Depois de Portugal, um dérbi com muita história
Pela terceira vez, Inglaterra e França encontram-se num Mundial, num clássico do Canal da Mancha que promete um espetáculo entusiasmante, entre dois dos planteis mais bem apetrechados presentes no Catar. Esta é uma daquelas eliminatórias em que podemos falar em equilíbrio máximo, de 50-50. Tanto Gareth Southgate como Didier Deschamps abdicaram das ideias recentes (defesa a três) e têm apostado numa linha defensiva com quatro unidades e um meio-campo preenchido com três elementos, soltando dois jogadores mais por fora e uma referência de ataque bem definida – Harry Kane, no caso inglês, Olivier Giroud, do lado francês.
A fase de grupos de ambas as seleções possuiu momentos exuberantes (sobretudo a nível ofensivo) e as vitórias nos oitavos de final também acabaram por trazer ao de cima o potencial tremendo em termos atacantes destes dois conjuntos. Os ingleses estavam a sentir problemas para ultrapassar a organização defensiva senegalesa até que os apoios de Harry Kane surgiram, libertando a magia de Foden a partir da esquerda e também os movimentos de rutura dos médios Jude Bellingham (um dos melhores jogadores deste Mundial) e Jordan Henderson.
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Ao intervalo, a vantagem de dois golos já dava conforto suficiente à equipa dos Três Leões, que viu Bukayo Saka marcar mais um golo no Catar (após nova assistência de Foden), carimbando assim um apuramento tranquilo para esta ronda. Já a França também não teve uma primeira parte acessível perante a melhor Polónia deste Mundial, mas num ataque paciente e organizado em cima do intervalo, desbloqueou a partida: o central Upamecano apareceu bem subido, solicitou o movimento interior de Mbappé e este desmarcou Giroud para o golo que colocou o veterano no topo da lista dos melhores marcadores da história da seleção gaulesa. Griezmann voltou a ter um papel relevante como terceiro médio (construtivo e incisivo a abrir jogo, mas a mostrar também rigor nos posicionamentos defensivos) e coordenou-se devidamente com Tchouaméni e Rabiot.
O trio ofensivo fez o resto do trabalho, com evidência particular para Mbappé – bisou, com dois excelentes remates, confirmando-se como um dos melhores jogadores do torneio (cinco golos e duas assistências). O duelo do estádio Al Bayt prevê-se equilibrado. A jovem geração inglesa quer finalmente uma conquista ao mais alto nível (depois das “meias” no último Mundial e da final do Euro, perdida para a Itália) e até se fala que Southgate tem uma marcação especial para travar Mbappé, de forma a aproximar a equipa da vitória. E qual é a base da inspiração? Steve Holland, treinador-adjunto da seleção inglesa, foi assistente de Roberto di Matteo no Chelsea que venceu a Champions em 2012, eliminando o campeão europeu em título Barcelona.
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Para que tal acontecesse, anular Messi foi fundamental, fazendo com que o astro argentino não conseguisse ser diferencial nas arrancadas em diagonal. Será que o plano irá funcionar com Kylian? Não conseguimos prever, mas o alerta está dado para os ingleses: não é só o «10» que cria perigo na turma de Deschamps.
Artigo de opinião de Francisco Pinho Sousa,
analista e comentador ELEVEN