«O Clube lá da Terra»: CA Pêro Pinheiro

“Elementos do FC Porto (…) queriam que o jogo fosse no Restelo, mas ele sempre bateu o pé e disse que o jogo ia ser aqui em Pêro Pinheiro”.

BnR: No panorama futebolístico nacional, muitos são aqueles que se recordam do jogo entre o CA Pêro Pinheiro e o FC Porto em Outubro de 2011 [0-8]. Sei que não estavam na direcção, mas lembram-se como foi vivida essa recepção aos então campeões nacionais?

MS: Vivi de longe, confesso.

RF: Eu vivi mais de perto, mas da bancada.

BnR: Actualmente, os clubes pequenos aproveitam estes jogos para fazer maior receita e realizam os jogos em estádios com maior capacidade. Contudo, o Pêro Pinheiro conseguiu fazer o jogo aqui, num jogo que até foi transmitido na televisão.

RF: O presidente da altura, o Sr. Domingos Janota, que até foi meu Presidente no GD Igreja Nova e que chegou a ser presidente dos dois clubes durante algum tempo, chegou a ter reuniões com elementos do FC Porto que queriam que o jogo fosse no Restelo, mas ele sempre bateu o pé e disse que o jogo ia ser aqui em Pêro Pinheiro. Fez as obras necessárias, alargou o sintético em 60 centímetros, construiu bancadas e até montou torres para a transmissão de TV e o FC Porto veio cá jogar. Um pouco até contra a vontade, na altura até se falou que não tinham dado a parte da receita que muitas vezes os grandes dão aos clubes mais pequenos. Mas foi graças ao Presidente de então que o jogo foi aqui; há que louvar a direcção do CAPP e um presidente pelo qual tinha muita estima. Curiosamente, o neto está cá a jogar agora.

MS: E já passou por cá o filho…

RF: Exactamente, são pessoas com ligações muito fortes aqui a Pêro Pinheiro. E o Sr. Domingos era muito teimoso nesse aspecto, mas obrigou o FC Porto a vir cá jogar, num campo sintético, que eles não queriam.

BnR: E era uma equipa que tinha acabado de vencer a Liga Europa, com Alex Sandro, Mangala ou Defour a jogar num sintético.

RF: E o Belluschi. O Belluschi fez uma “cueca” ao Aguiar que ainda hoje metemos o vídeo a gozar com ele [risos].

BnR: Acredita que se o jogo fosse feito noutro local se perderia a magia da Taça?

MS: Sim, seria completamente diferente.

RF: Eu percebo o lado do FC Porto, não querer ter jogadores a jogar neste tipo de piso e condições. Mas a teimosia do presidente levou avante.

MS: Ele era teimoso era, mas espectacular.

BnR: Com este modelo da Taça de Portugal, com os grandes a jogar em casa dos pequenos na primeira ronda em que participam, e sendo o actual presidente do clube, também queria jogar aqui? Se, por exemplo, para o ano, o Pêro Pinheiro for sorteado com o SL Benfica, irá tentar realizar o jogo aqui?

MS: Sim, seria igual. Uma equipa da Primeira Liga, seja um grande ou não, dará sempre uma projecção enorme ao clube. Mesmo que esse jogo venha a implicar obras, decidia fazer o jogo aqui. É diferente, sabe? Eu preferia jogar aqui, em nossa casa.

RF: É verdade, sim. Não sei se a legislação permite; pode ter mudado em dez anos, desde que o FC Porto veio cá. Mas, se calhasse uma equipa dessas, íamos tentar tudo por tudo para fazer o jogo aqui. Lembro-me até de o Sporting ir jogar ao 1.º Dezembro, também.

Placa que assinala o jogo entre o CA Pêro Pinheiro e o então campeão e vencedor da Liga Europa, FC Porto
Fonte: Bola na Rede
BnR: Num jogo com lesões graves…

RF: Isso mesmo, do central Hugo. E o Braga também já lá foi. Mas lá está, este ano o Sporting foi a Alverca jogar com o GS Loures, porque o campo deles é sintético.

MS: Se não desse, talvez fossemos pedir o estádio de Mafra, mas preferíamos jogar no nosso Concelho.

RF: Temos o Real SC, que jogou o ano passado na Segunda Liga. Mas bom era ser aqui, em Pêro Pinheiro.

“É preciso muito cuidado porque podem “matar-se” clubes à conta da ganância e do dinheiro”.

BnR: Já que falámos aqui do Concelho de Sintra, existe alguma rivalidade com os vizinhos?

MS: Não há rivalidades. Temos tido um bom relacionamento com todos, com o SRD Negrais, que é aqui ao lado, e com o CF Montelavarenses, com quem fazemos jogos-treino regularmente. Com o SU Sintrense, e falando a nível pessoal, não tenho ligação ao clube porque não os conheço, mas acredito que, sendo “saloios” como nós, serão gente boa. Com quem tenho tido maior ligação é o 1.º Dezembro. Temos até um jogador colombiano emprestado pelo clube aqui, o Yordan [Restrepo].

RF: O 1.º Dezembro, no CNS, tem limitação de estrangeiros na ficha de jogo e mostraram-se disponíveis para ceder o jogador. Em boa hora o fomos buscar, que tem sido um jogador muito importante para nós.

MS: Tanto como jogador, como pessoa.

RF: Exactamente.

BnR: O 1.º Dezembro que, inclusivamente, tem um novo projecto para o clube, tendo constituído uma Sociedade Anónima Desportiva. É um modelo que pode ser replicado aqui no clube?

MS: É algo que vemos com um bom modelo. Tenho falado imensas vezes com o presidente do clube e, penso eu, estão a trilhar um bom caminho. É um modelo a seguir, penso que sim.

BnR: Vimos, em épocas recentes, clubes como o Odivelas FC ou o próprio Atlético CP a passarem períodos difíceis devido a problemas com as SAD. Isso traz-lhe algum receio?

MS: Eu não tenho qualquer experiência nesse assunto. Tenho vindo a observar o projecto do 1.º Dezembro e, quando digo que eles estão no bom caminho, é porque há questões que tenho acompanhado e que conheço, que me foram relatadas pela direcção. Sobre as SAD, tenho andado a estudar o assunto há uns meses e não tenho opinião ainda formada.

RF: Eu acho que tem sempre que haver uma ligação forte entre o clube e a SAD. Se não existir, pode ser prejudicial e descaracteriza-se o clube. Temos imensos casos, como o Belenenses, que os interesses da SAD e clube são diferentes e isso pode criar problemas graves. Tem que se ver sempre muito bem quem são os empresários e o que querem para o clube. É preciso muito cuidado porque podem “matar-se” clubes à conta da ganância e do dinheiro.

BnR: Saíndo agora um pouco do tema do Futebol, o CAPP apenas tem como modalidade oficial o Futebol. Há vontade para expandir para outras modalidades?

MS: O Pêro Pinheiro começou como um clube de Ciclismo, até. Mas, actualmente, é difícil termos uma equipa de ciclismo; são necessários muitos apoios e muito dinheiro. Em termos de Futsal, confesso que é um projecto que gostaríamos de ter, mas precisamos de um pavilhão e isso não temos. Isto gira muito à volta do mesmo: dinheiro. Temos tido algumas ajudas da Câmara de Sintra, assim como da Junta de Freguesia e as pessoas têm sido incansáveis connosco. Ainda assim, é complicado porque tem que ser tudo a dividir por muitas colectividades, mas quando podem, apoiam, e temos recebido algumas ajudas, quando é possível.

 

Foto de Capa: Bola na Rede

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