«O FC Shakhtar lutava para ser campeão em Portugal» – Entrevista a Luís Castro (Parte I)

– O Futebol de Formação –

«Jogar Champions é fantástico e não há nada melhor».

BnR: Luís, falando um pouco mais da sua carreira. Frequentou a faculdade de Física, em Coimbra. Como é que o futebol acaba por surgir na sua vida?

LC: Aparece porque tenho uma grande paixão pelo futebol desde muito novo. Comecei a jogar aos onze anos e acabei aos 35. Nunca parei, tirando aos doze anos, quando tive um percalço de saúde que me tirou dos jogos durante um ano. Mas foi sempre a andar até hoje. Eu só estudava porque os meus pais gostavam de que eu estudasse, porque eu nunca tive prazer nenhum em estudar, confesso. Mas a minha mãe era professora e o meu pai era militar e gostavam de que tirasse um curso, e eu estudava por obrigação. Saí da UD Leiria com 21 anos, onde era capitão, e o Dr. Pimenta Machado contratou-me para o Vitória SC, mas nunca joguei ao longo de dois anos. Mas aí larguei a faculdade de Coimbra e pedi a transferência para a de Braga; no entanto, não me deram autorização e eu acabei. Foi a melhor notícia que tive. “Mãe, tentei de tudo, mas não me deram.” (risos). Depois agarrei-me com tudo ao futebol. Não tinha as melhores capacidades como jogador e senti dificuldades como treinador. Vi tudo um bocado escuro e montanhas muito altas para serem escaladas. Sabe, era complicado estar num clube de Distrital, olhar e pensar como é que um dia poderia vir a jogar na Champions, que era mesmo o que eu queria. As coisas não ficam fáceis, mas agarrei-me ao trabalho.


A entrevista do BnR a Luís Castro foi comentada e divulgada no Bola na Rede TV

BnR: Falámos muito de futebol, mas ainda não sabemos como é o Luís Castro fora das quatro linhas…

LC: Adoro música, gosto de ler, gosto de fazer as minhas propostas de treino, gosto de elaborar os meus exercícios, gosto de trocar umas mensagens com uns amigos, gosto de ir a um restaurante, embora não possa comer muito por causa de problemas no estômago e tal (risos). Gosto de ir ao supermercado comprar as minhas coisas e não gosto de que o futebol me prive da minha vida normal. Não gosto de viver com estatutos; gosto de viver como eu sou, enquanto pessoa e enquanto ser-humano. Sou tranquilo, não gosto de agressividades e não gosto de me dar mal com ninguém. Se um de vocês me disser: “Epá, tu isto e aquilo” eu fico logo um bocado ao contrário porque eu não fiz nada de mal e estou no meu canto. Por mim, o mundo não acabava e eu ficava tranquilo.

PASSES CURTOS

BnR: Clube que mais gozo lhe deu treinar?

LC: Epá, não consigo dizer numa palavra. Jogar Champions é fantástico e não há nada melhor… Portanto, que clube é que acha?

BnR: FC Shakhtar.

LC: Vocês é que disseram, não fui eu (risos).

BnR: Melhor jogador que treinou?

LC: Treinei tantos de qualidade. O Fernando era uma coisa incrível… O Jackson Martínez, naquela altura, também era uma coisa incrível… O Quaresma era um fantasista tremendo. Hoje, aqui no Shakhtar, o Marlos, o Taison, o Júnior Moraes, o Stepanenko, o Matvienko… São jogadores fantásticos! O futebol está-me a proporcionar trabalhar com seres-humanos fantásticos que são também grandes profissionais.

BnR: Melhor momento da carreira?

LC: Primeiro jogo na Champions.

BnR: E o pior?

LC: Meia-final da Taça de Portugal, perdida na Luz, contra o SL Benfica. E eliminação contra a Atalanta BC na Champions.

BnR: Um ídolo no futebol ou alguém que o inspire?

LC: Senhor Graça e Orlando Rousseau, os meus treinadores de formação. Fantásticas pessoas e fantásticos seres-humanos. Ainda hoje me lembro deles.

BnR: Episódio mais caricato da carreira?

LC: Tivemos de desmontar um palco onde os GNR estiveram a atuar em Águeda para jogar uma eliminatória da Taça de Portugal frente à Oliveirense. O jogo começou atrasado dez minutos e o presidente disse que não íamos jogar. Mas nós, jogadores, dissemos que ajudávamos a desmontar o palco e que íamos a jogo. Jogámos e passámos a eliminatória!

BnR: Por fim, quem vai ganhar o campeonato em Portugal e na Ucrânia?

LC: Em Portugal, o SL Benfica tem sete pontos de avanço. Na Ucrânia nós temos catorze… Mas o futebol ensinou-me a respeitar muito o tempo; portanto, não vou responder.

2.ª PARTE DA ENTREVISTA DISPONÍVEL AQUI

Entrevista realizada por Mário Cagica Oliveira e André Conde

Foto de Capa: FC Shakhtar

Revisto por: Jorge Neves

Redação BnR
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