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Francisco Esteves | Como o Arouca se tornou numa amizade para a vida

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Francisco Esteves é um nome que, de repente, se tornou sinónimo do que há de bom no futebol português. O jovem de 24 anos, residente em Gaia, acompanhou o Arouca até aos Açores e, aquando da ida, dificilmente imaginaria o destaque que a sua atitude teria para quem gosta de futebol.

A nossa conversa surgiu poucas horas depois de Francisco Esteves ter chegado de uma viagem relâmpago à Ilha de São Miguel. Quando liguei, já no final da tarde de segunda-feira, Francisco “estava viral” nas redes sociais por ter sido o único adepto do Arouca a viajar para ver o jogo frente ao Santa Clara e por ter recebido o carinho dos “Lobos” de Arouca no final da partida.

Na véspera de Natal, e curiosamente na véspera do Arouca celebrar o 73.º aniversário, decidimos contar esta bonita história.

Uma relação especial com o clube da terra

Falando sobre como esta ligação especial se iniciou, Francisco revela como tudo começou: «Quando era novo não saia muito e não tinha muitos amigos. E sabia que todas as semanas havia algo para fazer e, já que estava sozinho, ia até ao Estádio e sentia-me parte da equipa. E isso ajudou-me a passar a infância e a crescer com o Arouca».

O jovem arouquense adiantou ainda que as viagens não começaram logo e que foi tudo de forma muito gradual: «Este amor surgiu aos poucos. O estádio [do Arouca] é perto da casa da minha avó e comecei a ver primeiro os jogos em casa. Depois vieram os jogos no Minho, Porto e Lisboa. Tive a oportunidade de ir aos Países Baixos [frente ao Heracles Almelo] que empatámos. À Grécia não consegui ir, era muito novo. Mas fui à Noruega há dois anos [Jogo frente ao Brann para a qualificação da Conference League].

Falando sobre os momentos que já viveu ao acompanhar o Arouca por mais de uma década, Francisco elogiou a direção do clube arouquense e, na sua opinião, foram os atuais dirigentes do clube que «puseram o Arouca no Mundo e agora puseram-me a mim no Mundo». No futuro, confessa que gostava de ajudar o Arouca, mas que nunca iria concorrer contra a direção do clube: «Sinto um orgulho enorme nesta direção e, enquanto eles lá estiverem, eu sei que o clube está bem».

Francisco Esteves Nacional Madeira
Fonte: Arquivo pessoal de Francisco Esteves

Ainda assim, e uma vez que está a tirar um curso de Gestão Hoteleira, Francisco confidencia trabalhar no clube seria «um sonho, mas que precisaria de provar que tinha capacidades para tal», enquanto brinca e frisa que «não quer tirar o trabalho a ninguém».

Do lado negativo das memórias, Francisco confessa que as descidas de divisão foram difíceis, mas garante que continuou a apoiar a equipa, chegando mesmo a ir ao campo do Canelas Gaia para assistir ao jogo do Arouca contra a equipa da sua cidade.

Ao desafio do BnR sobre os jogadores que mais gostou de ver com a camisola do Arouca, o jovem adepto sentiu o peso de escolher apenas três de vários que o marcaram ao longo desta caminhada e, de forma difícil, mencionando primeiro dois guarda-redes: de Arruabarrena e João Valido. Sobre o atual guardião arouquense, Francisco refere: «há algo que me faz rever nele. Eu via os treinos e os aquecimentos e há algo nele que sempre me encantou». Este top-3 de jogadores terminou com Tiago Esgaio. «Está há muitos anos no Arouca, desde que veio emprestado do Braga. Espero que os outros jogadores não levem a mal, mas o Tiago Esgaio é alguém que sente muito o clube».

Já na eleição do treinador que mais o marcou, Francisco escolheu, de forma assertiva, Vasco Seabra. «É sem dúvida o Vasco Seabra. Gosto muito do Vasco e de toda a sua equipa. São pessoas simpáticas que me perguntaram logo no Domingo se estava cansado, como tinha corrido a viagem ou o que tinha feito durante o dia. Isso faz toda a diferença».

A viagem que o colocou (e ao Arouca) em destaque

O final da história já é conhecido, mas este momento de fama surgiu depois de 24 horas quase sem dormir e após uma viagem de autocarro desde o Porto até ao aeroporto de Lisboa e uma viagem sem pregar olho para São Miguel. «Eu nem dormi. Descansei 30 minutos no autocarro mas no avião nem consegui dormir».

Contudo, para Francisco, ele não estava sozinho nas bancadas do Estádio de São Miguel: «Eu sei que havia muita gente que queria ir. Recebi mensagens de pessoas a dizer que eu era grande por ter feito o que fiz e sei que estava lá a representar muita gente que queria ter ido comigo e não tinha como ir. Felizmente, eu tenho possibilidade de ir, eu fui, e fui também por elas. Espero que essas pessoas se tenham sentido representadas por mim».

Porém, esta não foi a primeira vez que Francisco Esteves teve os merecidos aplausos e reconhecimento da estrutura arouquense. Na temporada passada, foi até a Faro acompanhar o clube do seu coração e, enquanto esperava quatro horas pela viagem de regresso de autocarro, decidiu esperar pela equipa à saída do estádio. Porém, Francisco saiu de lá como uma história para relembrar: «A direção veio ter comigo e agradeceu-me o ter ido até ao Algarve. Deram-me a camisola do Trezza, que tinha marcado o golo da vitória e perguntaram-me como é que ia para cima. Depois acabaram por dizer que ia de autocarro, mas que não ia sozinho, que ia no autocarro com eles».

A conversa acabou por se dirigir a outros estádios em Portugal que gostaria de conhecer, e a sua resposta surgiu de forma rápida e esclarecedora: «sem dúvida que é o estádio do Gil Vicente. Os adeptos gilistas são muito bons e fui pela primeira vez a um jogo em Barcelos há dois anos e achei o estádio espetacular. É um estádio ideal, feito à medida para o clube. A proporção é boa e serve todas as necessidades dos adeptos da casa ou de fora. Só falta terem mais parques de estacionamento».

Falando sobre outros estádios nacionais, Francisco falou sobre as estruturas para os adeptos visitantes e as redes de proteção, dizendo que não são «boas para os adeptos. Não percebo o porquê de existirem cá».

Erasmus e mais um clube “amarelo” para acompanhar

Em 2023, Francisco Esteves foi para Dresden estudar em Erasmus e tornou-se adepto do Dynamo local: «Não estava nada à espera. Não é um clube grande, é um clube que estava na altura na 3.ª Divisão e tinha um estádio de 30 mil lugares completamente cheio e com uma atmosfera incrível. Sentei-me perto dos ultras do Dresden na primeira vez que fui ao estádio [jogo contra o Regensburg] e foi espetacular. Depois acabei por ir mais três vezes e adorei. Eu sei que eles não sabem quem eu sou, mas quero que eles recebam esta menção porque são mesmo incríveis e são pessoas muito simpáticas».

Coincidência das coincidências, o Dynamo Dresden também equipa de amarelo. Francisco disse que isso não foi a razão para ficar a gostar do clube, mas que ajudou: «Eu andava pela cidade e comecei a ver muitas camisolas amarelas e decidi ir ver. Claro que ajudou o meu clube também jogar de amarelo, mas não foi só isso que me fez gostar do Dynamo».

Os problemas da Liga Portugal e o pouco respeito pelos adeptos

No final da conversa, Francisco abordou alguns dos problemas da nossa Liga e mencionou que a organização dos campeonatos deveria olhar com outros olhos para os adeptos que seguem os clubes jornada após jornada: «Há inúmeros adeptos de clubes como o Boavista ou do Moreirense que acompanham os clubes como eu. Que dão o seu tempo para acompanhar o clube e a Liga não reconhece o valor. Podem por os horários dos jogos à segunda à noite ou à sexta à noite, mas não lhes custa reconhecer isso», afirmou, dizendo ainda: «Podiam criar um prémio do adepto, como há tantos prémios ao longo da temporada. Custava-lhes dois minutos e, para nós, significaria muito e recompensava o nosso esforço».

Comparando com o que é feito noutros campeonatos, Francisco Esteves admite que «os horários dos jogos são melhores» e sente que as ligas de outros países têm «outro respeito pelos adeptos. Isto porque sei que deve haver pessoas do Gil Vicente, do Moreirense ou de outro clube que também dão a vida pelo clube. Era bom existir esta comunidade».

Francisco Esteves Alvalade
Fonte: Arquivo pessoal de Francisco Esteves

Por fim, Francisco mencionou que, nos jogos dos ‘grandes’ sente que existe uma separação entre os jogadores e parte das bancadas: «os jogadores só agradecem às centrais e a quem está perto do relvado. Não se lembram que, por vezes, há um pai de duas ou três crianças que trabalhou 10 ou 12 horas por dia para os levar ao único jogo da época possível e que arranjou bilhetes lá para o topo, longe do relvado. Esses adeptos que podem não estar lá sempre também tem valor, e por vezes isso passa ao lado. Esses adeptos merecem muito mais a atenção do que eu; merecem muito mais t-shirts de jogadores que eu. Merecem tanto ou mais do que aqueles adeptos da central que podem comprar bilhetes de época ou que podem estar lá mesmo à frente onde, por acaso, nem se vê assim tão bem o jogo».

Vítor Miguel Gonçalves
Vítor Miguel Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
Para Vítor, os domingos da sua infância eram passados no velhinho Alvalade, com jogos das camadas jovens de manhã, modalidades na nave e futebol sénior ao final da tarde.

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