Tem apenas 19 anos e foi o primeiro português a participar no Moto GP. Miguel Oliveira vai para o terceiro ano em MOTO3 e ambiciona ser campeão do Mundo nessa categoria, para um dia alcançar voos mais altos. Em entrevista ao Bola na Rede, o piloto faz um balanço da sua ainda jovem carreira e comenta o estado do desporto em Portugal.
Bola na Rede: Como nasceu a paixão pelo motociclismo?
Miguel Oliveira: Do meu pai. Desde cedo que tive contacto com as motas: o meu pai meteu-me em cima de uma e a partir daí fui começando a tomar o gosto.
BnR: Como é que chegou a este ponto na sua carreira?
M.O: O percurso foi sempre ascendente; fui passando de categoria em categoria para motas cada vez mais rápidas e em 2011 consegui fazer o campeonato do mundo a tempo inteiro, sendo o primeiro português a conseguir esse feito, e agora estou no meu terceiro ano de campeonato do mundo a tempo inteiro.
BnR: Que objectivos tem traçados para este terceiro ano?
M.O: Lutar pelos três primeiros lugares e, se possível, tentar ser campeão do Mundo.
BnR: Vai participar no campeonato do mundo com uma nova mota. Qual é a diferença entre a nova mota e a antiga? É uma mota capaz de competir com a KTM?
M.O: A nova mota é mais potente e isso vai ajudar nas corridas. Este ano, nos testes de pré-temporada e na primeira corrida, fomos bastante competitivos, e acho que estamos em condições de lutar de igual para igual com a KTM.
BnR: Para quando o salto para a MOTO2?
M.O: Vai depender muito do que eu conseguir fazer este ano. A MOTO2 é uma categoria em que os motores são todos iguais, o que faz a diferença é a equipa técnica e o piloto. Se encontrar uma boa oportunidade e se os resultados deste ano justificarem essa transição, é uma realidade possível.
BnR: É fácil para os pilotos portugueses chegarem ao mundo do motociclismo, principalmente ao MOTOGP?
M.O: Não. Em toda a história do motociclismo, fui o primeiro português a chegar ao campeonato do Mundo de MOTOGP. A iniciação do Desporto em Portugal está um pouco em declínio e penso que se poderia ter feito algo. Na altura em que a federação teve campeonatos de iniciação muitos pilotos aderiram, eu fui um dos que conseguiram vingar. Acho que deveriam repetir iniciativas iguais a essa.
BnR: Acha que factores como o facto de não existirem verbas ou de não existir uma forte aposta nos pilotos portugueses também são determinantes?
M.O: O problema é que as empresas não veem o MOTOGP como uma plataforma de comunicação. É um evento que chega a muitas pessoas, mas as empresas não o veem como um mercado onde podem expor o seu produto e ganhar bastante publicidade. Há muitas empresas internacionais que fazem isso e não têm prejuízo.
BnR: Quais são os seus maiores ídolos e referências?
M.O: Nunca tive grandes ídolos ou referências. Quando era mais jovem via cassetes de pilotos a andarem de mota e tentava imitá-los, mas nunca tive nenhuma referência. Só o Valentino Rossi, por ser nove vezes campeão e por ter o carisma que tem.
BnR: Qual é o seu sonho enquanto piloto?
M.O: O meu maior sonho é poder pilotar uma mota a mais de 300 km/h e ser um dia campeão do Mundo.