«Há uma coisa que tenho quase como garantida: ninguém é eterno no Benfica» – Entrevista BnR com André Lima

– As possibilidades portuguesas em terras croatas –

«É uma competição imprevisível. Aquilo não é chegar lá e ganhar. Vai ser muito difícil».

BnR: Ainda falando naquilo que aconteceu antes da Final Eight, a forma como a UEFA organizou a UEFA Futsal Champions League prejudicou uma possível surpresa do ACCS Futsal, equipa de Ricardinho e de Bruno Coelho?

André Lima: Independentemente da maneira como se faz, a equipa do ACCS tinha sempre de ganhar aos melhores. Por isso, não ligo muito a isso. Claro que se fosse uma Final Four, eram só dois jogos. Agora, se for uma Final Eight a margem de teres um jogo mau e de seres eliminado é maior. Quando tens só um ou dois é o ideal. De qualquer forma, no caso do Benfica tivemos de ganhar aos russos, aos italianos e aos espanhóis. Estamos a falar dos três melhores campeonatos de Futsal. Na altura, MFK Araz Naxçivan era só jogadores brasileiros, tal como o ASD Luparense, onde muitos tinham sido campeões europeus pela Itália. Em 2010, estavam ali quatro equipas de grande qualidade e tudo isso valorizou a nossa vitória. Jogámos bem, merecemos ganhar. Fartei-me de dizer que não merecíamos ir a prolongamento, porque jogámos muito melhor do que o Interviú e isto foi unânime. Para se ser campeão tem de se ganhar aos melhores, seja da maneira como for.

A equipa francesa participava pela primeira vez numa competição europeia e quase causava uma surpresa no Palau Blaugrana, em Barcelona.

BnR: Acreditas que o Futsal português foi ultrapassado pelo espanhol, apesar de o atual campeão europeu de seleções ser Portugal e o de clubes ter sido um português recentemente?

André Lima: Lembro-me de ser goleado pela Espanha no início. Eu e outros jogadores mais velhos tivemos de fazer esse duro trabalho de transição e de aprendizagem. Enquanto que os espanhóis eram campeões do Mundo. Não acho que estamos à frente deles. Acho que estamos no mesmo patamar. A Espanha está no topo e nós chegámos lá. Quando há jogos entre as seleções, o jogo é sempre muito equilibrado. O que aconteceu foi uma evolução da própria equipa portuguesa em termos táticos e um pouco de decréscimo na Espanha. No final dos anos 90 e início dos anos 2000, Aa Espanha tinha jogadores como o Daniel, o Marquinhos, o Betão, o Schumacher, o Kike, o Luís Amador. Estamos a falar de jogadores que hoje não há. Se me disserem que hoje há melhor estão a mentir. A mentir à “cara podre”. Como Portugal cresceu e a seleção espanhola perdeu esses jogadores fortes que tinha e estamos no mesmo patamar.

BnR: Acreditas que o facto da LNFS (Liga Espanhola) ser tão competitiva pode ser um problema para as equipas portuguesas nesta Final Eight?

André Lima: Sempre foi. Sei o que é jogar em Espanha. O Ricardinho também pode falar e quem jogou lá. São jogos difíceis todas as semanas. Aqui, Benfica e Sporting podem ter dificuldades num ou noutro jogo, mas, na maioria, só têm dificuldade na primeira parte. É até os outros perderem a força. A intensidade que ambos jogam é muito mais alta do que joga um SC Braga/AAUM ou um AD Fundão. Se reparares é sempre na segunda parte que os resultados se avolumam, já era assim no meu tempo e continua. Em Espanha, não acontece muito isso. Quando as outras equipas se apanham a ganhar [às equipas grandes] é muito difícil virar o jogo.

BnR: Como é que um treinador prepara uma equipa para enfrentar as melhores equipas da Europa, principalmente agora que não tem o fator de que todos gostam que é o público?

André Lima: Essa pergunta é difícil de responder, porque tens de saber que equipa é que tens. Se me falares na equipa do Benfica, digo-te uma maneira. Imagina que o SC Braga/AAUM ou a AD Fundão vai jogar um jogo onde pode ficar em segundo já tem de ser [preparado] de outra forma. Imagina que ia treinar outra equipa e chegava à final, o meu discurso podia não ser o mesmo. Imagina que a equipa é mais jovem, em termos mentais já muda, porque em termos físicos e táticos é como no Futebol toda a gente sabe. Em termos mentais é que faz toda a diferença. A parte tática já estás a trabalhar há um ano, porque há uma equipa técnica a fazer esse trabalho. Agora, em termos mentais é preparar todos para quando está a perder ou a ganhar. Mais importante do que antes do jogo é durante o mesmo. De repente está a ganhar 1-0 e do nada ficas a perder, tens que manter a equipa focada. Sabes que tudo pode mudar de uma hora para a outra. Ou estás a perder por três ou por quatro e tens de os fazer sentir que o Futsal não é o Futebol. O Futsal é um bocadinho assim um momento. A maneira como se prepara a equipa acho que é o mais importante. Acaba por ser a estratégia e não tanto a ideia de jogo. O Sporting joga muito com guarda-redes avançado, então nessa semana tenho de insistir mais na defesa a esta situação. Apesar de todos se conhecerem, há sempre novas nuances. Há sempre coisas novas a acontecer. Preparar grandes jogos é assim.

Sporting CP e SL Benfica já sabem o que é defrontarem-se num jogo europeu, que ficou empatado a uma bola
Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

BnR: SL Benfica e Sporting CP têm hipóteses de vencer este ano a UEFA Futsal Champions League? Se não, quem vai vencer?

André Lima: Têm hipóteses, mas o favoritismo está do lado dos espanhóis [FC Barcelona e Inter Movistar FS]. Há a vantagem para Portugal, porque também tem duas equipas de grande qualidade. O Sporting já foi campeão da Europa com grande qualidade e já tem experiência, tal como os jogadores. Está com uma vantagem enorme de chegar à final. Mas também já aconteceu quando formos campeões da Europa e perdemos o campeonato, foram Benfica e Sporting à Final Four [em 2010/11] e ambos perderam. É uma competição imprevisível. Aquilo não é chegar lá e ganhar. Vai ser muito difícil.

BnR: Nas duas vezes que equipas portuguesas venceram a competição europeia, não foram campeões nacionais nesse ano. Acreditas que isto é mesmo uma maldição ou apenas o descontrair de ter vencido o maior troféu continental?

André Lima: Não sei explicar também. No ano em que vencemos, ficamos em 2.º lugar. A partir do momento em que se soube que íamos jogar no Pavilhão Atlântico, começámos a dar, em janeiro/fevereiro, a dar intensidade nos treinos, com muitos treinos físicos, que depois pagámos durante a semana em alguns jogos. Isso é um arriscar, porque tínhamos de chegar fortes a abril. No final da época, são muitos jogos e muitas viagens. Nós arriscámos aí, mas todos fazem isso. O Sporting com certeza fez o mesmo para em abril estarem fortes. Nós nessa época, tivemos algumas derrotas e ficámos para trás. Vamos à final com o Sporting. Perdemos o primeiro jogo em Loures, o segundo fora ganhámos e trouxemos a decisão para a Luz. Se ganhássemos esses dois jogos éramos campeões e acabámos por perdê-los. É difícil explicar o que se passou. Aconteceram “n” coisas que é difícil controlar. Isto acontece no Futebol, porque as equipas que jogam durante a semana para a Liga dos Campeões no jogo a seguir ou perdem ou estão aflitos para ganhar.

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João Pedro Barbosa
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É aluno de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social, tem 20 anos e é de Queluz. É um apaixonado pelo desporto. Praticou futebol, futsal e atletismo, mas sem grande sucesso. Prefere apreciar o desporto do lado de fora. O seu sonho é conciliar as duas coisas de que gosta, a escrita e o desporto.

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