«Paços de Ferreira foi o período mais bonito da minha carreira» – Entrevista BnR a André Leão

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    André Leão estreou-se na Primeira Liga pelo Beira Mar, mas foi a passagem por Paços de Ferreira, a mais marcante na carreira. O médio recorda-nos, em entrevista, os marcos dos seus dias como futebolista e ainda os planos para o futuro, após finalizar o seu percurso profissional.

    «Cluj? foi um erro ir tão cedo para a Roménia»

    André Leão

    Bola na Rede: André Leão, Antes de mais, como é que começou o teu percurso no futebol, sempre quiseste ser futebolista?

    André Leão: Sim, sempre. Começou até de forma engraçada. Com seis anos, o meu irmão mais velho foi tentar a sorte em Freamunde. Eu fui com ele ver o treino e o treinador, o falecido senhor Andrade, perguntou-me se queria participar no treino com eles. Só que eu tinha seis anos. Participei e no fim o treinador quis ficar comigo e não com o meu irmão. A partir daí, comecei a treinar com o Freamunde com outro nome (risos). Não era muito bonito, mas pronto. Não podia jogar, mas o treinador gostava muito de mim. Quando era chamado pelo árbitro, tinha de dizer o nome em questão e não o meu. Até ao FC Porto B fui crescendo e jogando sempre no escalão acima. Por isso é que aos 16 anos já jogava nos seniores.

    Bola na Rede: E foi sempre como médio?

    André Leão: Comecei a jogar a lateral-esquerdo, mas foi só uma época. Fiz 18 golos nessa temporada e depois passei para extremo direito. A seguir fui para número 10 e só no Porto, com o mister Aloísio, é que vim mais para trás. A partir daí, fiz toda a minha carreira a jogar como 6 ou 8.

    Bola na Rede: E enquanto jogador, quais é que eram os teus sonhos e as tuas metas?

    André Leão: Na altura era jogar nos seniores do Freamunde porque era o meu clube do coração. Depois, passado tantos anos, parece quase contraditório porque passei tantos anos depois no Paços de Ferreira, e gostar tanto do Paços porque são rivais. Gosto muito do Paços, não deixando a ideia de que o Freamunde é o meu clube do coração. Depois jogar a Champions, chegar à seleção, nunca aconteceu, mas estive nas camadas jovens. Tive uma carreira muito bonita, mas que podia ser melhor, claro.

    Bola na Rede: E quanto ao FC Porto, o que aprendeste com a experiência:

    André Leão: Aprendi muito, principalmente com a pressão de ganhar sempre e de lidar melhor com toda a pressão. Muitas vezes deixamo-nos ir abaixo com a pressão, mas esta vontade de ganhar sempre fez com que crescêssemos mais rapidamente.

    Bola na Rede: E o que achas que faltou para vingares e ficares mais tempo no FC Porto?

    André Leão: Estive só uma época e foi no ano em que eles acabaram com a equipa B. Eles resolveram acabar com a equipa e eu voltei ao Freamunde. Nessa época eu vou para a Primeira Liga, para o Beira-Mar. Foi bom ir logo para a Primeira Liga, foi um sonho. Um dos grandes sonhos do meu falecido avô era que jogasse no Sporting e eu sempre tive essa ambição de realizar esse sonho dele.

    Bola na Rede: Como foi a passagem da Segunda Divisão B para a Primeira Liga. Quais é que foram os desafios que tiveste?

    André Leão: A qualidade de jogo era muito diferente. Apanhei jogadores como o Jardel, o [Luciano] Ratinho, o capitão Jorge Silva… O mais difícil foi enturmar-me nessa equipa. Nessa época tivemos o mister Augusto Inácio, Carlos Carvalhal e o espanhol, o Paco Soler. Foi uma época difícil, mas a nível pessoal foi bom. Acho que na sétima jornada já fui titular, mas até lá tive de lutar muito para ganhar o lugar.

    Bola na Rede: Essa descida de divisão é um dos motores pelo qual aproveitas a oportunidade para ir para a Roménia [Cluj]?

    André Leão: Também, sim. Na altura, foi um erro ir tão cedo para a Roménia. Acabámos por não ser tão vistos e o sonho de ir à seleção acabou por ir por água abaixo. Agora toda a gente vê tudo, na altura não era assim. Mas foi por dinheiro e por ter muitos portugueses lá. Foi oportunidade para ser campeão. Foi uma experiência que me fez crescer muito porque lá, se jogas bem, és o maior do mundo. Se as coisas não correm bem… Graças a Deus nunca tive problemas, mas já ouvi coisas piores. No primeiro ano correu tudo bem, mas no segundo quando não ganhámos o campeonato, mudou tudo. Depois fui operado ao joelho e quando cheguei lá já tinham dado a minha casa a outro jogador. Depois tive de ir viver para um hotel. Tive lá portugueses que me ajudaram, principalmente o Tony. Ajudou-me muito, tal como a esposa. Eu era muito novo e estava sozinho e era complicado. Mas o ter de me adaptar sozinho, ter de cozinhar, ter de aprender romeno, foram coisas que me fizeram crescer muito. Se foi uma opção boa? Na altura diria que sim, hoje digo que se calhar não porque era muito novo.

    André Leão Cluj
    Fonte: Cluj

    Bola na Rede: Como é que avalias o campeonato da Roménia, comparativamente com Portugal?

    André Leão: O jogo era mais físico. A nossa equipa tinha dez jogadores portugueses e sete argentinos. Era muito latina, tinha de tudo. Havia uma família ali com os outros jogadores.

    Bola na Rede: Alguma história de que te lembres e queiras partilhar?

    André Leão: Ui… Em termos de balneário, era muito parecido com o que apanhámos aqui. Bebidas após o jogo, discoteca… Mas ali a discoteca era do dono do clube, éramos logo apanhados (risos). A história mais caricata é com o Tony. Depois de ganharmos a Taça, a esposa dele, na altura, levou toda a gente para lá. Depois de ganharmos, fomos todos de avião para uma discoteca e a esposa dele ligou para mim a dizer que, assim que ela chegasse a Cluj, para eu estar atento ao telefone porque já sabia como é que ele era. Quando lá chegámos, perguntei ao Tony: “Ó Tony, a tua mulher já te ligou”. E ele “Já, não te preocupes que ela vai para casa”. E eu disse “ok”. Nunca mais estive atento ao telefone. Às 6 da manhã tinha umas dez chamadas dela. Depois fui ter com ele e disse-lhe “Ó Tony, tens a certeza de que ela foi para casa? Ela já me ligou várias vezes”. E diz-me ele “Temos de ir embora, temos de ir embora”. Fomos embora e ela devia estar mesmo chateada. Eu ia dormir em casa dele. Fomos para lá, eu dormi na sala e eu só ouvi discussão (risos). E ele acaba por sair do quarto, meio triste, e diz-me “É desta que me vou separar”. E tira a aliança. E ela a ouvir tudo e nós a rir. No dia seguinte tínhamos churrasco e não foi fácil. Até porque ele tinha-se aleijado e tinha o braço ao peito e na festa era só fotos dele a celebrar com a bandeira. No dia do churrasco ele a querer por o braço ao peito e ela a ir buscar as fotos da festa… “Só te dói o braço hoje” dizia ela… (risos)

    Bola na Rede: E como é que era a vossa comunicação no plantel?

    André Leão: Quando cheguei lá, o Cadú, Manuel José, Tony, Dani… Já falavam romeno, mais ou menos. Fomos ter aulas de romeno, duas ou três vezes de semana, e aprendemos muito facilmente. O romeno é uma língua latina e que aprendemos fácil. Depois comunicávamos facilmente. Os argentinos pior porque eles faltavam muito às aulas (risos).

    «Paços de Ferreira Foi o período mais bonito da minha carreira, principalmente nas primeiras cinco épocas»

    André Leão

    Bola na Rede: Depois surge o Paços de Ferreira…

    André Leão: O Paços de Ferreira surge após a minha lesão no joelho… Na Roménia queriam emprestar-me a um clube que estava em último lugar e eu não queria ir. Estava longe da família e ia ficar longe dos portugueses que estavam lá. Falei com o meu empresário e disse que queria voltar para Portugal. Sabia que o presidente do Paços gostava muito de mim e acabou por surgir assim. Fui para o Paços.

    Bola na Rede: Nessa experiência na Roménia, acabaste por alterar os teus objetivos, até pela questão da lesão e do afastamento ao futebol português?

    André Leão: Sim, o meu objetivo depois era voltar e ter alegria para jogar futebol. Escolhi o Paços, que era o grande rival do meu clube do coração. [Custou?] Não me custou tanto, era oportunidade para voltar à Primeira Liga. Sabia que o Paços era um clube familiar e sabia que me podia ajudar a crescer. Era ao lado de casa, a cinco minutos de casa. Tinha gente na família que não queria que fosse, mas os meus pais sempre me apoiaram. Nunca foi um problema para mim, mas claro que temos de lidar com bocas das bancadas. Se corre bem, é um mar de rosas. Se corre mal… Era um risco, mas foi um risco que correu bem, felizmente.

    Bola na Rede: Em Paços encontras estabilidade e é talvez o melhor momento da tua carreira. Concordas?

    André Leão: Sim, sem dúvida. Foi o período mais bonito da minha carreira, principalmente nas primeiras cinco épocas. Foi um ambiente familiar e toda a gente estava envolvida no clube. Boa gente e estão todos para ajudar o clube. Isso transparece para os jogadores. Financeiramente é um clube estável, pelo menos era, não sei como está agora. Quando um jogador só se tem de preocupar em jogar à bola, é muito bom.

    André Leão Danny Loader
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Bola na Rede: Acabas por estar também na melhor época de sempre do Paços Ferreira, em 2012/13 com Paulo Fonseca, em que acabam em terceiro lugar. Como é que avalias o sucesso dessa época?

    André Leão: A união de grupo, depois do treinador que tínhamos que era, e é, espetacular. Nós dentro de campo já dávamos tudo e dávamo-nos todos bem. Conhecíamo-nos há muito tempo. Era um grupo muito unido e a forma de jogar do mister Fonseca era muito diferente e nós jogávamos quase de olhos fechados. Quando faltava a força, dávamos um bocadinho mais pelo nosso… amigo. Era mais do que um colega.

    Bola na Rede: Falaste em ideias fora da caixa sobre o mister Paulo Fonseca. Em que sentido?

    André Leão: Na forma de jogar, na forma como cria. Na forma como treinava para a forma de jogar dele. Todo o treino era gerido em função da nossa forma de jogo. Era um bocadinho fora do que estávamos habituados. Eram treinos com muita bola e menos físicos. Dos anteriores, tirando Rui Vitória, era muito diferente dos outros.

    «A mim, proposta concreta do FC Porto, nunca me chegou»

    André Leão

    Bola na Rede: Há uns anos falaste também da tua transferência não concretizada para o Porto, quando o mister Paulo Fonseca foi para lá. De que forma é que isso te marcou, até porque na época seguinte, em Paços, as coisas foram diferentes…

    André Leão: Sim, bastante diferentes. Tínhamos jogadores como o Bebé que vinha no Manchester, houve mais investimento. Marcar? Não me marcou muito porque nunca me chegou uma proposta concreta. A mim, proposta concreta do FC Porto, nunca me chegou nada. Falou-se do interesse e sabia do gosto do mister Fonseca pelo que eu jogava, mas nunca houve mais nada. Não mexeu muito e eu estava focado no Paços Ferreira. A época seguinte foi muito abaixo do que aquilo que estávamos à espera.

    Bola na Rede: Esse último ano no Paços, estando em último ano de contrato, já sentias que era o final do teu ciclo?

    André Leão: Acabou por ser, já tinha aparecido o Valladolid, em Espanha. Senti que estava na hora de ir para fora novamente, já com outra maturidade. No fim da época custou-me um bocado. Ainda hoje tenho lá grandes amigos e é complicado sair de um clube de que se gosta tanto.

    Bola na Rede: Nessa altura acreditavas na Seleção A?

    André Leão: No último ano já não, mas na altura do ano do Paulo Fonseca, sim, tinha esperança. Mas sabia que era difícil. Eram três grandes e estrangeiro, não é como agora. Nem para o Braga. Houve uma pequena esperança, não aconteceu.

    Bola na Rede: E o que te fez trocar, depois, a Primeira Liga Portuguesa pela Segunda Liga Espanhola?

    André Leão: Bom (risos). Eu acertei com o Valladolid quando eles estavam quatro pontos acima da linha de água. Foi-me dada a oportunidade de não ir quando eles souberam que iam descer. Até porque os valores não iam ser o mesmo. Mas gostei muito da forma como o presidente deles lidou com as pessoas e como foi sincero comigo. Senti aquela ligação familiar, tal como foi com o Paços. Aceitei com a ideia de subir, mas não aconteceu. Mas adorei Espanha. A Segunda Liga Espanha é superior em termos de qualidade jogo, comparativamente com a Primeira Liga. As equipas jogavam para valorizar o futebol e procurar o futebol bonito, um bocadinho com inspiração no Barcelona da altura. É diferente, aqui pensa-se muito só no resultado. E vêem-se famílias e famílias inteiras a ver futebol, em Portugal não é bem assim por causa da segurança. Do avô ao neto, vai toda a gente ao futebol e passam ali a tarde

    Bola na Rede: Após esse período voltas ao Paços de Ferreira. Foram as memórias que fizeram com que voltasses ao clube?

    André Leão: Sim, foi isso. Na altura disse ao presidente que queria voltar. O meu empresário começou a ver clubes aqui, houve um interesse forte do Chaves, mas, não sei como, saiu uma notícia no jornal e na altura o presidente do Paços foi a minha casa e disse-me: “Não, tu vens para o Paços”. E isso pesou muito, claro. Era mais perto de minha casa. O meu pai estava um bocadinho contra porque não devemos voltar a uma casa onde fomos muito felizes. Tem tudo para correr mal e acabou por correr um bocadinho. Individualmente não tanto, coletivamente sim. mesmo o aspeto familiar do passado já não se sentia tanto [Paços de Ferreira desce em 2017/18]. Falei disso com o Ricardo [antigo defesa] e ele sentia o mesmo. Perdeu-se a proximidade dos jogadores com a estrutura e quando isso acontece… Depois a troca de treinadores prejudicou muito. Se o mister Vasco Seabra continuasse, tinha a confiança de que não descêssemos. Tivemos uma onda de lesões, jogámos muito tempo sem lateral-esquerdo e caímos. O plantel estava com o mister Vasco Seabra e não nos perguntaram nada. Fizeram e pronto. Quando há muitos treinadores numa época, acaba sempre por prejudicar.

    Bola na Rede: Apesar da descida, o que é que te fez ficar no clube? O mister Vítor Oliveira foi importante?

    André Leão: Em primeiro lugar, não sabia que o mister Vítor Oliveira vinha. Tive conversa com o presidente e a perguntar se queriam subir ou não. Falaram comigo para baixar muito o salário. E eu baixei metade do meu ordenado para ficar. Quando soube que era o Vítor Oliveira pensei: “eles querem mesmo subir”. E fez com que continuasse. E conseguimos com muito trabalho e até alguma facilidade.

    Bola na Rede: O que é que o mister Vítor Oliveira tinha de especial? O Rei das Subidas…

    André Leão: Só o estar lá já era fundamental. E depois era o facto de não existirem egos dentro do plantel. Ele era o maior, ele é que tinha as subidas e nós é que tínhamos de fazer. Ele acreditava e fazia com que os jogadores acreditassem também. Sabemos que isso mexe com os jogadores de forma positiva. Felizmente tive oportunidade de viver isso e ele era uma pessoa espetacular.

    Bola na Rede: Mas em termos individuais não fizeste tantos jogos como querias.

    André Leão: Sim, e tive uma lesão que me afastou durante três meses. Depois voltei e tive outra lesão. O Diaby também rendeu bem no meu lugar. A equipa rendia e eu só tive de esperar quando estava disponível. Ele falava comigo, metia-se muito comigo e sabia que eu tinha importância no clube. Nunca me deixou ir abaixo. Só houve uma situação, quando subimos de divisão, em que ele não convocou toda a gente e aí eu achei mal, mas pronto. Ele falou comigo sobre essa situação. Tinha as ideias dele, mas não tinha problema nenhum em debatê-las. Acabámos a época com uma relação de compreensão muito boa. Foi uma época não tão boa em termos de jogo, mas positiva em tudo o que se passou lá.

    «Na segunda experiência no Paços Falaram comigo para renovar e depois já era para rescindir»

    André Leão

    Bola na Rede: Na época seguinte, sais do Paços para o Trofense no Campeonato de Portugal…

    André Leão: Estive meio ano sem jogar… O mister Bock ajudou-me muito, ainda dos tempos do Freamunde, e estive com ele a treinar para ver se aparecia alguma coisa. Não saí do Paços por minha iniciativa. Não comecei a jogar, jogava o Diaby. O treinador falou comigo para ter calma e eu fiquei tranquilo. Até que fomos ter o primeiro jogo de campeonato. O diretor, Carlos Carneiro, falou comigo para renovar, mas baixando o ordenado outra vez para metade. Eu fiz uma contra-proposta, mas baixando sempre o ordenado. Não me respondeu e na sexta-feira antes de fechar o mercado [fechava segunda]. Chamaram-me a perguntar se eu tinha visto a proposta, eu disse que já tinha enviado uma contra-proposta eles disseram: “Aquela proposta não pode ser”. E eu assim: “Não pode ser como? Também tenho de ganhar alguma coisa”. E o Carlos Carneiro disse que queriam rescindir. E foi aí que percebi que eles já tinham decidido e que não queriam nada renovar comigo. E eu então disse que têm de pagar. E ele “Ah, não tens de baixar alguma coisa”. E eu pedi para pensar, não fiquei contente com essa conversa. Falaram comigo para renovar e depois já era para rescindir. Mandei uma proposta para rescindir e que não foi respondida na altura. Na segunda-feira fui para o treino normal e, a seguir ao pequeno almoço, chamaram-me outra vez ao escritório do Carlos Carneiro. Que não podia ser aquele valor, mas acabámos por chegar a um entendimento. Eu já não me estava a rever no clube em que eu tanto gostava, mas pronto. Fiquei um bocado triste, tal como os meus colegas. Mas não há nada a fazer.

    Bola na Rede: Chegaste a equacionar o final da carreira nessa altura?

    André Leão: Sim, um bocadinho. Não tinha jogado muito na época anterior e toda a gente teria dúvida se poderia ajudar e estar bem fisicamente. Foi um bocadinho difícil. A ida para o Trofense foi muito para voltar a jogar. O presidente na altura, o João Tomás, levou-me para o Trofense naquela altura.

    Bola na Rede: E como é que se dá esta mudança, de Primeira Liga para um Campeonato de Portugal, na altura.

    André Leão: Houve uma evolução muito grande, apareceram treinadores diferentes e na forma como pensam o futebol. Nesses patamares apareceram treinadores jovens e com qualidade. Agora há muito menos diferença de qualidade entre os patamares. Não era só aquele futebol físico, há muito mais liberdade ao jogador dentro do campo.

    Bola na Rede: Ainda desfrutas do futebol como anteriormente?

    André Leão: A paixão que eu tenho é muito grande. Pelo futebol, pelo balneário e tentar ajudar os mais jovens, tal como fizeram comigo. Tento fazer com que os mais novos sintam isso. Tive a passagem pelo Varzim ainda, mas foi complicada devido à estrutura… que era complicada. No primeiro ano ainda sobrevivemos, no segundo não. Mas porque a estrutura não era boa e não apoiava os jogadores. Pagavam em dia, mas não tinha nada. Estávamos um bocadinho abandonados. Nesse ano temos muito a agradecer à Patrícia, a fisioterapeuta, que tratava de tudo. No ano seguinte vou para o Salgueiros e foi uma época incrível. Era um clube com problemas estruturais, mas havia alma salgueirista. Tal como o Varzim, adeptos fortes. Nas boas fases é incrível, nas menos boas, é preciso muita força porque são exigentes.

    Bola na Rede: Estando já numa fase adiantada da carreira, pretendes continuar ligado ao futebol?

    André Leão: Por um lado quero e estou a trabalhar o treinador dos juniores do Freamunde, o Mauro. Estou a experienciar para ver se é uma coisa que quero seguir. Estou a gostar muito e é algo que quero seguir. Gostava de ligar ao futebol e numa área, talvez, ligada à observação. Porque não gosto assim tanto de aparecer e de comunicar (risos). Como treinador-principal não estou a ver, mas não digo que não mude. Por outro lado, não sei se durante um ou dois anos, não gostaria de explorar outras situações no futebol.

    PASSES CURTOS

    Bola na Rede: Sistema tático preferido?

    André Leão: 4-2-3-1

    Bola na Rede: Parceiros favorito de meio-campo?

    André Leão: Eu, Luiz Carlos e Vítor. E Óscar González e Álvaro Rubio, em Espanha.

    Bola na Rede: Maior feito?

    André Leão: Terceiro lugar e ida à Champions pelo Paços de Ferreira.

    Bola na Rede: E individualmente?

    André Leão: Primeiro golo pelo Paços de Ferreira na Liga dos Campeões, não há sensação melhor.

    Bola na Rede: Recordação mais impactante?

    André Leão: A minha estreia no Freamunde e o atingir a Champions com o Paços.

    Bola na Rede: Jogador mais talentoso com quem jogaste?

    André Leão: Óscar González. Ele era incrível. Ou Álvaro Rubio.

    Bola na Rede: Treinador mais marcante?

    André Leão: Paulo Fonseca, sem dúvida.

    Bola na Rede: Ídolo de infância?

    André Leão: Português era o Paulo Sousa e estrangeiro era o Steven Gerrard.

    Bola na Rede: Numa palavra, como é que descreves a tua carreira:

    André Leão: Bonita.

    Entrevista Realizada por Pedro Silva

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