«Eusébio, Chalana e o Ronaldo, são os três melhores jogadores portugueses» – Entrevista BnR com Álvaro Magalhães (parte 1)

– Seleção portuguesa –

BnR: Foste 20 vezes internacional A por Portugal e totalista no Europeu de ‘84 em França e no Mundial ‘86 no México. Qual a sensação de representar Portugal?

AM: É o orgulho máximo para um jogador chegar à Seleção Nacional. Na altura eu já merecia ir à seleção mas tive tempo, o próprio Toni dizia-me “Calma, ainda és novo”.

BnR: Jogaste também nos escalões de formação?

AM: Fui convocado para a Seleção de Esperanças, quando estava na Académica. Fomos dois anos consecutivos a Toulon.

BnR: Estreias-te em 1981, num amigável com a Bulgária. Nervoso?

AM: Tive só aquele nervosinho de início mas eu não tremia, eu concentrava-me para jogar.

BnR: Como te receberam no grupo?

AM: Fiquei no quarto com o António Oliveira e foi giro as brincadeiras dele (risos). Ele dispunha bem a malta e apoiou-me muito, mas tinha também outros colegas mais velhos que também ajudavam. Mas o António Oliveira é um homem extraordinário, estou horas e horas a falar com ele e fico satisfeito de estar ao lado dele porque se aprende. Aprendi muito com o António Oliveira e a experiência dele. Eu era novinho e apanhei esses jogadores todos mais velhos já com uma experiência internacional.

BnR: Na tua opinião, a seleção de ‘84 foi das melhores que tivemos?

AM: Eu acho que sim. Houve aquela geração de 2004, dos Figos, Rui Costas, etc, mas nós fomos grandes no nosso tempo. Não é possível comparar porque são tempos diferentes, essa geração de 90 teve grandes jogadores mas a de 80 era uma geração de grande nível em termos físicos, técnicos, táticos e psicológicos.

Álvaro Magalhães (quarto a contar da direita) representou Portugal no Euro 84’ e no Mundial 86’
Fonte: Álvaro Magalhães

BnR: Um deles infelizmente partiu esta semana, o Jordão.

AM: Sim. Quando lhe fizemos a homenagem, quem vê aqueles jogadores todos, aquilo que se faz agora já nós fazíamos na altura. A mobilidade atacante, defensivamente… nós até éramos mais fortes defensivamente do que se calhar são agora. Foi uma geração muito forte, ser titular num clube grande era difícil, ser titular naquela seleção era muito difícil.

BnR: Havia tanta qualidade que o difícil era escolher?

AM: Sim, há até grandes jogadores que nem foram convocados, o Manuel Fernandes, por exemplo, e outros mais. Aquela era uma seleção de nível mundial. O Chalana, por exemplo. Existe um Chalana agora? Não existe. O Chalana era fantástico. Eu ponho três jogadores: Eusébio, Chalana e o Ronaldo, são os três melhores jogadores portugueses.

BnR: Aliás, tu jogavas mesmo atrás do Chalana.

AM: Exatamente. Fomos a melhor ala esquerda em Portugal e fomos considerados também a melhor ala esquerda do Campeonato da Europa. Não foi pela imprensa portuguesa, foi pela imprensa internacional.

BnR: No Mundial de ‘86 as coisas não correram da melhor maneira a Portugal. O que achas que explica o nosso mau desempenho?

AM: Má organização. Eu penso que aquilo que existe agora é essa diferença. Esta estrutura toda, o Fernando Gomes veio dar uma imagem ao futebol português e todas as condições para os jogadores e para o selecionador. Agora é seguir o caminho. Se a estrutura, liderada por um bom presidente, coloca à disposição de todos os profissionais estas condições, a real valia dos jogadores faz o resto.

BnR: Na altura a estrutura da Federação não era tão “profissional” como agora?

AM: Na altura não havia esta organização, era uma confusão, muitos interesses.

BnR: Como era o ambiente na seleção nesses tempos? Sentiam-se as rivalidades dos clubes?

AM: Eu sempre tive boa relação com todos eles e continuo a ter. Eu trabalhei no norte e espero trabalhar ainda mais vezes, porque sou do norte e tive sucesso como treinador lá. É evidente que às vezes há rivalidades e todos querem jogar, os jogadores do Porto querem que sejam os jogadores do Porto a jogar, os jogadores do Benfica querem que sejam os do Benfica. Mas isso aí já é da responsabilidade do treinador e quem trabalhar melhor durante os treinos e demonstrar no jogo que está a fazer as coisas bem, merece jogar. Quem facilitar, não pode jogar. Eu foquei-me sempre no trabalho, estamos ali para isso. No México, os meus grandes amigos eram os falecidos Bento e Vítor Damas, eram muito experientes e eu estava com eles, não entrei em guerras com ninguém, só me preocupava em ser titular. Não me interessava se o treino era em campo pelado ou relvado, eu queria era treinar e representar Portugal. Agora, se houvesse organização, com aqueles jogadores que tínhamos, podíamos ter ido mais longe.

Fim da Parte 1 – Capítulo de Álvaro Magalhães enquanto jogador.

Não perca a segunda parte da entrevista no domingo!

Foto de Capa: Arquivo pessoal de Álvaro Magalhães

Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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Frederico Seruya
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