dos primeiros dois, três meses a coisa começou a andar. Recebi muito carinho das pessoas, dos adeptos, do clube, comecei a jogar bem, comecei a falar inglês e a comunicar melhor, a família adaptou-se. Foi uma maravilha.

BnR: Que recordações guardas desses quatro anos no AEK?

GM: Tenho muito boas recordações: disputei duas Ligas dos Campeões, duas Ligas Europa, teve um ano em que fomos campeões mas perdemos o título na Federação, deram pontos ao Olympiakos porque puniram outra equipa e acabaram por levar o campeonato. O futebol na Grécia é vivido muito intensamente, o fanatismo é uma coisa gostosa para quem gosta de futebol. Tive experiências muito boas, com o meu filho a nascer lá e correu sempre bem, só o meu terceiro ano, em que perdi seis meses por causa de uma lesão, é que foi mais penoso, mas os outros foram bons.

BnR: No teu último ano na Grécia marcas sete golos e fazer 40 jogos. Porque é que acabas por sair para um campeonato como o do Chipre?

GM: Olha, já estava com 30 anos e entrou a crise na Grécia. No AEK estávamos com seis meses sem receber e com uma instabilidade muito grande não só no clube, como no país. Queriam renovar comigo mas a reduzir para menos de metade o meu salário, surgiram outras equipas – Grécia, Turquia, Alemanha – até que aparece o APOEL. Tinha ouvido falar bem do clube, que estava numa fase crescente, tinha participado no ano anterior na Liga dos Campeões. Era um clube pequeno sem expressão no futebol, mas ofereceram-me três anos com o mesmo contrato que tinha na Grécia e, por ser um clube sério e terem feito um esforço grande para me levar, fizeram-me pensar com carinho. Até tinha propostas melhores na Turquia, mas pela estabilidade familiar, decidi que ali era o lugar para continuar a minha carreira e hoje vejo que foi um dos passos mais acertados da minha carreira.

BnR: E é no Chipre que acabas por ganhar os teus primeiros títulos…

GM: Sim, acho que tinha ganho uma Taça da Finlândia no Helsínquia, mas a ser participante ativo foi ali.

BnR: O que também se destaca são muitas participações europeias, principalmente o golo da vitória do APOEL frente ao FC Porto em 2011/2012. Lembras-te desse jogo?

GM: [Risos] É óbvio. Não só me lembro desse jogo, como dessa temporada que foi, sem dúvida, a mais marcante da minha carreira. Ali, já com 31 anos, acabo por ter uma participação muito importante, numa competição tão importante como é a Liga dos Campeões. Antes no AEK, tinha jogado na Champions, ganhámos ao Milan mas não passámos de fase, já no APOEL fiz quatro golos, inclusive contra o FC Porto, nos oitavos de final contra o Lyon e nos quartos contra o Real Madrid no Bernabéu. Foi uma época inesquecível.

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João Reis Alves
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Flaviense de gema e apaixonado pelo Desportivo de Chaves - porque tem de se apoiar o clube da terra - o João é licenciado em Comunicação e Jornalismo na Universidade Lusófona e procura entrar na imprensa desportiva nacional para fazer o que todos deviam fazer: jornalismo sério, sem rodeios nem complôs, para os adeptos do futebol desfrutarem do melhor do desporto-rei.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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