«O Clube lá da Terra»: SC Vila Real

    cab reportagem bola na rede

    A um ano de completar um século de existência, deslocamo-nos a Vila Real para procurar saber mais sobre o passado, presente e futuro, deste que já é um histórico português. À “boleia” de Francisco Carvalho, fizemos uma autêntica viagem pela história do SC Vila Real, que esta época está a atravessar uma das melhores campanhas dos últimos anos (1ºlugar na Divisão de Honra da AF Vila Real sem derrotas). Vem connosco e descobre tudo sobre as dívidas do passado, a aposta no futebol feminino, o melhor jogador a passar no clube que jogou pelo SL Benfica e o porquê de o jogo para a Taça de Portugal contra o FC Porto ter dado prejuízo. Tudo isso e muito mais, nesta edição de “O Clube lá da Terra”.

    Complexo Desportivo Monte da Forca, casa do SC Vila Real
    Fonte: Luís Barros/Bola na Rede

    “Saíram daqui jogadores como o Taofiq, o Hackman e o Bukia, em que o Vila Real recebeu zero.”

    Bola Na Rede (BnR): O palco de jogos atual do SC Vila Real é o Complexo Desportivo Monte da Forca, mas nem sempre foi assim, pois não?

    Francisco Carvalho (FC): Não, primeiro jogávamos no Campo do Calvário. Este estádio já tem cerca de 30 anos e passaram para cá os seniores. Lá em cima (no Calvário), ficou apenas a formação.

    BnR: Ao longo destes 99 anos de existência, quais considera ser os anos dourados do clube?

    FC: Eu sou sócio só há cinco anos, de 2014 para cá. Antes disso, não estou muito a par. Sei que o clube esteve na III Divisão há uns anos atrás, foi quando foi formada e o Vila Real chegou a estar perto da segunda, a partir daí foi sempre a descer. Talvez devido à má gestão das direções que lá passaram. Este ano já está um bocado diferente, não por eu cá estar, mas a verdade é que o Vila Real não precisava só de dinheiro. Há 15 anos para cá, não é a questão do dinheiro que faz falta, falta é a organização.

    O SC Vila Real está a um ano de se tornar centenário
    Fonte: Luís Barros/Bola na Rede

    BnR: Fala então, em má gestão do clube?

    FC: Má gestão e má organização, porque em 25 de maio de 2018, eu ganhei as eleições e não fui eu, Francisco Carvalho, que ganhei, nem foi Rui Florindo, nem João Álvaro que perderam. Foi o Vila Real e os sócios que ganharam estas eleições. Em 2014, a dívida do clube era de 99 mil euros e antes das eleições, apresentaram-nos uma dívida em assembleia geral de 299 mil euros, mas na realidade a dívida era 475 mil euros. Portanto, em quatro anos empenharam o clube em cerca de 370 mil. Havia aqui má gestão e nos oito meses que esta direção está em função, posso lhe dizer que já abatemos à divida cerca de 156 mil euros.

    BnR: Como é que explica então essa falta de organização e gestão no passado?

    FC: Eu acho que as pessoas que vinham para aqui não vinham servir o clube, vinham sim, servir-se do clube.

    BnR: Voltando aos anos dourados, a nível de títulos, o SC Vila Real conta com alguns no seu palmarés?

    FC: Tem muitos títulos, talvez de campeão não tenha assim tantos. Parte deles, foram assenhorados por outros, mas tem vários títulos felizmente.

    BnR: Recorda-se de momentos de maior crise passados pelo clube?

    FC: Mais nestes últimos quatro anos. Por exemplo, em 2014, os jogadores eram quase todos de Vila Real e tudo português. Em 2015/16, entrou para aqui um senhor a dirigir o clube, não era o presidente, mas sim o vice-presidente, que nem sabia o que era uma bola e o Vila Real passou a ter só estrangeiros. E gasta-se muito mais em contratos profissionais, ele (o vice-presidente) tinha contrato com uma empresa, onde lapidaram o clube completamente e foram dívidas atrás de dívidas. 

    BnR: Estavam envolvidos agentes?

    FC: Era um agente que assinava contratos danosos. Saíram daqui jogadores como o Taofiq, o Hackman e o Bukia, em que o Vila Real recebeu zero.

    Na época passada, Taofiq Jibril era uma das figuras do clube com 25 golos em 32 jogos e, segundo Francisco Carvalho, o Vila Real não recebeu nada pela sua saída para o Portimonense 
    Fonte: Portimonense SC

    BnR: Certamente que passaram pelo clube, dirigentes e equipa técnica que deixaram a sua marca no clube. Quais são os primeiros nomes que lhe vêm à cabeça?

    FC: O primeiro nome que me recordo e que tenho melhor lembrança, foi o presidente Rui Paulino, que fez aqui um bom trabalho e andava pela III divisão com o clube.

    BnR: E em relação a jogadores marcantes do clube?

    FC: Passou pelo Vila Real, o Armando Sá, defesa direito que jogou no Benfica que depois disso até foi jogar para a Espanha, esse foi talvez o melhor que cá passou. Também jogou cá o Paulo Alves (ex-internacional português), que nasceu em Vila Real. O Simão Sabrosa e o Tiago Rodrigues, também são de cá, mas só jogaram na Diogo Cão (escola em Vila Real).

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    Nélson Mota
    Nélson Motahttp://www.bolanarede.pt
    O Nélson é estudante de Ciências da Comunicação. Jogou futebol de formação e chegou até a ter uma breve passagem pelos quadros do Futebol Clube do Porto. Foi através das longas palestras do seu pai sobre como posicionar-se dentro de campo que se interessou pela parte técnica e tática do desporto rei. Numa fase da sua vida, sonhou ser treinador de futebol e, apesar de ainda ter esse bichinho presente, a verdade é que não arriscou e preferiu focar-se no seu curso. Partilhando o gosto pelo futebol com o da escrita, tem agora a oportunidade de conciliar ambas as paixões e tentar alcançar o seu sonho de trabalhar profissionalmente como Jornalista Desportivo.