«Scouting é basear a paixão que temos pelo jogo com capacidade de avaliação e perceção» – Entrevista BnR com Sérgio Cecílio

«O Agger, eu posso dizer que ele só está ali [no Koge] porque quer, sabe que tem de aprender, sabe que está a começar, inclusive ele já podia estar noutros sítios»

Bola na Rede: Na época 2021/22, o Koge ficou em 7º lugar na 1ª fase da II Divisão dinamarquesa e depois em 1º na fase de despromoção, foi treinado por Daniel Agger (e ainda é), um antigo internacional dinamarquês que esteve nove épocas no Liverpool. Esta foi a sua primeira experiência como treinador; pedia-te que me dissesses como foi trabalhar com Agger?

Sérgio Cecílio: A relação é perfeita. Ele é uma pessoa espetacular. Nota-se que teve um nível muito alto, quando falas com ele, muito humilde, sempre a aprender, o que é bom, faz parte dessa humildade. Na parte psicológica eu já acho que ele é muito forte, por aquilo que aprendeu com muitos dos melhores, mas na parte tática, como disse, ainda está a aprender. Durante o ano tivemos algumas formações diferentes, até que encontrou uma que nos encaixa bem, mas ele está a melhorar e penso que vai ter um futuro muito bom como treinador, até pela postura, pelo perfil dele. Altamente respeitado, impões disciplina sem ser preciso gritar e o adjunto, Lars Jacobsen, também é muito importante, também jogou em Inglaterra muitos anos e jogou na seleção [dinamarquesa] 80 e tal jogos e eles complementam-se muito bem. O Agger, eu posso dizer que ele só está ali porque quer, sabe que tem de aprender, sabe que está a começar, inclusive ele já podia estar noutros sítios. Ainda bem que ele continua connosco, tem um contrato de três anos, queremos subir, não ainda este ano, queremos forcarmo-nos nisso na próxima época. Ficámos em 7º por dois golos, não sei se viste…

Bola na Rede: Sim, reparei que tinham ficado com os mesmos pontos que o 6º.

Sérgio Cecílio: Por dois golos. Eu sei que no final da época há sempre pessoas que se queixam da sorte, mas como te disse, tivemos 12 lesões ao mesmo tempo e não ficámos no top 6 por dois golos, acho que foi um bocadinho ingrato para nós e a segunda fase foi fácil para nós.

Bola na Rede: Já nos aproximamos do final, só queria falar um pouco da seleção masculina da Dinamarca, que está em excelente forma. Encontra-se no 10º lugar do ranking FIFA, à frente de Suíça, Croácia, México e até da Alemanha. Na fase de qualificação Europeia para o Mundial, foi a equipa que fez mais pontos (27) e no ano passado chegou às meias-finais do Euro 2020. Na tua opinião, a que se deve este crescimento e achas que o mesmo será sustentado e terá a devida continuidade ao longo dos próximos anos?

Sérgio Cecílio: Se continuarem a trabalhar penso que sim. Têm o Kasper Hjulmand que é um excelente treinador, esteve no Nordsjaelland vários anos. Têm bons jogadores, os que jogam na seleção estão num patamar muito alto. O jogador dinamarquês não é um jogador, e não digo isto com crítica, por exemplo, não vês um jogador dinamarquês aqui num Arouca porque eles têm boa vida na Dinamarca, eles para sair será sempre para algo melhor a nível financeiro, não estão para se chatear aqui no sul da Europa, se forem para um clube português e estão dois ou três meses sem receber, não estão para se chatear com isso, o que faz com que eles saiam só para patamares mais altos. Eu penso que o projeto que eles têm nos últimos anos e que irá continuar, eles vão crescer um pouco mais, apesar de ser um país que é metade do nosso, que já somos um país pequeno. Se formos ver o top 10 do ranking FIFA, Portugal e Dinamarca devem ser dos mais pequenos, também tens lá a Bélgica, devem ser dos três mais pequenos.

Bola na Rede: Sim, o top 10 é Brasil, Bélgica (como disseste), Argentina, França, Inglaterra, Espanha, Itália, Países Baixos, Portugal e Dinamarca.

Sérgio Cecílio: Então é isso mesmo, Países Baixos, Bélgica, Portugal e Dinamarca são os mais pequenos. Qualquer um destes quatro países tem feito um trabalho excelente para o tamanho e quantidade de jogadores que têm. A Dinamarca tem estado a crescer e o jogador dinamarquês tem muita capacidade técnica, ao contrário daquilo que se pensa, e falo dos jogadores normais, não só os da seleção. A capacidade técnica não é driblar toda a gente, falo a nível de passe, domínio de bola, falo desse tipo de técnica. Vês muito pouco um-para-um, vês muitos poucos dribles, vês é eficácia no passe, receções muito boas e gostam de jogar à bola, de ter a bola no pé. Já não é aquele pontapé para o ar e duelos aéreos, na minha liga ainda há equipas assim, na primeira liga não se vê isso. A minha equipa felizmente também não é assim. É um futebol que acaba por ser muito físico na mesma porque o tipo de arbitragem lá também proporciona a isso, os árbitros, desde que não estejas a agarrar um jogador eles não marcam falta, no duelo não há falta. É um futebol limpo, posso dar exemplos que no fim de jogos já chegámos a jantar com a equipa adversária e com os árbitros e até se discutiu lances no jogo, mas na boa, num ambiente calmo e pacífico.

Afonso Viana Santos
Afonso Viana Santoshttp://www.bolanarede.pt
Desde pequeno que o desporto faz parte da sua vida. Adora as táticas envolvidas no futebol europeu e americano e também é apaixonado por wrestling.

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