Zico, Paraguai e Cachorros do Vietname
A força de Cacau foi, portanto, importantíssima para que se concretizasse a saída da Favela directamente para o Centro de Futebol Zico, onde deu os primeiros passos como profissional e teve como presidente o homem que dá a cara do projecto – «Zico foi o melhor presidente que eu tive, cumpria rigorosamente tudo aquilo que falava, como há poucos hoje em dia».
Seguiram-se aventuras curiosas no Paraguai (2003), país do qual guarda boa memória pela adesão do público nos jogos do Sport Colombia, clube que representou – «os estádios tinham sempre muita gente, entre 6 e 8 mil pessoas» – e no Vietname (2005).
Do país asiático traz-nos confidências curiosas – «eu tinha medo daquelas carnes de cão e assim, sabe? Então minha comida lá era peixe, frango e banana. Os meus amigos lá nem eram os brasileiros, até eram os vietnamitas. Eles me diziam “Ricardo, vem cá comer um cão”. Como cá era normal dizer-se “Vamos ali ao café comer uma nata?”, lá era normal dizer-se “Vamos ali comer um cão?”»
Algo que não amedrontou Ricardo Andrade. Afinal, um ser humano tem na capacidade de adaptação a sua maior qualidade, e o guardião não teve problemas nenhuns em adaptar-se a outro país e outra cultura. Só não ficou mais tempo lá porque «tinham uma política muito fechada quanto a trazer famílias, e eu já tinha um filho de um ano».