«O grande problema é as pessoas desistirem de sonhos quando veem dificuldades» – Entrevista a Madjer

BnR: Visto que já correu “meio-mundo” como jogador profissional, quais as principais diferenças que encontrou na abordagem à modalidade entre os vários países onde jogou?

M: Acima de tudo é a longevidade dos campeonatos. Nós aqui temos um campeonato nacional, que dura três meses e é dividido por sete etapas e depois por uma fase final. É muito curto. Daí ainda confundirmos as pessoas quando nos veem jogar em diferentes campeonatos no mesmo ano, mas nós temos mesmo de procurar outros países para continuarmos ativos. A diferença maior é mesmo essa. Depois existe, por exemplo, o campeonato brasileiro, que é uma realidade completamente diferente. Já nascem jogadores só mesmo para o futebol de praia. Lá não é como aqui, em que os jogadores fazem as suas carreiras no futebol ou no futsal e depois integram o futebol de praia.

Madjer foi o primeiro convidado do novo podcast de futebol do Bola na Rede, o Bola ao Centro
Madjer foi o primeiro convidado do novo podcast de futebol do Bola na Rede, o Bola ao Centro

BnR: Em Portugal ainda falta muito para que as pessoas nasçam já com o objetivo do futebol de praia?

M: Falta. É um trabalho árduo, mas que a federação tem vindo a fazer. Alguns clubes já começam a trabalhar de forma mais profissional, ou seja, conseguem ter os atletas a competir durante dez meses. Mas não é fácil, até porque há poucas competições em Portugal. Apesar de termos o campeonato nacional e esporadicamente alguns campeonatos distritais, continua a ser curto. Temos uma orla costeira e um clima espetaculares, eu até costumo dizer que moramos num país quase tropical. As entidades têm, cada vez mais, de aproveitar isto mesmo.

BnR: Ao longo da sua carreira, que já vai longa, teve, de certeza, jogos que o marcaram de uma forma mais especial: qual o jogo mais épico de todos esses?

M: Eu enumero dois jogos, que foram as duas conquistas do Campeonato do Mundo. Em 2001 foi a primeira, no Brasil, quando a modalidade era pouco expressiva em Portugal e nós, na casa-mãe do futebol de praia, conseguimos conquistar o primeiro Mundial numa final contra a França. Depois, em 2015, quando voltámos a ganhar, neste caso em Portugal. Os jogos que marcam são sempre os jogos das finais e sem dúvida de que tanto o jogo contra a França, como o jogo contra o Taiti, em 2015, nos marcaram muito, porque quando se apita para o final do jogo é uma sensação brutal.

BnR: E golos? Sabendo que o Madjer é também conhecido pelos grandes golos que marca, qual é aquele que irá contar aos seus netos?

M: É difícil [risos]! Já são mais de mil golos só ao serviço da seleção. Mas há um que eu guardo na memória, se calhar por ser algo mais recente: foi o golo contra a Suíça no Campeonato do Mundo, em Espinho. É um golo que eu vou guardar e contar aos meus netos certamente.

BnR: O Madjer é um adepto assumido do Sporting e é também atleta do clube. O que é que o clube representa para si, como pessoa e como profissional?

M: Eu sou mais um daqueles “doentes” do Sporting. Doente porque vivo o clube e porque naquela casa não acontece como nos outros clubes onde eu jogo. Nos outros clubes eu visto apenas a camisola. No Sporting visto a camisola e o coração. É um sentimento completamente diferente. Apesar de sermos profissionais e de tentarmos representar todos os clubes por onde passamos da mesma forma, no Sporting o sentimento é completamente diferente. Não é a forma como nos entregamos, porque entregamo-nos sempre da mesma forma, mas é a forma como depois nos entregamos ao clube. Eu vou ver jogos, vivo as modalidades, vivo as pessoas do clube e por isso é completamente diferente da realidade de quando visto outras camisolas.

Guilherme Anastácio
Guilherme Anastáciohttp://www.bolanarede.pt
O Guilherme estuda jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social e tem o sonho de ser um jornalista de eleição. O Sporting Clube de de Portugal é uma das maiores paixões que Guilherme tem, porém, é ao mote do lema da moda “Support your local team”que acompanha a equipa do Estoril-Praia. Sendo natural de Cascais, desde pequeno que apoia a equipa da linha e que é presença assídua no António Coimbra da Mota.                                                                                                                                                 O Guilherme escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

André Silva, irmão de Diogo Jota e avançado do Penafiel, também seguia no carro e morreu aos 25 anos

André Silva, irmão de Diogo Jota e avançado do Penafiel, também foi vítima do acidente de viação. Jogador faleceu aos 25 anos.

Pedro Proença lamenta morte de Diogo Jota: «Completamente devastados»

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Pedro Proença, lamentou a morte de Diogo Jota.

Cédric Nuozzi apresentado como reforço do Alverca

Cédric Nuozzi é reforço do Alverca para a próxima temporada. O médio ofensivo chega a Portugal proveniente da formação do Genk.

Diogo Jota morre aos 28 anos após acidente de viação

Diogo Jota sofreu um acidente de viação mortal em Zamora, Espanha. Internacional português faleceu aos 28 anos de idade.

PUB

Mais Artigos Populares

Sporting confiante na palavra de Viktor Gyokeres

O Sporting está confiante de que Viktor Gyokeres se apresentará ao trabalho. Regresso do sueco marcado para 7 de julho.

Eis os onzes prováveis do Espanha x Portugal de estreia das Navegadoras no Euro 2025 Feminino

Portugal entra em cena no Euro 2025 Feminino esta noite. Navegadoras defrontam a Espanha em solo helvético.

Ricardo Horta elogia Carlos Vicens e garante: «A vinda do novo treinador é para darmos o passo em frente»

Ricardo Horta falou sobre a pré-temporada do Braga. O internacional português garantiu que a equipa está a dar uma boa resposta e elogiou Carlos Vicens.