O Centro Cultural de Belém (CCB) vestiu o fato de gala para receber o mais importante evento da Federação Portuguesa de Futebol: as Quinas de Ouro 2024. O traje desportivo de jogadores, jogadoras e dirigentes do futebol, futsal e futebol de praia português deu lugar às vestes clássicas, num evento que também já o é.
Estivesse presente o saudoso Vasco Santana e diria que galardões há muitos. E homenagens também. Não surpreende: o objetivo era mesmo esse. E, sejamos honestos, não fosse esse o desiderato e pouca gente tiraria uma segunda-feira à noite para se deslocar às imediações do Padrão dos Descobrimentos sem a garantia de pastéis de Belém à discrição.
Valeu a pena fazê-lo. Por mais que não seja pelo momento em que Jorge Jesus juntou comédia, futebol e história de Portugal (quem nunca?), ao receber um dos galardões.
Valeu também a pena porque… Bem, porque tudo vale a pena se a alma não é pequena. E não deve haver alma maior do que a portuguesa, aquela alma coletiva e imortal que levou o nome de Portugal mundo fora, por mar, primeiro, e por relva, por quadra e por areia, depois.
E foi também esse Portugal do mundo que foi celebrado na reunião anual da Federação Portuguesa de Futebol. O Portugal de Cristiano Ronaldo, de Jorge Jesus e de todos os lusitanos que representam o país lá fora.
Os portugueses que, voltando a Pessoa, mais em concreto a Caeiro, comprovam que no que respeita a chutar um esférico somos mesmo do que tamanho do que vemos e não do tamanho da altura do nosso país.
“Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer”. Ou até maior. E assim é, em parte, por mérito de muitos dos que foram celebrados e premiados nas Quinas de Ouro. E também por aqueles que não o foram, mas foram lembrados (e os que não foram, como Manuel Fernandes, que partiu este ano).
Os cameos de Rosa Mota e Carlos Lopes, a premiação de Rui Oliveira, Iúri Leitão, Miguel Monteiro e Cristina Gonçalves, campeões olímpicos e paralímpicos, e a recordação de José Manuel Constantino foram ouro sobre azul. Ou azul sobre o ouro das Quinas, que também eles representaram e elevaram, ainda que sem uma bola nos pés.
Foi uma festa bonita, mas, acima de tudo, importante. Para lembrar o passado. Para celebrar o presente. Para preparar o futuro. Só assim será possível continuar a ourar as quinas lusitanas.
É preciso não esquecer que Portugal é e sempre será um sonho de contínua e infinita materialização. Por isso, por mais que se conquiste, faltará sempre cumprir-se Portugal.