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«Não tenho dúvidas de que o Palmeiras podia ter batido o Flamengo de Jorge Jesus» – Entrevista BnR com Paulo Turra

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– O aprendiz de Scolari ­–

“O professor Felipe é uma marca”

BnR: Como surgiu a oportunidade de ser treinador?

PT: Em 2004, quando estava no Vitória de Guimarães, já pensava em ser treinador. A partir daí, fui-me preparando. Disputei, em 2007, o meu último campeonato na Série B brasileira pelo Avaí. Em junho de 2008, iniciei a minha carreira de treinador como adjunto no Novo Hamburgo. Fui fazendo cursos e hoje sou treinador com licença PRO CBF/FIFA.

BnR: De onde veio a ligação com Luiz Felipe Scolari?

PT: A minha ligação com o professor Felipe veio desde 2000, quando eu jogava no Palmeiras. Foi ele e o Murtosa (adjunto de Scolari à época) que me levaram para lá. A partir daí sempre mantivemos contacto. Fui-lhes mostrando treinos, fomos trocando ideias e quando eles foram para a seleção portuguesa perguntaram-me pelo Ricardo, pelo Petit, pelo Jorge Silva, pelo Bosingwa, pelo Frechaut… vários jogadores do Boavista que acabaram por ser convocados para a seleção portuguesa. Eles ligaram-me antes para saber como eram esses jogadores. As informações que eu passei foram confirmadas por eles. Os jogadores foram para a seleção e deram-se muito bem. Inclusivamente, quando eu jogava no Vitória de Guimarães, ligaram-me a perguntar pelo Alex. Quando eu cheguei ao Vitória, ele era extremo-direito. Por necessidade, o mister Manuel Machado colocou-o a defesa-direito e o Alex gostou. No final da temporada, a seleção portuguesa ia ter dois jogos. O Murtosa ligou-me para saber do Alex. Eu disse: “Murtosa, pode levar que eu assino em baixo”. Levaram‑no e o Alex jogou bem nos dois jogos. Depois, ligou-me a agradecer as indicações que eu dei e foi uma grande honra receber esse telefonema. Por isso, a minha ligação com o Murtosa e com o Felipão vem de há muito tempo. Em outubro de 2016, o professor estava na China e recebi um e-mail dele a convidar-me para treinar na China, no Guangzhou Evergrande, com ele, e prontamente aceitei.

BnR: Como são divididas as tarefas entre os elementos da equipa técnica?

PT: Todas as equipas técnicas têm o seu protocolo. Vou falar no nosso caso. Na nossa equipa técnica, o professor é manager. Numa semana com seis treinos ele dá dois.

BnR: Que tipos de treinos são esses?

PT: Ele dá os treinos de bolas paradas, tanto ofensivas, como defensivas, com transições e dá o treino tático do dia antes do jogo. Os restantes treinos sou eu e o Carlão (Carlos Pracidelli). Ele fica a observar fora ou dentro do campo. Se ele vê que algo não está a correr bem intervém ou chama-me a mim ou ao Carlos Pracidelli para termos atenção a algum pormenor. Eu faço o planeamento dos treinos e explico à equipa técnica o objetivo dos mesmos, tendo em conta o adversário que vamos defrontar e aquilo que fizemos mal no último jogo. O professor analisa e vê se seguimos aquilo ou não. É sempre ele que toma a decisão final.

BnR:  Scolari corrige os jogadores, mas também dá dicas aos seus adjuntos.

PT: E mais, ele dá-nos total autonomia. Para teres uma ideia, quando ele assumiu, em 2018, o Palmeiras, inicialmente, eu e o Pracidelli é que controlámos os trabalhos, porque ele estava em Portugal a resolver uns problemas. Ele confia muito na equipa técnica. Aprendemos diariamente.

BnR: Ser treinador adjunto é uma função de extrema importância?

PT: Com certeza! Isso não acontece só com o professor Felipe. Hoje, o treinador adjunto não serve apenas para carregar cones, trocar as balizas de um sítio para o outro e ir buscar as bolas. O trabalho do treinador adjunto é importantíssimo.

BnR: No meio disso tudo, que espaço é que o treinador adjunto tem para implementar as suas ideias? O treinador adjunto tem que aceitar cegamente o que o treinador principal diz ou há espaço para debate?

PT: Com a evolução do futebol, é importante um treinador não ser refém de apenas um modelo de jogo. Eu gosto de verticalidade, sou fã do Liverpool e do (Jürgen) Klopp. Inclusivamente, o Palmeiras de 2018 era muito parecido com o Liverpool: uma equipa vertical, que defendia bem e marcava pressão em bloco alto. Se eu fosse para uma equipa e os jogadores não tivessem essas características, eu tinha que mudar o meu modelo de jogo. Eu e o professor vemos futebol muito parecido e é por isso que as minhas ideias coincidem muito com as dele, principalmente de treino. Dentro disso, eu não tenho que concordar com 100% do que ele diz. Nós debatemos muito. No entanto, a palavra final é sempre do professor Felipe. Após o debate, se ele disser que vai ser assim, eu compro a ideia e vamos até ao fim.

BnR: Qual é o peso atribuído à componente física, tática, estratégica e técnica ao longo da preparação de um jogo?

PT: Aqui no Brasil é complicado. Uma equipa de alto nível, que dispute todas as competições, tem quatro treinos por semana. Dentro disso, colocamos a parte tática no primeiro treino na semana. Ressalvo que todo o tipo de treino onde existe golos e duelos dividimos o campo, independentemente do tamanho, em dois: ataque e defesa. No ataque, há sempre liberdade de toques. Não restringimos o atacante. Na defesa, montamos sempre uma linha de quatro, mesmo em jogos em campo reduzido, e assim já trabalhamos essa componente. Assim, colocamos o aspeto tático em todo o tipo de treino.

BnR: Ou seja, essas componentes estão interligadas, não há uma separação…

PT: Não, não há.

BnR: É verdade que os jogadores se sentem mais à vontade com o treinador adjunto do que com o treinador principal?

PT: É. O professor Felipe é muito gente boa no treino, mas ele hoje é uma marca. Uma coisa é entrar o Paulo Turra naquela porta, outra é entrar o Luiz Felipe Scolari. O pessoal é capaz de se levantar [levanta-se]. Dá um impacto diferente. No treino dado pelo Paulo Turra, o jogador vai-se sentir mais na liberdade de questionar, dar ideias e até discordar. Com o professor Luiz Felipe, o jogador não tem essa liberdade. Acho que até é bom eles terem esse respeito a mais, não que não o tenham comigo. Quem tem que se “desgastar”, elogiar e bater palmas sou eu e o Pracidelli que somos os auxiliares. O professor está num patamar que, quando ele intervém, os jogadores sabem que a coisa está feia.

Francisco Grácio Martins
Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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