Bola na Rede: Dos jogadores mais jovens da Liga Dinamarquesa, há algum que destaques e que possamos ver futuramente nas grandes ligas?
Pedro Ferreira: Aqui os clubes apostam muito nos jovens. Por exemplo, estreiam-se aos 18 anos, fazem uma boa época e saltam logo para as melhores ligas do mundo. Mas sim, existem alguns. O Jesper Lindstrom foi agora para o Eintracht Frankfurt, o Kamal Sulemana fala-se da possibilidade de ir para o Manchester United ou para o Ajax [entretanto assinou pelo Rennes]. O Kamal Sulemana é realmente incrível, é um extremo/10, com capacidade de drible rápido. Têm aqui muitos bons jogadores jovens que facilmente podem saltar para outros voos.
Bola na Rede: O próprio Jonas Wind…
Pedro Ferreira: Também é muito bom e esteve entre os melhores marcadores.
Bola na Rede: Tens na equipa jogadores que já representaram a seleção dinamarquesa. É o caso do Jakob Ahlmann, do Lucas Andersen e do Kasper Kusk. De certa forma, eles transmitiram um pouco do que era a mística da seleção?
Pedro Ferreira: Entre eles, falam muito em dinamarquês e eu não entendo. A essa questão não te consigo responder. Falam inglês nas reuniões de equipa e dentro do jogo em si. No balneário, falam muito dinamarquês, então não sei. São jogadores experientes e dão sempre bons conselhos.
Bola na Rede: Estás a aprender dinamarquês? A língua foi uma dificuldade quando chegaste aí?
Pedro Ferreira: Não. Quando cheguei aqui, o meu inglês não era grande coisa. Sabia o básico, mas pouco. O meu principal objetivo foi tentar aprender o inglês. Já estou bem melhor. Entendo 95% do que dizem e desenrasco-me bem a falar, todos entendem o que quero dizer. O dinamarquês ficou um bocado para segundo plano, porque o que queria mesmo aprender era o inglês.
Bola na Rede: Por acaso, estavas em contacto com os teus colegas de equipa dinamarqueses quando aconteceu aquela situação com o Eriksen?
Pedro Ferreira: Não, estava em Portugal de férias.
Bola na Rede: Mas conseguiste obter alguma reação deles?
Pedro Ferreira: Houve uma reação ou outra do grupo, mas foi mais aquela inquietação de não saber o que iria acontecer.
Bola na Rede: Acreditas que esse foi um fator que levou à superação da própria equipa?
Pedro Ferreira: Claramente. Em todos jogos, os dinamarqueses lutavam para homenagear o Eriksen. Isso foi muito importante e certamente os ajudou a chegar onde chegaram.
Bola na Rede: A campanha da Dinamarca foi bem melhor do que a de Portugal. Ficaste desiludido com a prestação da seleção nacional?
Pedro Ferreira: Não digo desiludido. Foram contextos diferentes. A equipa mais forte que a Dinamarca apanhou na fase de grupos foi a Bélgica. Nós jogámos contra a Alemanha, contra a França e depois apanhámos também a Bélgica. Em quatro jogos, tivemos três contra as melhores seleções do mundo. Tanto podia dar para nós, como podia não dar. Merecíamos passar contra a Bélgica, mas, infelizmente, o futebol é assim.
Bola na Rede: Chegaste a partilhar o balneário com o João Palhinha, que entrou agora na seleção, curiosamente um jogador da mesma posição que tu. Como tens visto a ascensão dele?
Pedro Ferreira: Cheguei a treinar duas, três vezes com ele. Os dois anos emprestado ao Braga fizeram-lhe muito bem. Melhorou bastante com bola e tudo. Sempre foi um jogador bom nos desarmes e, defensivamente, a cobrir a zona à frente dos defesas. Fez um grande trabalho. A equipa ajudou-o, ele ajudou a equipa e fizeram uma grande temporada.
Bola na Rede: De certo modo, um jogador com características semelhantes às tuas.
Pedro Ferreira: É parecido, sim. É forte nos duelos, ganha muitas bolas e é agressivo. Nesse sentido, é bastante parecido a mim.
Pedro Ferreira 🇵🇹, médio-defensivo do Aalborg 🇩🇰, igualou hoje o recorde de desarmes (8) e bateu o de recuperações de posse (17), em jogos da Liga Dinamarquesa 20/21 pic.twitter.com/RRwstmdjYQ
— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) November 1, 2020