Um dia na Clássica de Santo Thyrso

    Chego a Santo Tirso e rapidamente dou de caras com a meta, já que conheço bem a avenida onde se encontra o edifício da Câmara Municipal. Perguntei onde ficava a sala dos Media. Foi uma série de telefonemas um típico caso de passe a palavra até ter uma resposta definitiva. Acabaram por me indicar o edifício da Junta de Freguesia.

    Quando me encaminhava para o dito edifício, percebi que se aproximava o momento da primeira passagem dos ciclistas pela meta, um momento que era importante apanhar, com vista a compreender a composição da fuga e que equipa puxava no pelotão (ainda mais com a falta de um link para o Rádio Volta que nunca chegou a ser disponibilizado). Devido a esta falta de atenção, subi a rua à pressa e fui capaz de acompanhar a primeira passagem, ainda que do lado dos espetadores. Foi giro estar na área dos Media e do público no mesmo dia, apesar de ser uma coisa bastante natural.

    A primeira coisa que me saltou à vista no pelotão foi a presença de homens da Efapel no pelotão e tentei perceber que formações estavam bem colocadas (com mais intenções de lutar pela vitória, em princípio), bem como as equipas sub-23 que mantinham representantes no grupo. Na 1ª passagem, o dano era mais visível em formações como a Fortunna-Maia e o Centro de Ciclismo de Loulé (que fazia a sua estreia numa corrida não exclusiva aos escalões de formação).

    As pessoas iam e voltavam, com uma boa parte do público a ser constituída por pessoas que pareciam estar a dar uma volta pela cidade e que se haviam deparado com a corrida. Na zona das pessoas creditadas, estavam sobretudo elementos da organização, fotógrafos e alguns jornalistas, nomeadamente de uma publicação local.

    Foi a minha primeira experiência a cobrir uma corrida de ciclismo, pelo que quando Tomás Contte cruzou a linha de meta, confirmando a vitória na 1ª edição da Clássica de Santo Tirso, não tinha bem a certeza para onde me deveria dirigir, ou melhor, em que lugar devia aguardar para entrevistar os protagonistas do dia, não só o vencedor, mas os ciclistas que acabaram com os restantes prémios.

    A chuva decidiu carregar a partir desse momento, pelo que tive de me abrigar debaixo de uma pequena tenda, em conjunto com uma mão cheia de elementos dos Media e uns cinco ou seis da organização, mais duas ou três crianças que estavam lá, por algum motivo.

    Decidi que o melhor era aguardar pela cerimónia protocolar, visto que isso é o que ocorre nas provas internacionais. O pódio foi uma cerimónia muito bonita com mais do que uma homenagem a José Pacheco, nomeadamente por parte do filho do próprio ex-ciclista, que perdeu a vida em 2005, tendo conquistado a Volta a Portugal em 1962.

    Estava com dúvidas em relação à presença de todos os vencedores do dia na fotografia geral do pódio, algo que acontece nas demais provas portuguesas. Foi por isso que não consegui falar com Rodrigo Caixas, vencedor da classificação da montanha, cuja equipa (Marcosbom- LA Alumínios) está a ter um bom início de época. Tive de passar pelas traseiras do pódio para apanhar a melhor equipa sub-23, a Fonte Nova – Felgueiras e assim, falar com Válter Sousa, Diretor Desportivo da equipa.

    Que balanço é que faz da prestação da equipa nesta prova?

    Válter Sousa (VS): Acho que foi boa, nós ganhámos por equipas de clube e chegámos com o Francisco (Campos) no grupo principal. O nosso objetivo é pontuar para angariarmos pontos para a Volta ao Alentejo e para as próximas provas mais importantes. Estamos na frente do ranking e é esse o nosso objetivo. É fazer uma chegada, entrar ali o mais à frente possível ou ganhar a corrida com o Francisco e depois com os sub-23, pontuar o máximo para irmos à Volta ao Alentejo, à Clássica da Arrábida e a outras corridas importantes

    Tendo em conta que até já têm uma vitória este ano e com o Francisco têm andado bem, efetivamente, até com um pódio na Prova de Abertura, pode-se dizer que estão a ter um bom início de época?

    VS: É ótimo, nós preparámos bem a temporada, fizemos alguns estágios, a equipa está a trabalhar bem. Os elites e os sub-23 estão a entender-se bem. Acho que definimos bem o que queremos e aproveitamos quem está a andar bem para entrar máximo à frente. Os outros têm que trabalhar, ajudar a equipa, acho que está a correr bem.

    Depois, ainda consegui umas palavras rápidas de Fábio Oliveira, vencedor da classificação das metas volantes.

    Que balanço é que faz da prova?

    Fábio Oliveira (FO):Foi uma prova com bastante nível. Tinha um circuito bastante bom, é uma prova dura e no final até correu bem, ganhei as metas volantes.

    E considerou que nalgum momento era possível a fuga chegar até ao fim, tendo em conta que chegaram a ter uma vantagem superior a 3 minutos?

    FO: Sim, nós também tínhamos uma boa vantagem, mas também tinha a Efapel atrás a perseguir, mas pensámos que sim, tudo era possível, mas deu para as metas volantes, já não foi mau.

    E considera que está a ter um bom início de temporada, então?

    FO: Sim está a ser um bom início de temporada, tanto para a ABTF, como pessoal.

    Fechei com chave de ouro ao encontrar de novo, Tomás Contte depois do pódio, o que me permitiu obter declarações do vencedor da corrida, para encerrar as minhas entrevistas naquela que foi a minha primeira reportagem ao serviço do Bola na Rede.

    Qual considera que foi o momento essencial para a vitória?
    Tomás Contte (TC): O momento essencial foram todas as passagens tanto pela meta como pela contagem de montanha, porque estava a desgastar o corpo e como sabíamos que era uma clássica que ia ser muito dura porque a passagem por aquela montanha ia começar a desgastar. Mesmo também aqui na chegada que também era uma chegada dura… não era uma chegada assim tão dura, mas passar quatro, cinco vezes pela meta, acaba por se fazer sentir.

    E houve alguma ansiedade no pelotão nalgum momento por causa da fuga que estava a ganhar alguma vantagem?

    TC: Sim, a fuga tinha alguma vantagem e o pelotão começou a fazer um trabalho forte e por isso mesmo foi durinha porque fomos sempre a um ritmo elevado e também a tensão da chuva e isso soma tudo.

    Tendo em conta que o Louletano não teve uma época tão boa no ano passado, abrir desta forma já dá um bom presságio, certamente.

    TC: Sim, o ano passado não foi uma época muito boa para a equipa, apanhámos muitas doenças e é a vida. E pronto começar a época assim é diferente porque no ano passado era a última prova do ano e ainda não tínhamos ganho. E era um ano em que tínhamos planeado muita coisa e não conseguimos fazer nada por causa da saúde. E este ano pudemos começar bem, pelo que esperamos o melhor para todo o ano.

    Foi uma experiência muito boa, que me permitiu perceber em primeira mão, como funcionam os bastidores de uma corrida de ciclismo em Portugal, e ao mesmo tempo, ganhar ainda mais experiência no contexto de saídas em reportagem. A Clássica de Santo Tirso foi uma corrida bem organizada, tendo em conta o nível UCI da prova (1.12). Com algumas falhas a nível de logística, mas nenhuma falha fundamental e ao nível de segurança tudo correu bem.
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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.