O Sr. Doutor das Águas Livres- Entrevista Mário Bonança

BnR: Já conquistou algumas medalhas a nível internacional. Se pudesse escolher a mais importante para si, conseguiria fazer essa escolha facilmente ou tem ideia de que todas as conquistas externas têm o mesmo patamar de importância?

M.B.: É lógico que uma medalha numa prova internacional, em que estamos a representar o nosso país a dar o nosso melhor, acaba por ser mais importante que uma medalha conquistada a nível interno. É certo que não foi conquistada num campeonato de relevo (Campeonato do Mundo ou da Europa e Taça do Mundo ou da Europa), mas a minha medalha no Open de Águas Abertas em Espanha foi um importante impulso para o que viria a fazer mais tarde nas provas de Águas Abertas no nosso país, mas também um excelente impulso para manter esta toada de participações regulares em competições internacionais.

BnR: Fora do nosso país, já nadou em provas em Abu Dhabi, Glasgow (Escócia), Piombino (Itália), Porec (Croácia), Londres (Inglaterra), entre outros. Tem alguma história engraçada que possa partilhar com os nossos leitores?

M.B.: Histórias engraçadas tenho muitas. Mas a minha preferida ocorreu num Campeonato da Europa em Piombino, em que o Arseniy Lavrentyev foi 2.º numa prova de 25kms. Nós (comitiva da Seleção) vimos o início da prova, entretanto vamos almoçar, passear, damos uma vista de olhos na prova, entretanto passam 5 horas (momento de riso), e continuamos à espera que a chegada aconteça. Durante a prova, recordo-me perfeitamente de estar a acompanhar a prova em direto nos ecrãs, vi o Arseniy, que esteve quase a prova toda nas 15 primeiras posições, e fez a mesma com o seu amigo e compatriota Stoychev, o vencedor. Estiveram quase sempre juntos durante a prova, e a dada altura, por volta dos 15kms, lembro-me de terem dado uma espécie dum “hi-five”, e partiram para a frente do grupo, e nunca mais de lá saíram até final. Foi uma prova bem conseguida, pois os dois fizeram quase um pacto e aquilo correu muito bem. Existem mais histórias, mas esta é a que mais me marcou.

 

Foto tirada juntamente com Vasco Gaspar (à direita) e Arseniy Lavrentyev (centro), no Europeu ABS de Águas Abertas, em Piombino (2012)
Foto tirada juntamente com Vasco Gaspar (à direita) e Arseniy Lavrentyev (centro), no Europeu ABS de Águas Abertas, em Piombino (2012)

BnR: Já representou a Seleção Nacional de Natação em competições internacionais, mas ainda não nos Jogos Olímpicos. Na sua opinião, o que é que lhe faltou para o não ter feito?

M.B.: Eu sempre disse na minha formação que um dia iria aos Jogos Olímpicos. Nunca cheguei a especificar se seria como atleta ou como treinador, e neste momento encontro-me numa fase da minha vida em que estou a fazer o último ano como atleta de alta competição, fazendo essa passagem de atleta a treinador. Atualmente, dou treinos à equipa de Natação Adaptada do Sporting, no próximo ano provavelmente irão surgir novos desafios a nível do treino desportivo em Natação. De facto, eu poderia dizer que se me faltou alguma coisa, claramente foi a minha não-ida aos Jogos, mas há que dizer que a qualificação em Águas Abertas é muito mais complicada do que noutras modalidades. Na Natação Pura também não é fácil, pois os mínimos são muito exigentes. Não digo que a ética de trabalho não tenha estado presente ao longo da minha carreira, contudo é importante referir que houve algumas faltas de condições, como apoios federativos e patrocínios. No meu caso, não o consegui fazer como atleta, mas quem sabe um dia talvez consiga ir na condição de treinador.

BnR: Tendo em conta que já possui alguns anos de experiência nesta modalidade, consegue eleger o melhor treinador e colega com quem trabalhou? Pode explicar melhor o motivo das suas escolhas?

M.B.: O melhor treinador para mim, como já referi anteriormente, foi uma pessoa que me marcou muito enquanto nadador e continua a marcar no meu trajeto inicial como treinador, é o Prof.º Carlos Cruchinho, que sem dúvida é a pessoa que melhor compreende a Natação em Portugal e como devem estar organizadas as estruturas para que se evolua para um patamar de excelência a nível internacional. No que diz respeito ao melhor colega, vou eleger dois com quem já treino há muitos anos e que foram importantes no meu percurso como nadador, sendo eles o Pedro Pinotes, que foi capitão da equipa masculina do Sporting durante muito tempo, e o Alexis Santos, que me ajudaram a melhorar as minhas prestações nas provas que participei, daí terem sido dois dos melhores nadadores com quem tive a oportunidade de partilhar a pista e poder treinar com eles foi muito bom para mim.

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O Guilherme é licenciado em Gestão. É um amante de qualquer modalidade desportiva, embora seja o futebol que o faz vibrar mais intensamente. Gosta bastante de rir e de fazer rir as pessoas que o rodeiam, daí acompanhar com bastante regularidade tudo o que envolve o humor.                                                                                                                                                 O Guilherme escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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